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quinta-feira, 27 de abril de 2017
domingo, 16 de abril de 2017
sábado, 15 de abril de 2017
As HQs dos Trapalhões
"As HQs dos Trapalhões" no Canal 24 Horas: http://www.canal24horas.com.br/noticias/959-pesquisa-televisiva-vira-livro-as-hqs-dos-trapalh%C3%B5es.html
sexta-feira, 14 de abril de 2017
As HQs dos Trapalhões
Matéria de hoje no jornal "Diário do Grande ABC": http://www.dgabc.com.br/Noticia/2616564/trapalhoes-em-tirinhas
terça-feira, 11 de abril de 2017
A Bruxa do Chocolate
"Rap da Bruxa do Chocolate".
Letra e vocal: Zuzu Leiva. Produção musical e arranjos: Paulo Bira. Videoclipe:
Ricardo Botini. Ilustração coelha: Guilherme Resende. Inspirado no livro
"A Bruxa do Chocolate", de Rafael Spaca com desenhos de João Spacca.
Editora Laços.
Compre o livro: http://editoralacos.com.br/livros.asp?id=142&titulo=.A%20Bruxa%20de%20Chocolate&tipo=l
terça-feira, 4 de abril de 2017
sábado, 1 de abril de 2017
Os Trapalhões: a série
Hercilia
Cardillo, editora de som de filmes como "Atrapalhando a Suate";
"O Trapalhão na Arca de Noé", "A Filha dos Trapalhões" e
"Os Trapalhões e o Rei do Futebol" é a terceira convidada da série
"O Cinema dos Trapalhões, por quem fez e por quem viu". A série é uma
parceria da TV Cidade com a Editora Laços. Confira: https://www.youtube.com/watch?v=xlaZj1nes_s
Os Trapalhões: Benício
BENÍCIO
Cartazista, ilustrador
Como
surgiu o primeiro convite para trabalhar com Os Trapalhões? Eles
já tinham referência do seu trabalho. Por isso, o contato?
Surgiu
devido ao meu trabalho com cartazes de cinema já estar consolidado.
Seu
trabalho tem uma característica sensual muito forte. O senhor retratou grandes mulheres
do cinema nacional em imagens definitivas que hoje se tornaram clássicas. Como
é desenvolver cartazes para o público do cinema infantil? Quais as preocupações
que se deve tomar, especialmente nos filmes dos Trapalhões?
Focar
a ilustração mais para o lado da ação e evitar o erotismo.
Os Trapalhões fizeram
mais de quarenta filmes. Destes, qual é o cartaz que considera o mais genial e
o que menos gostou?
O
que eu mais aprecio é de O Cinderelo Trapalhão.
O de A Princesa Xuxa e Os Trapalhões não
aprecio tanto, por ter havido interferência no meu trabalho.
Essa
interferência foi da Xuxa?
A
interferência foi administrativa. A Xuxa tinha um contrato cuja uma das
cláusulas era que só podia ser ilustrada por um profissional determinado por
ela.
A
história que se conta – e só o senhor pode confirmar – é que o único Trapalhão que dava “pitaco” no seu
trabalho era o Dedé Santana, pedindo, entre outras coisas, para deixá-lo
mais bonito do que ele realmente era. Isso procede?
Ele
não dava “pitaco”.
Apenas sugeria que eu o deixasse mais bonito.
Neste
mês de janeiro de 2015, Renato Aragão foi perguntado pela revista Playboy se mudaria algo
em seus filmes se assim pudesse ser feito. E ele disse: “Eu mudaria, sim. Antigamente, nas fotos de cartaz,
botávamos os heróis, os quatro Trapalhões, de revólver na mão. Hoje, eu nunca colocaria uma arma
na mão dos heróis. Isso não pode jamais.”
Gostaria que comentasse essa declaração dele.
Não
me lembro de ter enfatizado em minhas ilustrações armas de fogo nas mãos dos Trapalhões.
O
que significou em sua trajetória artística essa parceria com Os Trapalhões?
Grande parte do sucesso
do meu trabalho devo aos Trapalhões.
Os Trapalhões: Bárbara Mendonça
BÁRBARA
MENDONÇA
Figurinista
Como
surgiu o convite para trabalhar com Os
Trapalhões?
Comecei
a trabalhar com figurino e direção de arte em 1982. Morava no Jardim Botânico;
e a produtora do Renato Aragão era próxima à minha casa, antes de ele ter seus
estúdios, a R. A. Produções, que anos depois seria construída na Barra. Na
época, a profissão de figurinista nem tinha tanto destaque, era o começo de uma
época de mais cuidado com a estética no filme brasileiro. Então, encontrei, na
esquina de casa, um amigo, técnico de som, que estava saindo da produtora e
falou que havia me indicado ao Del Rangel, que era o diretor e sobrinho de
Renato. Fui chamada e entrevistada, juntamente com outros indicados, e fui
contratada. Era o filme O Trapalhão na Arca
de Noé.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com eles, você já acompanhava os seus
filmes?
Olha,
eu sabia do “fenômeno”
de bilheteria que vinha acontecendo com os filmes dos Trapalhões, que eram
dois por ano, um para as férias de verão e outro para as férias de julho. Eram
filmes certos e cobiçados pelos profissionais freelances,
pois a produção dava boas condições de trabalho e era bem paga. Mas, talvez porque
meus filhos tinham menos de três anos, eu nunca tinha ido vê-los no cinema, ao
escolher um filme. Acompanhava de longe, as histórias, o programa de televisão
com os Quatro Trapas,
como eram carinhosamente chamados. Mas O
Trapalhão na Arca de Noé, segundo filme que assinei
como figurinista, foi o primeiro que fui ver na telona, na pré-estreia para
crianças, num domingo pela manhã no saudoso Cine Rian, na Avenida Atlântica,
levando meus filhos, assim como os outros membros da equipe fizeram. Foi uma
farra.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagens com Os Trapalhões?
Era
literalmente muito divertido! As filmagens envolviam viagens. Eram produções com
ótima estrutura, excelentes técnicos e boa remuneração. Lembro que, nesse
primeiro filme que fiz, fomos para o pantanal mato-grossense e foi muito lindo
o processo nesse lugar ainda bem inóspito. Lembro-me do Renato muito bem-humorado
e ágil, subindo em árvores com uma facilidade que me espantou... Ele e os
outros três Trapalhões tinham
dublês; mas muitas vezes o Renato dispensava o dublê e tomava a frente da ação,
encarava às vezes um jacaré, uma briga, uma corrida. E depois, nesse mesmo
filme, que por sinal teve a primeira participação da Xuxa, seguimos para Pousada
do Rio Quente, em Goiás. Tinha sempre bastante merchandising envolvido;
e, nesse caso, ficamos muito bem instalados nessa espécie de resort no meio da floresta,
além das paisagens incríveis para as tomadas. Posso dizer que foi uma
experiência de trabalho que deixou saudades e ótimas lembranças. A equipe se
divertia muito nos bastidores. Os técnicos das diferentes áreas acabavam ficando
amigos, pois outros filmes aconteciam em seguida, muitas vezes repetindo
equipe.
Você
trabalhou como figurinista nos filmes dos Trapalhões. Como era o
seu processo de trabalho nesses filmes?
Com
esse primeiro filme que fiz aconteceu uma coisa bem atípica. Renato teve uma
dissidência artística e profissional com Dedé, Mussum e Zacarias no processo de
pré-produção. E essa crise gerou dois filmes: O
Trapalhão na Arca de Noé,
do Renato; e Atrapalhando a Suate,
se não me engano era esse o nome, dos outros três, que criaram uma produtora à
parte, a DeMuZa. Foi uma separação que não deu certo, rachou equipe, público,
não foi bom para ninguém. Tanto que eles se entenderam e voltaram a filmar
juntos. Comecei o processo de criação com um roteiro para uma história com os
quatro. As coisas não se definiam, não tínhamos acesso aos outros Trapalhões, só ao
Renato, que todos os dias estava na produtora. Eles finalmente abriram a
situação, e entrou o Sérgio Mallandro. O roteiro foi alterado, pelo próprio
Renato. Então, foi tudo bem corrido; mas o figurino teve todas as condições
para cumprir cronogramas. Refizemos o projeto do figurino com as mudanças para
posterior aprovação do Del Rangel e do Renato. O Renato se envolvia em todos os
departamentos, sabia bem o que funcionava com os filmes em truques, piadas, e
em relação às suas roupas e tipos também. Mas era uma interferência normal. O
método de trabalho, nesse e nos outros filmes, era bastante artesanal. Fazíamos
tingimento e envelhecimento das roupas no quintal das produtoras, que foram
várias, pois nem sempre o Renato assumia o total controle de sede de produção e
produção executiva. As roupas eram confeccionadas numa garagem, geralmente com
duas costureiras. Era muito agradável e criativo.
Você
também trabalhou como diretora de arte. Conte sobre o seu trabalho nessa área.
Trabalhei
na direção de arte em vários outros projetos, com Os Trapalhões. Eu adoro
esses dois departamentos num filme, que caminham juntos e se complementam. Mas
acabei preferindo o vestuário; e, desde 1990, só trabalho com figurino. Seria
minha segunda escolha. E aprendi muito, exercendo as duas funções ao mesmo
tempo, pois tive a visão da estética num trabalho em conjunto. Foi excelente
para a meu trabalho com o figurino, deu-me uma abrangência que me vale muito em
palestras e aulas que dou. Até porque é fundamental o entrosamento do figurino
com a direção de arte e fotografia na narrativa visual do projeto. Foi
fundamental para minha formação.
Renato
Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência. Até
nos bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens
eram descontraídas?
É
fato! Eles eram totalmente gaiatos. Havia o pulso do diretor, claro, que
variava em cada filme e dava o tom. Mas eles eram bem divertidos e tranquilos
de trabalhar.
Como
era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Renato
se envolvia do roteiro ao cenário e figurinos, passando pela trilha. E havia
sempre uma última palavra dele. Mas sempre foi legal, bastante tranquilo mesmo,
lidar com todos eles. E, embora se envolvessem menos nos processos de criação e
produção, especialmente Zacarias e Mussum, tenho ótimas lembranças. Era muito
lúdico o trabalho com eles. Envolvia figurinos não realistas e sempre variando
em relação ao tema do roteiro: circo, guardas florestais, cangaceiros, bandidos;
enfim, bem diversificado e criativo.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Nossa,
era a “menina dos olhos”
dos técnicos de todas as áreas. Como se sabia serem dois bons trabalhos a
acontecer com certeza, todo mundo queria entrar na produção. Era uma honra, uma
sorte, um trabalho com muito prazer. Era isso: um prazer remunerado que, além
do mais, dava visibilidade ao trabalho do profissional.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Meu
predileto era o Mussum. Muito espirituoso, de uma forma nata. Mas o maior,
mesmo, com certeza, é o Renato Aragão. Acho que ele nasceu com um dom muito
dele e levou adiante até hoje.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Sim,
sim, acompanhava tudo! O figurino ele tinha bem esboçado na cabeça. Eu ouvia
muito ele, para entender o que ele queria; depois, sugeria detalhes que achava que
iam enriquecer o personagem. Ele aceitava, mas dificilmente abria mão da camisa
listrada e do sapato Kildare, que dava conforto e agilidade para ele.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Olha,
eu acho que, até um certo tempo, ele trazia coisas bem originais, com equipe de
qualidade artísticas. Havia essa preocupação. Era uma época bem diferente de
agora, sabe; e ele navegou num filão do apelo das crianças. Mas, para mim, o
que pegou foi roteiro, que eram medianos, apesar da intenção de entretenimento infantil
e para a família. E também repetitivos. Vamos combinar que é muito difícil
fazer dois longas de qualidade em um ano. Acho que o roteiro foi o grande
vilão.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Acho
que era um cinema feito em equipe, claro; mas como uma família. Até porque tinha
muitas pessoas da família do Renato Aragão e de Marta, sua primeira esposa, que
vieram do Ceará e se aventuravam em departamentos variados, com os quais tinham
afinidade. Pode se falar num nepotismo temporal, pois muitos desses familiares
não duraram por vezes dois filmes, encontraram outros rumos mais acertados; e
nepotismo relativo, pois tinham sempre técnicos de excelência nos projetos. E,
por mais que ele, Renato, variasse sempre nas parcerias com produtor executivo
e diretor, nunca deixou de ser o mentor de tudo, com o riso e o entretenimento
para as crianças em primeiro lugar, com pureza sempre como objetivo final.
Então, vejo como um tipo de cinema que, apesar das variações dos colaboradores
da equipe, se sustentou muito bem na proposta por bastante tempo, haja vista o
sucesso de bilheteria. Só que esse tempo passou, os desenhos animados tomaram
muito vulto nesse segmento. As crianças são sempre as crianças, mas o foco dos
tempos atuais é outro. Por isso, não vejo mais espaço no mercado para o Renato
e no caso, Dedé, os Trapas que
ainda vivem. Ficou uma relação defasada; mas de carinho, com esse público. Foi
bom, mas passou.
Os Trapalhões sempre
“brincaram”
em parodiar filmes e clássicos estrangeiros de sucesso para o cinema. Que pensa
a respeito dessa linha que eles seguiram?
Essa
foi a grande sacada do Renato, de trabalhar com os arquétipos e brincar com eles.
Esse é o segredo do sucesso dos seus filmes. Considero um gancho bem popular.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
Várias
coisas me chamaram a atenção. Mas acho que, de tudo o que presenciei, destaco a
fidelidade do Renato aos atores que ele trazia para os filmes e manteve enquanto
duraram seu programa. Os dublês, inclusive, pessoas de circo que tinham seu
biotipo e dos outros Trapas,
e os acompanharam por décadas nas sequências de acrobacia, cenas de perseguição
etc; cenas que havia muito nos filmes. E também, especialmente num filme que
fiz em 1991, com somente ele, Mussum e Dedé, houve um fato que me chamou demais
a atenção. O simbolismo da coisa. Renato havia se separado da primeira esposa,
e estávamos filmando em Manaus. Então, chegou a jovem, hoje esposa dele, que me
contou na lancha camarim de Renato, enquanto eu preparava as coisas para uma
próxima cena, que ele era o ídolo da infância dela. Quando adulta (coisa de
quarenta mais jovem do que ele), encontraram-se profissionalmente num evento
que ela produzia. Ela se apaixou por ele; e ele, por ela. E vivem felizes para
sempre. Conto isso como exemplo dos Trapalhões,
mitos de toda uma geração, que assistia a seus programas e, posteriormente, os
filmes. E a penetração deles foi tão forte que se perpetuou, digamos assim,
através da filha de Renato Aragão, hoje atriz também. Conto esse fato porque
acho forte essa “mão do destino”
ou o que quer que seja que determinou isso.
Os Trapalhões: Aurora Chaves
AURORA
CHAVES
Continuísta
Você
trabalhou junto à direção do filme Os
Trapalhões e a Árvore da Juventude, como
continuísta. Como recebeu o convite para trabalhar com Os Trapalhões?
Já
havia trabalhado com José Alvarenga Júnior em outros filmes em 1986; e, em 1987,
ele me convidou para filmarmos pela primeira vez com Os Trapalhões em Os Fantasmas Trapalhões. A
direção foi de J. B. Tanko, e Alvarenga foi o diretor assistente. Voltei a
trabalhar com eles em: Os Trapalhões na
Terra dos Monstros, com direção de Flávio Migliaccio.
Depois, em A Princesa Xuxa e Os Trapalhões,
O Mistério de Robin Hood e
Os Trapalhões e a Árvore da Juventude,
todos três dirigidos por José Alvarenga Júnior. O convite sempre partiu da
direção. Continuísta é cargo de confiança da direção.
Você
já trabalhou em outras produções cinematográficas, com outros diretores e
outros atores. Que sigifica para a sua carreira esse trabalho com Os Trapalhões?
Sempre
gostei muito de trabalhar com Os
Trapalhões por muitos motivos: gostava de trabalhar
para crianças, amava fazer humor com eles, as produções eram de excelente
nível, a equipe com os melhores profissionais do mercado e o clima de trabalho
sempre muito familiar e divertido. Tenho Renato, Dedé, Zacarias e Mussum como
grandes amigos. Tenho muita honra e orgulho de ter participado dos filmes
deles.
Qual
era o diferencial de Renato, Dedé e Mussum?
Renato
Aragão é um grande artista e sempre soube ser um grande empresário. Reuniu um
grupo excelente de humoristas brasileiros e desenvolveu um trabalho que
agradava a todas as idades. Crianças e adultos assistiam Os Trapalhões em casa e
no cinema, ele filmava para as férias de julho e de dezembro. Via o cinema com
os olhos de cineasta, sabia que filme queria fazer. Teve uma das melhores
produtoras de Cinema do Brasil, a R. A. e mantinha sempre excelentes profissionais
nos seus trabalhos. Ajudou muito a indústria cinematográfica brasileira a
desenvolver-se, mantendo-se sempre muito bem atualizado tecnicamente em
excelentes produções. Desenvolveu com Os Trapalhões
uma linguagem própria na televisão e no
cinema, misturando um humor chapliniano a um trabalho único de cartoon do Zacarias, trazendo o
urbano brasileiro com Dedé e a malandragem e ritmo do Mussum. Nenhum grupo de
humor foi tão longe por tanto tempo.
No
filme Os Trapalhões e a Árvore da
Juventude, Os Trapalhões são
guardas ambientais que tentam preservar a floresta amazônica da devastação. Em
toda a filmografia de Renato há essa preocupação com o meio ambiente. Nesse
filme, ela é ainda mais explícita. Ele mencionava essa preocupação para vocês?
Ele
sempre participou do roteiro, escolhendo os temas e a abordagem. Sabíamos que
ele aprovava tudo e todos; mas no set de
filmagem ele se entregava totalmente ao humor, sendo muitas vezes
indisciplinado como uma criança feliz e fazendo todos se lembrar que estávamos
ali para fazer um lindo trabalho de humor. Ele sempre brincou com a fantasia e
a realidade, misturando tudo e aproveitando para mandar seus recados. A
ecologia era um deles.
Onde
essa produção foi filmada?
No
Rio de Janeiro e em Manaus, no Rio Negro.
Os
filmes dos Trapalhões eram
bem recebidos pelo público, mas poucos foram premiados. Nesse caso, em
particular, vocês foram premiados no III
Festival de Cine Infantil de
Ciudad Guayana (Venezuela), em 1993. Qual foi a repercussão entre vocês dessa
premiação?
Premiação
é algo sempre muito político, mas também é o reconhecimento do trabalho. Foi
muito bem-vinda e deixou todos felizes.
Esse
foi o último filme dos Trapalhões
com o trio remanescente, após a morte de
Zacarias. Foi também o último filme de Mussum, falecido em 1994. Gostaria de
saber se havia, nas filmagens, uma tristeza entre os integrantes (Renato, Dedé e
Mussum) com a ainda recente morte de Zacarias.
Estávamos
no Rio Negro, filmando uma sequência de ação; e reparei que uma borboleta
estava há algum tempo entre nós na margem do rio. O Renato chegou, e essa
borboleta pousou nele. Comentei com o Renato que ele tinha sido o único escolhido
por ela. Ele me disse na hora: “É o
Zacarias que está cuidando da gente. Vai trazer sorte.”
Tive que segurar as lágrimas e admitir que pensava o mesmo. Zacarias era uma
pessoa muito doce e espiritualizada.
Quais
as lembranças que você possui do Mussum?
As
mais alegres e divertidas. Mussum era uma pessoa muito querida, mas muito engraçada
e nada escapava ao humor dele. Em O
Mistério de Robin Hood, ele trabalhava no
circo e limpava a jaula dos elefantes. Na hora de filmar, Mussum resolveu
chamar a elefanta de Auroris;
e a elefanta fazia a maior bagunça com ele e jogava com a tromba tudo em cima dele,
inclusive água. Eu tive que me controlar para não rir em cena e estragar tudo.
Toda a equipe se segurou e riu junto, assim que Alvarenga gritou “corta!” Ri muito e fiquei
lisonjeada com a homenagem.
Que
representou para você trabalhar no filme em que foi usado pela última vez o
termo Trapalhões no
título?
Foi
o apagar das luzes da produção nacional. O presidente Fernando Collor havia
acabado com a Embrafilme, e a produção de filmes ficou totalmente parada por
alguns anos. Esse foi o último filme desse período e também dos Trapalhões. Hoje,
vejo nessa coincidência uma parada brusca na produtividade cultural.
Pessoalmente, foi o término da minha carreira no cinema; depois, migrei para a
tevê, onde estou até hoje.
Renato
Aragão, Dedé e Mussum tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas?
Sim,
muito descontraídas. Nunca houve briga ou clima pesado. Ao contrário, a
brincadeira imperava. Renato sempre escondia a claquete ou o microfone para na hora
de rodar quebrar a tensão e fazer a equipe rir. Também provocava erros no final
das cenas, para gerar uma nova piada ou brincadeira entre o elenco. Impossível
contracenar com ele sem rir.
Havia
muita improvisação?
Sim,
ele provocava para ter cenas engraçadas com “erros”.
Uma espécie de “falha nossa”.
Quais
as recordações que possui do filme?
Navegar
no Rio Negro por dias foi uma das melhores experiências. Na época, Manaus ainda
era Zona Franca; e o consumo era uma das atrações. Walter Carvalho fez uma luz
linda, e toda a equipe se uniu muito com a viagem. Foi muito prazeroso.
Quais
as lembranças da direção do cineasta José Alvarenga Júnior, nessa produção?
Sempre
me diverti trabalhando com o Alvarenga, ele ri baixinho durante a filmagem. Tem
sempre objetividade, facilitando o fluir do humor. Nossos ensaios eram sempre
democráticos, e somente quando todos estavam prontos ele rodava. Gosto muito de
trabalhar com ele.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Os Trapalhões sempre
tiveram apelo comercial; e, apesar de as produções buscarem técnicas novas, os
filmes buscavam diversão para todas as idades e não críticas sociais ou
propostas estéticas ousadas. Eram feitos para crianças de todas as idades.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um
produto de humor 100% nacional! Feito para todas as idades.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade desse filme, em especial do seu trabalho.
Tudo
que posso me lembrar termina com uma boa gargalhada. Até mesmo quando tudo
parecia poder gerar um problema, terminava com bom humor. Muita vezes precisei
dar conta sozinha de duas ou três câmeras rodando simultaneamente. Mas, sempre
que a situação me deixava tensa, Renato ou Mussum me faziam rir. Ganhei muita
velocidade com esses filmes, mas ganhei também grandes amigos e muitas risadas.
Os Trapalhões: Andréa Faria
ANDRÉA
FARIA
Atriz, paquita da Xuxa
Você
trabalhou com Os Trapalhões no filme Os
Trapalhões e a Árvore da Juventude. Como
e por quem recebeu o convite para trabalhar com eles? Como foi a experiência?
Já
trabalhava com eles na televisão. Foi meio que automático o Renato me convidar.
Na realidade, teria sido o segundo filme, pois tinha sido convidada também para
fazer Os Trapalhões na Terra dos Monstros.
Então, ainda era paquita; e por alguns outros motivos não fiz.
Que
representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões, que
eram certeza de sucesso de bilheteria?
Realizei
um sonho, sem dúvida. O sucesso era uma consequência do histórico programa dos Trapalhões.
No
filme, Os Trapalhões são
guardas ambientais que tentam preservar a floresta amazônica da devastação. Em
toda a filmografia de Renato há essa preocupação com o meio ambiente. Nesse
filme, ela é ainda mais explícita. Ele mencionava essa preocupação para vocês?
Era
e é uma realidade, sim; ele mencionava e muito.
Onde
essa produção foi filmada?
Foi
no estúdio da Cinédia, na Floresta da Tijuca e em Manaus.
Os
filmes dos Trapalhões eram
bem recebidos pelo público, mas poucos foram premiados. Nesse caso, em
particular, vocês foram premiados no III
Festival de Cine
Infantil de Ciudad Guayana (Venezuela), em 1993.
Qual foi a repercussão entre vocês dessa premiação?
Rapaz,
nem sabia!! Estou sabendo por você!!! Que bom!
Esse
foi o último filme dos Trapalhões
com o trio remanescente, após a morte de
Zacarias. Foi também o último filme de Mussum, falecido em 1994. Gostaria de
saber se havia, nas filmagens, uma tristeza entre os integrantes (Renato, Dedé
e Mussum) com a ainda recente morte de Zacarias.
Na
realidade, no programa de televisão a morte dele foi sentida mais, porque o Zacarias
se foi e o programa continuou, até que entrou Jorge Lafond, Tião Macalé e
Conrado como personagens fixos e eu fazendo várias participações. Gravava- se
toda semana. E Conrado, que participou do último filme do Zacarias, diz que já
sentia ele debilitado...
Que
representou para você trabalhar no filme em que foi usado pela última vez o
termo Trapalhões no
título?
Com
certeza, é um grande orgulho ter esse trabalho no meu currículo.
Renato
Aragão, Dedé e Mussum tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas?
Procede.
Era tudo muito divertido... Mussum era sem igual, e Renato Aragão sempre foi o “armador” de todas as
brincadeiras!! Era muito bom!!
Havia
muita improvisação?
Nós
decorávamos o texto por obrigação; mas tinha que ficar ligado, porque havia
mais improvisação do que o próprio texto... se você não estivesse na mesma
sintonia, dançava.
Quais
as recordações que possui do filme?
Uma
das coisas interessantes do filme é que ficávamos em trailers, era bem que um
acampamento mesmo. Tinha bastante ensaio, para não errar, pois película é cara.
Tínhamos de acertar de primeira. Em dois meses estava tudo filmado.
Quais
as lembranças da direção do cineasta José Alvarenga Júnior, nessa produção?
Alvarenga
é um grande diretor. Amei poder trabalhar com ele e fico orgulhosa de ter ganho
muitos elogios...
Tião
Macalé era considerado o quinto Trapalhão.
Quais as lembranças dele?
Tião
era muito simples, sempre muito carinhoso comigo. Tive boas cenas com ele... e
não podia comentar do Flamengo, que ele ficava xingando todo mundo.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Normalmente,
humor e infantil brasileiros geram preconceito... Mas quem comanda mesmo é o
público; e, para mim, isso é o que vale.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Olhar,
gestos, atitudes totalmente infantis. O clássico besteirol dos Três Patetas!
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato que tenha presenciado como testemunha
ocular.
Tudo
para mim era encantador... Estava fazendo meu primeiro filme, com Os Trapalhões e com meu
futuro marido junto. Já conhecia a Cristiana Oliveira (Krika) há tempo e também tive o prazer de conhecer a Glenda
Kozlowski. Afinal, tenho isso no meu currículo!!!
Os Trapalhões: Arlindo Silva
“Dos 500 capítulos de Chaves foram aproveitados 400, que
demoraram quase três anos para serem dublados, sonorizados e editados. Quando tudo ficou pronto, Silvio (Santos) me
perguntou o que eu estava achando do seriado. Respondi que se tratava de um produto
barato, sem qualidades em termos de televisão atual, que pecava pela
iluminação, pecava nas cores, sempre muito fortes; enfim, percebia-se que o
cenário simples da vila era de papelão. Mas comentei que preferia ver minha
filha de quatro anos assistindo a esse humor puro, de circo, como o que eu
assistia no Piolim, ao humor que víamos nos Trapalhões, impregnado de erotismo
desnecessário. Contei a Silvio que enviara cópias de alguns capítulos aos
diretores de programas do SBT para opinarem, e todos tinham considerado o
seriado uma droga, uma porcaria. Foi aí que Silvio determinou que se preparasse
cinco capítulos para colocar no ar como experiência. Isso aconteceu em 1984”.
Página 112. Trecho do
livro “A Fantástica História de Silvio Santos” (Arlindo Silva, Editora do
Brasil).
Os Trapalhões: Alfredo Sternheim
RENATO ARAGÃO: 80 ANOS
Há
décadas que o ator continua dono de um carisma e um vigor criativo raros de se
ver por muito tempo entre os comediantes
POR: ALFREDO
STERNHEIM / 16/01/2015
/ Revista da Cultura
Se o cearense Antonio Renato Aragão tivesse feito carreira
fora do Brasil, o seu nome seria mais louvado, principalmente pela crítica. Mas
esta, entre nós, há anos que geralmente demonstra certa ojeriza com a comédia e
com os comediantes. Lembro que, ao reverenciar o talento de humorista e diretor
de Jerry Lewis em crítica no jornal O Estado de S.Paulo quando do lançamento de O
professor aloprado no
final de 1963, quase fui linchado por colegas e intelectuais. Depois, já
festejado pela consagrada revista francesa Cahiers Du Cinéma, o
tratamento ao gênio americano aqui passou a ser outro. Quanto à rejeição aos
nossos talentos na área do riso, ela existe e acho que já existia nos anos de
1930 em relação a Genésio Arruda, ator de alguns dos primeiros filmes sonoros
nacionais. Na época da Atlântida, por volta de 1950, às produções com Oscarito
e Grande Otelo também costumavam ser execradas sob o rótulo de chanchadas. Esse
desprezo prosseguiu com as realizações protagonizadas por Mazzaropi. Em todos
os casos, o Tempo acabou falando mais alto e a visão a respeito passou a ser
positiva. Em especial com aqueles que já estão mortos: agora são cult.
Não é o caso de Renato Aragão. Ele chegou aos 80
anos no último dia 13 de janeiro fazendo o que mais gosta: atuar. Os festejos
começaram no palco de um teatro onde trabalha ao lado da filha Livian. Já na
mídia, houve menos destaque para um aniversário que precisava ser realçado;
afinal, não é sempre que um comediante chega a essa idade oferecendo
inalterável o carisma que o torna ídolo há mais de quatro décadas. Até no
exterior, é difícil encontrar na comédia, atores como ele, com muita exposição
na TV e no cinema, que conseguem ser criativos e aplaudidos por muitos e muitos
anos seguidos. O desgaste chegou para gente como Jerry Lewis, Jacques
Tati e outros mestres do gênero.
Em vez de loas, nesta fase de questionamentos
sobre o que é politicamente incorreto no humor, Aragão se viu em polêmica após
certas afirmações suas sobre as piadas que fez, durante muito tempo, citando
gays e negros. Sempre com a companhia do negro Mussum e do delicado ou
desmunhecado Zacarias, seus companheiros junto com Dedé no grupo Os Trapalhões.
O quase linchamento do ator só não prosperou porque ocorreu a tragédia com a
revista Charlie Hebdo em Paris. Em defesa da liberdade de
expressão e contra o terrorismo, muitos vestiram a camiseta com os dizeres Je
Suis Charly. Não faria sentido insistir na condenação de Aragão
que, junto ou não com o seu grupo, apresentou um humor criado em cima de
protótipos, de características físicas. As situações em um contexto até
delicado jamais acirravam o preconceito, o desprezo. Caso se considere
ofensivas essas piadas, temos também que fazer barreiras contra aquelas que
utilizam os portugueses, as loiras, os judeus e os muçulmanos.
Independente de se gostar ou não de Aragão, ele
tem no cinema nacional uma grande importância. Mesmo com uma exposição contínua
na televisão, vários dos mais de 50 filmes que protagonizou desde 1966 se
incluem entre os vinte campeões de bilheteria da produção brasileira em todos
os tempos. Em uma lista publicada em 2011, lá estavam (pela ordem) O
trapalhão nas minas do rei Salomão (1978), Os
saltimbancos trapalhões (uma
obra prima lançada em 1981), o moderno Os trapalhões na guerra dos planetas (1978), Os
Trapalhões na Serra Pelada (1982), O
cinderelo trapalhão (1979),O casamento dos trapalhões (1988), Os
vagabundos trapalhões (1982), O
trapalhão no planeta dos macacos (1976)
eSimbad, o marujo trapalhão (1976).
Está certo, quase todos são com o quarteto dos
Trapalhões. Mas, mesmo depois que, gradativamente, o grupo foi se desfazendo
após as mortes de Zacarias e Mussum, os longas com Renato continuam atraentes
para o grande público. E o ator-produtor, na sua intenção de parodiar, seguiu
pegando carona nos êxitos internacionais e se preocupando com as encenações e
com a escolha dos diretores. É verdade que, nesse sentido, foi mais feliz nos
anos de 1970, quando se apoiou no talento de cineastas como J.B.Tanko e Adriano
Stuart, artesões criativos e nada afeitos ao brilho fácil. Porém, acumulando a
criação e outras tarefas, ele não deixou de respeitar o público no esmero das
encenações e continuou com a graça e a simpatia que o transformaram em um
legítimo ícone da nossa comédia, do nosso cinema. Por isso, parabéns pelos 80
anos. Mais do nunca, je suis Renato.
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