segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cinthya Rachel



Cinthya Rachel interpretou a personagem Biba no seriado infantil ‘Castelo Rá-Tim-Bum’ e participou de filmes dirigidos por Jeferson De.

Você já atuou em curtas com ‘Distraída Para a Morte’. Como foi a experiência?
MARAVILHOSO! Amei, adorei, queria fazer todo dia. Se ver pela primeira vez em película é mágico. Depois também fiz uma participação num curta para o espetáculo do Lulo, direção do Rodrigo Pitta.

Há diferença na preparação do ator para atuar num curta-metragem comparando-se na preparação quando você vai atuar no teatro, longa-metragem...
Olha, a preparação para esse filme foi intensa, fizemos um trabalho pesado e puxado com o Eduardinho Silva na parte de criação do personagem, e também tivemos preparação corporal. Como num curta geralmente a verba é curta (rs) ensaiamos muuuuuito e a filmagem foi de primeira. Em todos os meios rola a preparação, cada trabalho é diferente do outro, depende do tempo, do diretor, da verba, etc, etc...

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Boa pergunta. Tanta coisa boa rola por aí que a gente nem fica sabendo. Essa falta de espaço não é privilégio dos curtas. Se não atrai mídia não atrai público, se não tem público não se divulga, se não se divulga ninguém assiste...

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Já existem alguns festivais, algumas apresentações, a questão é que se atrai um público ainda muito específico e seleto, assim como no teatro. A divulgação é necessária. A TV, como meio de comunicação de massa, poderia ter grande influencia sobre o crescimento e divulgação do segmento. 

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim! Imagina que sonho? Também gosto desse trabalho por trás das câmeras. No momento, por exemplo, faço coach de ator mirim e dou aulas particulares de interpretação para crianças. Idéias borbulham por aqui. (risos)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

David Cardoso



David trabalhou como continuista e diretor de produção na Pam Filmes, empresa criada por Mazzaropi, um dos mais importantes atores cômicos do Brasil.  Ao longo da sua trajetória no cinema, fez mais de quarenta filmes, sendo considerado um dos, ou o maior, nome da pornochanchada.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Certamente tem sua importância, embora os exibidores, principalmente, nunca tenham dado a devida importância a isso. A impressão que se tem é que eles acham que, por ser um curta, não é cinema. Digo isso porque, ao longo de minha carreira dificilmente um exibidor ou distribuidor pediu para que eu fizesse tal trabalho.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por várias razões. Uma delas é que, dificilmente, num curta, você vai encontrar um ator conhecido nacionalmente. Por outro lado, falando dos exibidores, eles acham que isto pode cortar o horário das sessões porque, aumentando pelo menos 15 minutos por sessão, no fim do dia, pelo uma sessão do longa metragem será suprimida.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem?
Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...É claro que é possível. No nosso mundo cinematográfico brasileiro, existem vários diretores (e produtores) que se aventuraram neste ramo e, além de terem conseguido um bom público, foram agraciados com vários prêmios nacionais e internacionais.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Positivo. Também por várias razões. Uma delas é que o produtor e diretor que se acostumou, ou se iniciou no longa, acha que é um desprestígio à sua capacidade, fazer um curta. Se bem que, hoje em dia esse não é o reflexo dos cineastas atuais, haja visto que eu, ao longo de mais de 70 filmes, me aventuro agora, apenas pela terceira vez, a realizar um curta. Estou muito empolgado, e isto pode significar minha volta a outros curtas ou longas (antes fiz os curtas Rio Paraguai e Virgem de Caacupê, ambos de produção sul-mato-grossense em parceria com o Paraguai)

Qual é a importância que os curtas tiveram na sua carreira como diretor e ator?
Pouca importância devido ao número pequeno de produções deste tipo, que fiz.

Qual é o seu próximo projeto?
No momento estamos finalizando a produção do curta "Maria-fumaça, Chuva e Cinema", que será em Maracaju-MS e Bauru-SP, esta a única cidade que possui um museu com a maria-fumaça completa, isto é, locomotiva e vagões, já que a ação se passa no ano de 1955. Em resumo, mostraremos as peripécias de um menino tentando assistir, em sua cidade natal (Maracaju), a uma única exibição de um longa americano intitulado Mogambo (com Clark Gable, Ava Gardner e Grace Kelly, com direção de John Ford). É um filme nos moldes de Cinema Paradiso, Central do Brasil.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Amir Labaki



Amir Labaki é o fundador e diretor do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. Labaki foi ainda por duas vezes diretor técnico do Museu da Imagem e do Som da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (1993-1995, 2003-2005). Labaki é membro do “board” do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã, Holanda, o principal evento mundial dedicado ao gênero. Foi membro suplente do Conselho Superior de Cinema da Presidência da República (2004-05).

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem para o cinema brasileiro?
Imensa, assim como para o cinema de um modo geral. É o espaço mais livre para experimentação de linguagem. O curta é muito mais que um formato de iniciação. É um formato de criação, de inovação.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta está fora do grande mercado cultural, que é a origem prioritárias das pautas jornalísticas. É pena. Lembro que nos final dos anos 80 assinei uma coluna semanal de crítica de curtas na "Folha" e cobri por anos regularmente o formato. A atenção hoje parece restrita a revistas de cinema online, com um outro comentário excepcional durante festivais.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Não é comum mas existem sim cineastas de formatos curtos assim como a escritores que essencialmente são contistas. Entre os contemporâneos, lembro por exemplo o austríaco Martin Arnold e o alemão Matthias Mueller.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas, atores e/ou atrizes?
Não, não creio. Ao contrário. O curta me parece tradicionalmente tratado com generosidade e respeito por intérpretes, técnicos e cineastas em geral. É um formato, digamos, "cult".

Qual é a contribuição do ‘É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários’ para a divulgação e valorização do curta-metragem? Há planos de abrir mais frentes para o curta dentro do festival?
O festival mantém duas competições específicas para curtas-metragens, brasileiros e internacionais, e apóia duas premiações paralelas específicas para o formato, do Canal Brasil e da ABD-SP. Curtas são ainda selecionados regularmente para mostras paralelas e aparecem com destaque em retrospectivas, como a do documentário experimental brasileiro que realizamos em 2008. Além disso, procuro exibir regulamente documentários curtos em meu programa semanal no Canal Brasil, aos sábados às 21h.

Há muitos festivais de cinema no país e no mundo. Qual é a sua opinião a respeito da proliferação destes festivais?
Há festivais e festivais. Aqueles com real importância nacional e mesmo internacional e outros com relevância sobretudo local; aqueles que se solidificaram com o tempo e outros que surgem e desaparecem pois originados em razões efêmeras como cálculo político. Vejo a proliferação como um fenômeno não exclusivamente brasileiro, mas internacional. O circuito de festivais substituiu parcialmente o antigo circuito de cineclubes e de salas de cinema de artes, que fecharam nas últimas décadas.

O senhor trabalhou no Museu da Imagem e do Som. Quais as preciosidades (curtas) que encontrou no acervo?
Dirigi por duas vezes o MIS de São Paulo, entre meados de 1993 e início de 1995 e meados de 2003 e começo de 2005. O principal do acervo de curtas é a coleção histórica dos curtas-metragens realizados devido ao Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. A história do cinema paulista e brasileiro passa por ali.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Realizo no momento um perfil curto do documentarista paraibano Linduarte Noronha.

Qual é o seu próximo projeto?
É Tudo Verdade 2009/Lado B.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Paulo Sacramento



Montador, diretor e produtor que estreou em 2002 na direção de longa-metragem com o documentário O prisioneiro da grade de ferro. É autor dos curtas-metragens Ave e Juvenília – este último foi premiado nos festivais Henri Langlois (França) e Rimini (Itália).

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta sempre teve uma presença importantíssima na história de nosso cinema. O cinema nasceu curto e esse formato mantêm-se presente e importante até hoje. Serviu de porta de entrada para todos nossos grandes cineastas (Glauber, Sganzerla, Lima Barreto, para citar poucos), foi produção constante de Humberto Mauro e nos anos 90 adquiriu status de resistência artística após o desmonte Collor.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Quando comecei a fazer cinema no início dos anos 90 ainda era respeitada a Lei do Curta, com exibição compulsória desses filmes antes dos longas. Lembro-me de críticas de curtas sendo publicadas no jornal Folha de São Paulo, e tenho forte lembrança de escolher a sala de cinema em que eu assistiria a um longa exatamente pelo curta que passava antes. Hoje a circulação está restrita a festivais e não se justifica tal visibilidade em um veículo de grande abrangência, infelizmente.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Essa pergunta estava muito em voga nos anos 90, e muitos cineastas diziam que poderiam permanecer fazendo apenas curtas. Os anos se passaram e o que vimos foi que os que não migraram para o longa abandonaram a profissão. Trata-se é claro de uma questão de sobrevivência. Se os curtas não têm um mercado, não conseguem garantir a subsistência dos realizadores. O que não impede que alguns cineastas voltem de maneira esparsa a fazer curtas.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Ao contrário, é um formato pelo qual todos têm enorme carinho. Hoje em dia, porém, com a facilidade de produção das mídias digitais, multiplicaram-se os cineastas e temos uma quantidade imensa de estreantes ano após ano que inviabiliza um acompanhamento constante do principal dessas produções, a não ser pelos profissionais de Festivais.

Na sua opinião, qual a diferença em trabalhar em longas e em curtas?
É muito diferente. No campo da montagem, por exemplo, a diferença é gritante. Primeiro pelo peso do trabalho. É algo como correr 100 metros ou uma maratona. Se eu levava 2 a 3 semanas para montar um curta, em longa este trabalho leva de 5 meses a um ano. Em curta eu podia fazer 4 ou 5 trabalhos por ano, variando bastante o estilo dos filmes. Com longas, monto apenas um filme por ano. É um trabalho extenso, paciente, de extrema precisão na busca da coerência ao longo dos 100 minutos do filme. Já no curta, normalmente, a busca é pela eficiência e intensidade. Atingir o máximo, rapidamente. Enfim, é outra linguagem praticamente.

Conte como foi filmar "Ave", seu processo de criação, produção e direção.
Foi um exercício de concisão. Queria em meu primeiro filme atingir o máximo de expressão com o mínimo de elementos. Um personagem, uma locação, sem diálogos. Pude me concentrar muito na decupagem, sem me perder nas dificuldades de produção. A equipe tinha apenas 4 pessoas, muito centradas na execução. Filmamos em apenas um dia mais de quarenta planos. Quando a filmagem terminou estava tão exausto que fiquei doente por duas semanas, o negativo só foi para o laboratório para ser revelado depois disso. Ah, filmamos apenas uma lata de 16mm, algo em torno de 11 minutos.

Conte como foi filmar "Juvenília", seu processo de criação, produção e direção.
Foi o passo seguinte. Novamente uma única locação, um único núcleo dramático. Mas sete atores, e um cachorro. Novamente eu estava muito focado na decupagem, buscando um controle muito grande da linguagem do filme. O roteiro era muito forte e os atores estavam muito envolvidos no projeto. Havia uma preocupação de todos em fazermos tudo muito rápido, estilo guerrilha, pois sabíamos que o filme poderia ser interrompido a qualquer momento, como efetivamente foi. Os últimos dois planos foram rodados sem a minha presença, pois eu estava prestando esclarecimentos na delegacia mais próxima. Foi um filme que realizamos de maneira 100% pensada, estudada, planejada, com Storyboard completo.

Pensa dirigir um curta futuramente?
Não, mas depois de anos afastado do formato tive a alegria de montar um novo curta do grande cineasta Aloysio Raulino, intitulado Celeste, que abriu o festival de documentários É Tudo Verdade deste ano. E devo na próximas semanas iniciar a montagem do próximo curta de terror de Dennison Ramalho, Ninjas. Estou achando o máximo.

Qual é o seu próximo projeto?
Vou dirigir um longa de ficção chamado O Olho e a Faca. É um projeto muito grande e desafiador, com muitas dificuldades técnicas e de logística, muitas locações, muitos atores e figurantes. É um roteiro muito preciso e provocador. Estou muito concentrado em fazer este projeto acontecer e tenho certeza que ele terá um impacto bastante forte quando explodir nas telas.