quarta-feira, 28 de outubro de 2015
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Halder Gomes
Diretor, produtor e roteirista. Ficou
conhecido por seus curtas-metragens “Cine Holiúdy – O astista contra o caba do mal” (2004)
e “Loucos de futebol” (2007).
Seu primeiro longa, o independente “Sunland Heat – No calor da terra do sol” (2004),
foi lançado direto em home vídeo, assim como seu filme seguinte, a produção
americana “Cadáveres 2” (2008).
Dirigiu, ao lado de Glauber Filho, o drama espírita “As mães de Chico Xavier” (2011).
Qual é a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Como exercício, experimento e formação, é muito
importante, embora tenha pouco impacto nos registros nacionais.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Já fiz participações em curtas de amigos. O mais recente, como autor dos
desenhos e pinturas - algo que faço desde criança e minha grande paixão - para
o personagem central do filme "Olhos Tristes", de Marcoz Gomez. O
motivo sempre é algo relacionado a amizade.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A
experiência é a mesma que fazer um longa, pois a inércia pra iniciar um filme é
a mesma. A diferença é que o longa continua e o curta para em poucos
dias. O curta é o equivalente a uma luta ganha por nocaute. Te ensina a
ser preciso na narrativa.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por serem
curtas, o número de realizações é muito maior do que a quantidade de longas, e
isso dilui muito a visibilidade. Também porque muito do que se produz de curtas
não tem forte apelo popular. É preciso entender o curta como uma transição,
exercício, e não exigir dele o que não pode ser.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A internet tem sido uma ótima alternativa, assim
como os festivais. Também existem canais de TV fechada e aberta que exibem
curtas. Os espaços são muito bons no Brasil. Restaria apenas a janela do
cinema, mas este é mais difícil, pois parte do material exibido antes dos
longas-metragens são comerciais, e isso é complicado de reverter. Mas seria
lindo ver bons curtas abrindo os longas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim, é onde cabem maiores experimentos de
todas as formas. A pressão de acertar não existe, e é onde coisas raras e
inovadoras podem surgir.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Depende.
No meu caso, foi. Mas nem todo curta tem que virar longa. Porém, pode ser um
ótimo laboratório se esta for a intenção. "Cine Holliúdy" tá aí pra provar isso.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Pra
vencer em qualquer lugar, os princípios são os mesmos: estudar, perseverança,
compromisso, profissionalismo, caráter, competência, humildade e talento.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
No
momento, não. Agenda lotada de projetos para os próximos três anos. Mas sempre
tenho um roteiro na agulha. Quem sabe num brecha entre projetos?
Grace Iwashita
Cineasta e roteirista. É delas os curtas-metragens “O Tradutor” e “Mexerica
no Pé”. No SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), integra a equipe de
roteiristas da telenovela “Cúmplices de um Resgate”.
Qual é a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Não sou especialista no assunto, um crítico ou
estudioso vai responder essa pergunta melhor do que eu. Sei que a filmografia
nacional conta com vários títulos de curtas-metragens que foram importantes
para a construção do cinema brasileiro. Grandes realizadores, como Glauber
Rocha e Saraceni, surgiram e revolucionaram com seus curtas, trazendo uma
estética marcante e um estilo mais autoral. “Ilha das Flores” de Jorge Furtado é um filme que representou a
produção brasileira no estrangeiro, conquistando prêmios e sendo considerado um
dos curtas de maior importância do século XX. Durante o Governo Collor, foi a
produção de curtas-metragens que permaneceu em ativa, mesmo com a decaída dos
longas e da Lei do Curta. Essas são apenas algumas passagens contadas de forma
muito superficial, a história do curta-metragem brasileiro, apesar de pouco
explorada, é recheada de nomes, fatos e filmes importantes que são de grande
peso na filmografia nacional e influenciam cineastas até hoje. Seguindo
paralelamente ao cinema comercial e limitado aos festivais, o curta-metragem
tem sido uma ferramenta de expressão e exploração para artistas de muitas
gerações no meio audiovisual.
O que te faz aceitar participar de
produções em curta-metragem?
Normalmente realizo filmes de curta duração como projetos
paralelos já que tenho um trabalho fixo como roteirista que me ocupa boa parte
do tempo. Todos os curtas-metragens que dirigi ou participei até hoje foram
meus ou de amigos meus. Para entrar na produção de um filme como diretora ou
roteirista, tenho que gostar muito da ideia, para ser um trabalho prazeroso e feito
com vontade, já que isso se reflete muito no resultado final. Gosto e tento
sempre pensar em propostas de filme que tenham potencial visual e estético e
com uma história bem fechada. Ter uma equipe afinada e um elenco legal (no caso
de ficção) que você sabe que pode contar é essencial. Verba e tempo viável para
a realização da obra são aspectos a se levar em consideração também.
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em
curta-metragem.
Em projetos de amigos, sempre
participei mais na parte de produção e arte. Já como roteirista e diretora,
tenho três filmes, sendo os dois primeiros de curtíssima duração, que serviram
mais como exercícios e me deram maior experiência para realizar o terceiro. “O
Tradutor” é o meu último curta e também o meu trabalho de conclusão de curso de
Bacharelado em Audiovisual. Foi uma ótima experiência como diretora, produtora
e roteirista, onde aprendi muito, desenvolvendo conceito, linguagem e estrutura
para curta-metragem. A cada projeto, eu pude entender melhor a dimensão de um
roteiro na prática e a importância do trabalho em equipe, a produção
audiovisual é uma verdadeira arte coletiva, que depende da contribuição de
todos os envolvidos e da visão bem definida do diretor.
Por que os curtas não têm espaço
em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta não é um formato financeiramente
interessante que atinge a grande massa. As poucas notícias que divulgam curtas
da atualidade normalmente são de quando aparecem em grandes festivais ou
envolvem algum ator global. O curta sozinho não tem seu espaço definido no
mercado. Muitos não têm o costume de apreciar esse tipo de obra ou nem sabem
que existe essa diferença entre curta-metragem e longa-metragem. A mídia e a
crítica focam nos longas comerciais de grande investimento, porque é o tipo de
produto que vende e o público compra. A internet é um dos poucos recursos a
favor dos curtas-metragistas hoje, que podem ter seus filmes divulgados através
de redes sociais, sites e blogs que incentivam o cinema, a cultura e as artes.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para
atingir mais público?
Curtas-metragens, selecionados por profissionais da área,
deveriam ser exibidos nas sessões antes dos longas, assim como acontecia
algumas décadas atrás com o Sistema do Curta. Todos os festivais deveriam ser
melhor divulgados na internet e outros meios de comunicação para informar o grande
público sobre o acontecimento deles. Filmes coletivos (longas compostos por
vários curtas que sejam interligados de alguma forma, por tema, estilo ou
direção, etc.) podem ser uma alternativa interessante para atrair mais
espectadores, já que as pessoas em geral não querem sair de casa, gastar com
deslocamento e comprar ingressos de cinema para ter apenas cinco à trinta
minutos de entretenimento. Sites e canais de vídeos na internet também cedem um
bom espaço para exibir trabalhos audiovisuais de curta duração e alcançar mais
espectadores, além dos cinéfilos e pessoas da área.
O curta-metragem para um profissional (seja ele
da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Com certeza, explorar ao máximo a
linguagem do cinema tem que ser um dos objetivos principais do realizador
dentro da proposta de um curta. A graça de fazer esse tipo de filme é
justamente essa, experimentar e brincar com os elementos que tem à disposição
para contar sua história. O formato do curta dá essa liberdade por não ter o
compromisso e a obrigatoriedade que longas ou programas televisivos normalmente
têm, de ser do agrado do público em geral e feito nos limites impostos por uma
produtora ou emissora.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Muitos realizadores têm seu
trabalho reconhecido, mostram sua capacidade como cineastas e até recebem
outras oportunidades através de seus curtas, mas não acho que ele tenha
necessariamente essa função de trampolim. Dominar o formato do curta-metragem
pode ajudar o realizador em projetos maiores como um longa, mas o curta é uma
categoria de filme com sua própria estrutura e linguagem, que você realiza como
uma forma de arte e não como um preparatório.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Se existe uma receita pronta,
também quero saber. Eu vejo que há muitas pessoas talentosas no mercado, mas
não é todo mundo que se destaca. No círculo audiovisual, além de ser criativo,
é preciso ter conhecimento, sensibilidade e técnica em sua área de atuação. O
que ajuda também é estar sempre preparado e atualizado no que está acontecendo
por aí, porque muita coisa nova vem surgindo a todo momento. E, assim como em
toda profissão, é importante se comprometer e se dedicar ao máximo à função que
está assumindo, seja um projeto grande ou pequeno, porque uma hora o seu
trabalho é reconhecido.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim.
Juliano Dip
Jornalista.
Foi
repórter no extinto programa “Aqui Agora” (SBT), trabalhou na produção do SPTV,
na Rede Globo, e ficou por sete anos na rádio CBN como locutor e repórter. Atualmente
é integrante do programa CQC, exibido na Band.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Depende muito do projeto, precisar ser uma história
bacana, que eu tenha vontade de contar, de viver, de experimentar.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
É sempre muito bacana, fiz uns cinco curtas-metragens,
quero fazer mais, pena que os convites não aparecem sempre e que as produção
não valorizam os atores como deve ser e dificilmente pagam o valor correto,
oferecendo muitas vezes a ofensiva "ajuda de custo".
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que há muito espaço para os curtas, eu vejo sempre
no canal Brasil e acompanho as notícias nos jornais, o espaço é pequeno porque
a cultura em geral não tem muito espaço na mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não sei qual seria o correto, talvez passar um curta
sempre antes dos longas-metragens nas telas de cinema ajudasse a difundir a
produção.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
É sem dúvida um grande espaço experimental, mas para
os atores não muda muito, ou nada, eu sempre experimento em qualquer trabalho,
tento tratar todos os personagens da mesma forma, seja num curta ou numa peça.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Para os atores não.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não acredito em receita para isso, não existe.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Não,
mas quem sabe um dia?
Maria Carolina Dressler
Atriz. Foi protagonista do espetáculo teatral “Monga”.
Conte sobre a sua
experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Minhas primeiras experiências em curtas-metragens foram como atriz, onde minhas maiores preocupações eram quanto a técnicas de interpretação, muito
peculiar no cinema. Nessa fase não
participava da concepção nem argumento das produções, por exemplo. Recebia
convites pra atuar e procurava executar essa função da melhor forma, mas não
chegava a me inteirar de toda complexidade de uma produção audiovisual,
diferentemente de meu contato com teatro.
Posteriormente passei
a produzir filmes com a Corja, MP mídia e CPT, entre eles a série de vídeos
Ensaio Aberto e o projeto Vidas Ocultas. Posso dizer que esse contato mais
amplo com a produção audiovisual acabou também agigantando minha percepção como
atriz para o cinema e despertando um senso crítico mais apurado inclusive
quanto a interpretação de atores, quanto a sensibilidade e tato que deve ter um
diretor ou um preparador de elenco, e outras peculiaridades técnicas. Importante falar
especificamente do trabalho com a Corja Filmes, um coletivo audiovisual que
propõe um método de produção semelhante a um grupo, coletivo, horizontal.
Tinha acabado de sair
de meu antigo grupo de teatro onde trabalhei por dez anos. Não pretendia
trabalhar tão cedo com a rotina de integrar um grupo, no entanto, meu modo de
criar e produzir são baseados em processos de pesquisa, coletivos e
colaborativos. Paralelamente a estes
trabalhos, iniciei a pesquisa do espetáculo teatral “Monga” e fundei o “In
Bocca al Lupo” , uma espécie de núcleo que visa o encontro e intercambio de
artistas de diferentes áreas. “Monga” é um espetáculo teatral com uma
importante pesquisa e referencias da cinematografia do cineasta italiano Marco
Ferreri. A pesquisa que
iniciei no Brasil acabou gerando convite de instituições italianas e aprofundei
este estudo em 2012 no Museo Nazionale del Cinema, Centro Sperimentale di
Cinema, Universitá di Verona e junto a cineastas e críticos que me receberam e
doaram material de acervo. O espetáculo conta
com projeções em vídeo baseadas na estética Ferreriana e micro filmes
produzidos exclusivamente para a montagem. Estreia 06 de novembro.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio que toda
produção audiovisual que não está inserida no nicho comercial do mercado
cinematográfico também encontra esta dificuldade. Para os curtas pode ser ainda
mais difícil, talvez por muitas vezes serem
tidos como filmes menores quanto a qualidade estética e técnica, o que é
um grande engano. A produção de um curta passa pelos mesmo processo de um
longa. O diferencial é que um curta deve potencializar uma história ou uma
ideia em poucos minutos e algumas vezes isso pode ser ainda mais difícil.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição
dos curtas para atingir mais público?
Existem algumas
mostras de curtas que são muito importantes e incentivam a produção e acesso,
mas para formação de publico apreciador
talvez fosse interessante exibição de pelo menos um curta metragem antes
de toda sessão comercial de longa, por exemplo, ou ainda exibir e produzir
curtas nas escolas. A internet e redes sociais já contribuem pra isso, mas
devemos aproveitar melhor estes meios. Sem falar nos subsídios e incentivos
públicos que deveriam ser base de tudo isso.
O curta-metragem para um profissional
(seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Com base na minha
vivencia pessoal acho que o que difere ou possibilita a experimentação não está
na duração do filme, mas no modo de produção e criação estabelecido. Mas talvez
como a maioria dos longas estejam comprometidos com o mercado, acabam tendo menos
espaço pra isso.
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
Acho que não, por que vendo como
trampolim parece estar depreciando o curta, então não consigo fazer esse
paralelo. De qualquer forma, entendo que
pode ser a oportunidade de um primeiro
contato com a área. No meu caso foi uma grande oportunidade de estreitar a relação com o cinema, mas
ainda não fiz um longa.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Nossa! Me pergunto isso todos os dias.
Mas de forma mais abrangente “como ser artista no Brasil?”
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Desejo muito dirigir.
Sobretudo depois da pesquisa sobre Ferreri. É uma via de mão dupla, ou tripla
(risos). Além de atuar e produzir tenho um estudo sobre propriocepção na preparação
de atores. Além disso acho que o fato de
ter a vivencia de atriz e também de estar por traz das câmeras instiga ainda
mais este desejo.
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Conversações com R.F.Lucchetti
Resenha do livro "Conversações com R.F.Lucchetti" na Plataforma Verri: http://www.plataformaverri.com.br/index.php?bib=1&local=book&letter=R&idCity=24&idCategory=10&idBook=2340
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Divulgação
No próximo dia 26 de
outubro a Editora Laços irá lançar dois livros da espetacular atriz Noelle Pine. O lançamento será no Centro Universitário Belas Artes, em São Paulo, a partir das 18h. Estão todos convidados.
domingo, 18 de outubro de 2015
R.F.Lucchetti na mídia
Rubens Francisco Lucchetti, Rafael Spaca e Ivan Cardoso falam no jornal "A Cidade", de Ribeirão Preto, a respeito do lançamento do livro "O Escorpião Escarlate - O Roteiro Original". Está chegando, leiam em: http://www.jornalacidade.com.br/lazerecultura/NOT,2,2,1110152,O+retorno+do+mascarado.aspx
sábado, 17 de outubro de 2015
Homenagem ao Os Curtos Filmes
No ano em que completou seu sétimo aniversário, o blog Os Curtos Filmes será homenageado no Festival Cine Congo, na Paraíba. Meu agradecimento a todos vocês que, de uma forma ou de outra, construíram essa história: http://www.cinecongo.com/p/blog-page.html
Lucienne Guedes Fahrer
Atriz,
diretora e dramaturga. Foi
coordenadora da Escola Livre de Teatro, em Santo André. Também, até 2010, foi
formadora convidada do Departamento de Artes Cênicas na faculdade em que se
graduou – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São (ECA/USP). Faz
parte da Cia. dos Dramaturgos, que desenvolve um projeto de dramaturgia chamado
Escrita Aberta.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Principalmente a qualidade do roteiro, se compartilho das ideias dele, tanto
éticas como estéticas. Em segundo lugar, as pessoas envolvidas.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Não foram
muitas, meu trabalho maior é com teatro. Mas, sobre as que fiz, foram experiências
bastante ricas, sobretudo por conta de trabalhar com gente que se interessa
pelo ator como "forma" do filme também, ou seja, o que ele aporta
para o trabalho também é considerado e desejado, para além de representar bem
um papel.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito
que por conta de não ter uma duração comercial. Acho que deveria ser diferente.
Com o teatro também é assim, e a produção fica condicionada a durações padrão.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Seria bom
te-los no cinema, ainda que nos momentos anteriores dos longas-metragens, por
exemplo. Caso o problema disso tudo seja mesmo a duração não comercial.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sem
dúvida: ainda é um espaço em que se pode arriscar muito, mudar paradigmas. Além
de ser um formato mais viável economicamente.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Reconheço
que muitas vezes acontece isso. Mas não é, por si. O curta-metragem tem
características próprias, estruturas próprias e também qualidades que se
referem ao tempo da construção do filme. A sonoridade num curta, por exemplo,
pode imprimir muito mais presença como elemento efetivo. Uma trajetória de um
personagem pode se dar ao luxo de permanecer incompleta. A curta duração requer
diferente recepção do espectador, também, o coloca num lugar diferente, frente
a uma "economia", um outro ritmo, outra lógica mesmo.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Vencer?!?
Não entendo o que seria isso, ainda mais no Brasil. Conseguir que muitas
pessoas assistam ao filme? Se for isso, muita insistência, muito trabalho,
fazer as coisas que façam sentido para si mesmo, sem pressa e sem perder tempo
(como talvez diria José Saramago, sobre fazer cinema).
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Sim, muito em breve.
Ana Carolina Rainha
Atriz.
Atuou no curta-metragem “O Quadro”. Na televisão, destaque para a sua
participação na telenovela “Dona Xepa”, na TV Record.
Qual é a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
A maior importância
do curta-metragem em minha opinião é a experimentação. Geralmente, são feitos
sem patrocínio em caráter independente. Hoje com o avanço e a facilidade
tecnológica os curtas estão cada vez mais se popularizando, e isso é muito bom.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Gosto de participar de curtas porque é onde se pode contar certas histórias que
ficariam muito esticadas no longa-metragem.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tive
oportunidade de atuar em de quatro curtas, sendo que um deles “O Quadro”,
recebeu vários prêmios.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A mídia
em geral é muito cara e os jornais têm pouco espaço para divulgação dos curtas.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que
deveria ser desenvolvido um programa de exibição de curtas-metragens em
escolas, universidades, centros culturais, praças. Acredito que poderíamos ter
mais festivais e os curtas vencedores poderiam ser exibidos antes dos longas em
sala de cinemas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim, vejo
vários anúncios de alunos de faculdade de cinema procurando profissionais para
a realização de curtas. O interessante é a possibilidade de aprendizados
mútuos.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Isso
depende dos profissionais envolvidos, se forem competentes e perseverantes,
acredito que sim.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Fé e perseverança.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Não, minha área é atuação, gosto
de ser dirigida.
Dellani Lima
Um dos expoentes do "cinema de
garagem", título do livro que escreveu em 2011 ao lado de Marcelo Ikeda.
Atuou no o longa-metragem "Linz – Quando Todos os Acidentes
Acontecem".
Qual é a importância histórica do
curta-metragem na filmografia nacional?
Como o curta-metragem não é um formato
comercial muito aplicado na indústria audiovisual, a sua importância sempre
estará no lugar da liberdade e da experimentação. Essas são as maiores
vantagens do formato. Além do exercício de seu discurso direto e de certa
viabilidade maior de produção, por ser mais barato dentro de determinadas
propostas. O difícil é difundir ou mesmo criar um circuito para manter o curta
circulando. Mas hoje com a Internet e com os festivais de curtas e cineclubes,
este quadro tem mudado muito.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O fato de ser um formato onde são
possíveis maiores experimentações e riscos nas opções técnicas, estéticas e até
mesmo políticas.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Simplesmente por não ser um formato
comercial. Mas depois da Internet, raras vezes, se o curta, de alguma maneira,
se tornar um viral na rede, ele se torna um “fenômeno” de audiência,
independente de seu formato, um exemplo “Tapa Na Pantera”. Atualmente existe
este circuito ainda em expansão, com muitas possibilidades a explorar ainda.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Regulamentar a "Lei do
Curta", criar programas cineclubistas com mais do formato, propostas de
intervalos televisivos e ações de disseminação pela Internet.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza essa liberdade é uma das
maiores características do curta.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sempre considerei o curta mais um
formato que um estágio, mais uma maneira de se narrar uma história ou de
poetizar o cotidiano do que um momento transitório. Como o conto na literatura,
um soco rápido no estômago.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A receita não existe pronta, em
nenhuma cinematografia pelo mundo, tem que exercitar, experienciar, extrapolar
(3ex). Assistir muitos filmes, curtas, médias, longas, de todos os gêneros e
formatos sempre. Atualizar-se tecnicamente é muito importante. Buscar conhecer
a produção local, regional e nacional. Desenvolver e compartilhar ideias e
ações com as redes de realizadores, produtores e agitadores culturais.
Participar ativamente da sua cena. Produzir incansavelmente. Paciência e
resistência. Reinventar-se. Não ter inveja!
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Ontem, hoje e sempre.
Ando Camargo
Ator.
No cinema, participou do filme "Bruna Surfistinha, O doce veneno do
escorpião".
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Na minha área
que é atuação, sempre fui muito fascinado por cinema em geral, daqueles
viciados mesmo, que assiste tudo, sabe o nome de tudo e todos...
Quanto a
participar de curtas, sempre foi um prazer, mas claro que sempre lendo antes o
roteiro, sabendo quem será a equipe e procurando saber se será um trabalho artístico
que me trará prazer e crescimento. Fazer apenas por fazer não é muito minha
praia, mas isso em todos os meus trabalhos, seja cinema, teatro ou TV.
Conte sobre a sua experiência em
trabalhar em produções em curta-metragem.
Eu
participei de vários curtas, e sempre foi um grande prazer. Já fiz desde produções
que tinham uma estrutura já grande, bem profissional, como também com formando
de cinema da USP , da Faap. Como já disse o que mais me interessa é a ideia e a
parte artística, independente do tamanho da produção. Tive
apenas uma experiência que prefiro esquecer, (risos), pois a diretora e a
equipe eram muito, mas muito inexperientes e pra mim com ator acabou virando
uma grande roubada, Me arrependi. Mas acontece. (risos). Prefiro não dar nomes
aqui, nem dos elogios, nem das criticas, acredito que se um trabalho é feito
com seriedade, todos os envolvidos crescerão cada um em sua área.
Por que os curtas não têm espaço
em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Então, isso
é realmente uma tristeza, que na minha opinião não afeta só os curtas, e sim a
arte em geral. Os espaços nos cadernos culturais ficaram cada vez menores,
parece que moda e culinária são mais importante que o teatro e o cinema. Uma
pena!!! Culpa dos editores despreparados.
Na sua opinião, como deveria ser
a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que
primeiramente os curtas deveriam passar antes dos longas-metragens em todas as sessões,
ou em outro caso, não sei, existirem salas ou sessões com quatro curtas de uma
vez. Mas pra isso a politica cultural do pais precisa mudar e muito. É
muito despreparo.
O curta-metragem para um
profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o
grande campo de liberdade para experimentação?
Acredito
que sim, para erros e acertos, e se criar uma identidade artística do diretor ,enfim
de todos ali envolvidos.
O curta-metragem é um trampolim
para fazer um longa?
Não sei
exatamente se um trampolim, acredito que um cineasta pode ficar anos fazer ótimos
curtas sem ter vontade de fazer um longa, e se tornar um grande diretor de
curtas. Na Europa existem vários diretos apenas de curtas-metragens, não acho
de maneira nenhuma uma demérito, apenas uma qualidade do cara.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Na minha área
que é atuação, não sou melhor pessoa pra responder esta pergunta. Mas acho que
enquanto continuarmos com estas comedias bobas consideradas super produções, e
estes diretores considerados grandes artísticas apenas pelos milhões de
espectadores que levam as salas, o nosso cinema e nosso país estará sempre
dando passos falsos, e para trás. Mas
acho que quem tem estudo e acredita realmente na arte como educação, não deve
nunca desistir de suas ideias. É um trabalho de formiguinha, mas quem sabe a
formiga não vence o elefante? (risos).
Pensa em filmar um curta
futuramente?
Tenho sempre ideias pra curtas,
quem sabe um dia não me aventuro, com uma equipe de sonhadores como eu.
Milena Times
Se
formou em jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco. Trabalha com
cinema desde 2007, atuando como produtora, assistente de direção e realizadora.
Produziu o longa-metragem documentário “Pacific” (de Marcelo Pedroso) e foi
assistente de direção de filmes como “Mens Sana in Corpore Sano” (de Juliano
Dornelles), “O Som ao Redor” (de Kleber Mendonça Filho) e “Tatuagem” (de Hilton
Lacerda). Atualmente é mestranda em Comunicação e Sociedade na Universidade de
Brasília. “Au Revoir” é seu primeiro curta-metragem como roteirista e diretora.
Qual é a
importância histórica do curta-metragem na filmografia nacional?
Em cada
momento histórico o curta-metragem desempenhou um papel diferente, mas sempre
foi importante como espaço criativo de experimentação e contestação. Nos
momentos de maior retração de mercado, foi o curta que manteve o audiovisual
nacional pulsando.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta-metragem normalmente é a porta de entrada para quem quer trabalhar com
cinema. Não conheço nenhuma pessoa que tenha começado com longas, ou que só
tenha participado de longas. A produção de um curta-metragem é um excelente
espaço de aprendizagem e experimentação, é onde se permite que pessoas com
pouca ou nenhuma experiência possam rodar pelas funções e testar suas aptidões.
E mesmo depois de adquirir certa experiência, acredito que o curta-metragem,
por ser uma produção menos complexa, com menos cobranças comerciais envolvidas,
continua sendo um ótimo nicho de trabalho, que permite conhecer pessoas novas e
arriscar experimentações estéticas e narrativas sem que haja tanta expectativa
em torno disso.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Além de
um par de curtas que realizei junto com colegas de faculdade, meu primeiro
curta-metragem foi “Mens Sana In Corpore Sano”, de Juliano Dornelles, no qual
atuei como assistente de direção. Foi uma prova de fogo para quem só tinha
trabalhado amadoramente até então, pois se tratava de um filme complexo, com
efeitos especiais envolvidos etc. Mas foi uma experiência tão marcante que me
fez optar pela assistência de direção como função majoritária e determinou a
minha trajetória a partir dali. De 2009 para cá, fiz assistência de direção de
3 longas e 5 curtas. Sob determinado ponto de vista, os curtas foram
experiências mais desafiadoras, não só pela limitação financeira das produções,
mas principalmente porque tinham propostas de realização bastante particulares.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que
a cobertura da mídia está diretamente ligada aos espaços de exibição. Além de
alguns poucos portais e canais de TV a cabo, ou da iniciativa independente das
produtoras que lançam na internet os seus filmes, o acesso ao curta-metragem
ainda é muito restrito ao circuito de festivais. É durante os festivais de
maior notoriedade que os curtas ganham mais espaço na mídia. Penso que uma
mudança de atitude da imprensa em relação aos curtas depende um pouco também da
busca por mais espaço para o curta-metragem em outras janelas, como a televisão
aberta e o cinema comercial.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
A janela
de maior penetração ainda é a televisão aberta. Dedicar espaço para o
curta-metragem na TV é crucial para que as pessoas dos mais diversos estratos
sociais e culturais possam ter acesso aos curtas e, principalmente, criar o
hábito de assistir curtas. Outra iniciativa interessante é a de exibir curtas
antes das sessões dos longas nas salas de cinema, deixando essa opção para o
espectador. Por fim, divulgar os curtas na internet é essencial. Os
realizadores e as produtoras precisam ter em mente que a carreira do curta não
termina nos festivais. É preciso deixá-lo na rede para que possa ser visto a
qualquer tempo e em qualquer lugar.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim. A
expectativa que se tem em torno de curta é muito menor que um longa-metragem. O
longa-metragem às vezes precisa responder à demanda de patrocinadores ou
futuros agentes comerciais e isso pode limitar a liberdade dos realizadores. No
curta, essas amarras são bem mais frouxas. Os produtores e realizadores têm
autonomia para fazer experimentos sem a preocupação do retorno ou do impacto
que eles terão. Muitas vezes, é por assumir esses riscos que resultados
surpreendentes e inovadores são alcançados através dos curtas, talvez com mais
frequência ou antecedência que nos longas.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não penso
que seja um trampolim. Por ser mais fácil e viável realizar um curta, é claro
que ele se torna um espaço de experimentação e prática que certamente irá
ajudar na incursão de um longa-metragem. Não só pela experiência que
proporciona, mas também porque ajuda o produtor e/ou diretor a fazer seu nome
no setor. É muito difícil conseguir financiamento ou patrocínio para um
primeiro longa sem ter uma carreira prévia no curta-metragem. Mas isso não
significa que é o caminho que todos seguem ou devem seguir. Acho que o curta é
um formato autônomo e que merece o investimento artístico e financeiros dos
produtores e realizadores, independente do objetivo de fazer longas
futuramente.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não
acredito em receitas. Realizadores e produtores alcançaram notoriedade através
de caminhos e estratégias diferentes, não há norma a seguir. É importante estar
por dentro do que está acontecendo no mercado, das políticas públicas voltadas
o audiovisual, dos mecanismos de incentivo etc. Mas tudo vai depender do tipo
de projeto que se quer levar à frente e do tipo de resultado que se quer
alcançar. Nesse sentido, o conceito de vitória ou sucesso pode ser bem
relativo.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Sim. "Au Revoir" é o meu primeiro curta como roteirista e
diretora, mas já tenho projetos para outros dois curtas, que espero realizar em
breve.
Rodrigo Gazzano
Cineasta. É dele a animação em 2D “{Demo Reel}”.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Experiência, projetos interessantes e
contatos no meio audiovisual.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Todos
os curtas que fiz parte eram produções de estudantes. A grande parte delas não
possuía o dinheiro necessário para atingir o ideal técnico pretendido, então
saber improvisar e lidar com condições adversas era fundamental. Uma boa
pré-produção também era essencial, pois se algo poderia dar errado obviamente
dava errado.
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Temo
que o principal motivo é a inexpressividade comercial do curta-metragem.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na
minha opinião o ideal para atingir mais público seriam sessões de curtas nos
cinemas, na programação normal das salas. Dessa maneira o curta-metragem, além
de chegar a um público diferente dos frequentadores de festivais, estaria no
ambiente para o qual foi planejado. Mas encarando de uma maneira mais realista
a internet seria a melhor maneira de atingir mais público e “canais” como o
netflix poderiam ter um espaço destinado para curtas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Sim,
eu diria que o curta, por não ter o objetivo de passar em salas de cinema
convencionais, e não ter que fazer bilheteria, tem sim a liberdade de
experimentar muito mais do que os outros formatos.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não
necessariamente, creio que na maioria dos casos esse “trampolim” acontece
porque alguém ou alguma produtora viu potencial no curta e decidiu dar uma
chance para realizar um longa. Mas acredito que nem sempre a meta de um
cineasta é fazer um longa. No caso da animação vemos muitos diretores que
realizam somente curtas (Michaela Pavlatova, Regina Pessoa,
Priit Parn, entre outros).
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Contatos
e mostrar bons trabalhos na área que você quer atuar. Infelizmente, o mérito
geralmente fica em segundo plano.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Sim!
Uma animação 2D sobre uma lagosta gigante que tenta atacar uma cidade.
Lincoln Péricles
Cineasta, Dirigiu o
curta-metragem “O
trabalho enobrece o homem”.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Nos
meus filmes, não tenho escolha, faço porque faço. Nos filmes dos outros, uma
série de coisas contam, como por exemplo, a amizade que eu tenho com a pessoa,
mas sem deixar de pensar criticamente o que está sendo feito. Analiso uma série
de coisas, às vezes se percebo que o projeto é importante demais pra mina ou
pro cara, tenho uma tendência a querer me apaixonar também, porque acredito que
é daí onde as coisas mais interessantes saem, mesmo que sejam primeiríssimos
filmes, que a pessoa não “saiba” mexer numa câmera, isso não importa muito, o
que importa é o que é, naquela hora. Bom, às vezes participo por admiração, pra
aprender mais sobre cinema, sobre a vida. Nunca é só a ideia, é sempre a ideia
mais o ser humano.
Conte
sobre sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Ainda no colegial eu brincava de fazer
filme com uma câmera que tinha aqui em casa, que filmava 15 segundos e não
tinha som. Perdi essa câmera num parque de diversões e foi uma coisa muito
triste, mas no mesmo dia eu fiquei com uma mina que eu queria ficar, então não
foi tão triste assim. Minha mãe comprou outra pra eles (a câmera era dos outros
não minha), que filmava mais tempo e continuei fazendo vídeos-filmes. Depois
ganhei um celular do patrão da minha mãe e comecei a fazer filmes mais longos,
tipo de 1 minuto. Sai da escola e era isso que eu queria fazer, esses
filminhos. Fugi de fazer faculdade. Realizei dois curtas em codireção/produção/montagem/edição
de som/roteiro, enquanto me formava em cursos técnicos (que podem ser
considerados faculdade, como de fato foram), um se chama “Sobre Minhas Pernas”,
dirigido com o Danillo Marques, grande parceiro e irmão, e o outro é “O
Traveco”, dirigido com a Jeane Figueiredo. Os dois estão no Youtube, pra quem
quiser ver. Ainda enquanto estudava, fazia um filme chamado “Isso é uma Comédia
Desgraçada” e tive uma crise forte de não querer mais fazer filmes, daí, no
meio dessa crise eu fiz outro filme, montando um material de arquivo que tinha
aqui no PC. O resultado é talvez a coisa mais forte que eu já me propus a
fazer, disso saiu um filme chamado “Cohab”, que participa agora do 24º Festival
Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. Terminei o “Isso é uma Comédia
Desgraçada” e atualmente estamos começando a distribuir ele. Em paralelo aos
filmes que realizei, fiz a direção de fotografia de outros três curtas, som
direto em outros, montagem em outros, assistência de câmera e maquinaria em
outros. Parece muita coisa (é porque eu li a resposta e achei que parece) mas
na verdade todas as coisas foram feitas no tempo delas, juro.
Porque
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não dá dinheiro nem status. A
maioria das críticas e matérias de jornais sobre cinema são basicamente: veja o
filme, não veja o filme. Propaganda, babaca. Em jornais grandes, alguns
críticos me parecem interessante (não conheço muitos) e existe um numero bacana
de revistas online que se propõem a fazer um trampo sério de crítica. Nesses
espaços online, o curta tem espaço e atenção. Além disso você tem, é claro, as
opiniões em todo canto: blog, vlog, redes sociais. Isso não deixa de ser “mídia
e espaço”. Não vou falar nada específico do teu blog, porque não conheço quase
nada, e puxar o saco descaradamente ia fazer meu pau cair em sete dias.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não
sei exatamente. Acredito que é uma coisa cultural, porque hoje em dia
curta-metragem é curta-metragem e longa-metragem é filme. Uma
coisa que acho bacana é a exibição de curtas antes de uma sessão de longa, como
os filmes da Pixar fazem. Recentemente tivemos uma experiência assim com o
filme “Olhe Pra Mim de Novo” do Kiko Goifman, que na verdade era uma sessão
conjunta com o filme “Vestido de Laerte”. Mas também percebo que tem que haver
um olhar meio curatorial para uma sessão conjunta assim, no caso da Pixar
sempre sinto que são duas sessões separadas, mas acho sempre bem legal, o
público está ali, porque não né? No caso do outro exemplo que citei, não
vi os filmes, então não consigo emitir uma opinião além de dizer que achei
muito legal a iniciativa. Também tenho a impressão que isso não é uma coisa tão
nova assim quanto os exemplos que eu dei. Enfim, como eu disse, não sei
exatamente.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não
deveria haver um “campo” para liberdade de experimentação. Na verdade, se
existe, eu desconheço. Micro, curta, média ou longa, etc., sempre tem liberdade
de experimentação, o cinema é olhar com olhos livres. Só não tem liberdade pra
quem é bundão.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Não.
Qual
a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Se
for pra fazer sucesso e fama é fácil. Se rotule, vá a reuniões, “conheça”
pessoas, frequente lugares, more na Vila Madalena (ou região equivalente, que
“fica perto de tudo e dos lugares”), seja fodão contra tudo e todos e venda
isso como ser uma coisa muito legal, seja marginal pra ser herói, participe dos
festivais, participe, participe, “conheça” mais pessoas, adicione uma pitada de
fazer tudo isso inconscientemente. Receita simples, em qualquer escola de
cinema você acha ela e suas pequenas variações. Acho
que o que me interessa mais é a receita pra vencer O audiovisual brasileiro,
essa não tenho, deve ter gente que já tem. Tenho nem um ataquezinho barato e
engraçadinho pra brincar com convicções que vieram através de uma pouquíssima
experiência na “área”.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Atualmente
estou trabalhando na montagem de um. Captando material de arquivo para outro e
no meio de uma filmagem de outro. Todos com direção minha, feito com parceiros
e amigos do coração. Mas sim, penso em dirigir um curta futuramente! (risos).