O Sesc Carmo convida o escritor Rafael Spaca e o designer César Sandoval para realizarem o bate-papo sobre a importância do gênero que une entretenimento, literatura e artes visuais. Local: Auditório (3º andar). 26/7/17, quarta-feira, às 18h30.
quinta-feira, 20 de julho de 2017
sexta-feira, 7 de julho de 2017
Gibi Tem História
Sob a mediação de Rafael Spaca, o Sesc Carmo promove a palestra "História da História em Quadrinhos". Kendi Sakamoto e Paulo Ramos falam sobre a história dos HQ's e suas possibilidades de futuro no Brasil. Dia 11/7, das 18h30 às 20h no Sesc Carmo.
domingo, 2 de julho de 2017
Os Trapalhões: a série
Dick
Danello, além de atuar, compôs a trilha-sonora do filme "O Ilha dos
Paqueras" (1970), um dos primeiros filmes de Renato Aragão e Dedé Santana.
Dick é o sexto convidado da série, uma parceria da TV Cidade com a Editora
Laços. Assistam: https://www.youtube.com/watch?v=4pNDQb08Mzg
Os Trapalhões: Dedé Santana
Dedé
Santana
Trapalhão
Sua
família o criou entre artistas de circo. Essa criação foi um fator
preponderante para a sua opção de ser artista?
É claro
que foi, pois já nasci artista, na oitava geração circense. Artista não só de
palco, como de picadeiro.
Que
função exerceu, ao entrar, com apenas três meses de vida, no seu primeiro
espetáculo circense?
Era uma
peça, A Cabana do Pai Tomás, um drama em que eu fazia o filho de uma
escrava. Então, com três meses de idade, eu entrei no colo da minha mãe, que
também era minha mãe no drama.
Quais
as suas principais recordações do trabalho com o seu irmão, o Dino Santana que,
juntos, formavam a dupla Maloca e Bonitão?
Tenho
várias recordações. A primeira era no circo em que eu era o palhaço e ele era o
clown. Depois, criamos o Maloca e o Bonitão. Atravessamos várias fases,
até chegarmos a ter tanto nome quanto tem a dupla Dedé e Didi.
O
filme Na Onda do Iê-Iê-Iê foi primeiro filme com a dupla Renato Aragão e
Dedé Santana. Você imaginava que esse filme seria o primeiro de uma rica
filmografia que você construiu ao longo da vida?
Tinha
tanta certeza, que eu corri muito atrás na época. O meu sogro Átila Iório nos
ajudou muito. E eu fui muitas vezes, durante mais de um mês, falar com o
produtor, até que um dia ele resolveu fazer um filme em preto e branco com a
gente. Era o Na onda do Iê-Iê-Iê. Eu já tinha certeza do sucesso da
dupla no cinema. E não deu outra, não foi diferente do que eu imaginava.
Por
atuar, escrever e dirigir cinema, parece-me que o seu maior interesse sempre foi
a Sétima Arte. Isso procede?
É
engraçado, eu sempre adorei cinema. Desde pequeno, eu aproveitava restos de
filme, quadrinhos de filme. Com óculos de aumento, eu já projetava algumas coisas
na parede. Eu sempre gostei de direção de cinema e sempre achei que eu era mais
diretor do que ator. Dirigi vários filmes, ajudei nos roteiros. Colaborei muito
com o cinema nacional.
Apesar
da sua formação circense, em algumas cenas dos filmes você não dispensava a
figura do dublê, não é? Se sim, gostaria de saber se era o próprio Baiaco, dublê
de Renato, que fazia as suas cenas.
É... até
era meio uma burrada minha, mas eu me arriscava. Sempre gostei de fazer minhas
próprias cenas. O Baiaco era dublê do Didi. Aliás, é até hoje. Faz quase
quarenta/trinta anos que é dublê dele. Pelo fato de eu ter feito oito números de
circo, ter feito barra, trapézio, globo da morte, acrobacias, parada de mão, tudo,
achava que não era necessário usar dublê. Meio arriscado, mas foi assim que
aconteceu.
Em
alguns momentos, vocês chegaram a rodar cenas dos filmes no Teatro Fênix. Como
era trabalhar lá?
Sim, nós
rodamos cenas no Teatro Fênix. Foi assim: eu vi uma reportagem nos Estados Unidos
e dei a ideia de fazer o primeiro filme; aliás, esse foi o primeiro filme no
Brasil feito em VT. Foi uma ideia aqui do seu amigo. E a gente acabou por aproveitar
equipamento, gravamos várias cenas em uma coprodução com a Globo, que foi
também o primeiro filme da TV Globo em parceria com outros coprodutores. E foi
o Dedé que teve essa ideia.
O
filme A Ilha dos Paqueras foi uma produção da Boca do Lixo de São Paulo?
Se sim, quais as suas recordações de lá?
Eu estava
entrosado na Boca do Lixo, trabalhando em produção, edição. E eu tive a ideia
de fazer esse filme. Juntei-me com Fauzi Mansur, que era um bom diretor. E
conseguimos convencer o Renato Grecchi a fazer um filme, e ele deu a ideia de
fazer a A Ilha dos Paqueras. No início, era um desastre de avião; mas, como
não foi possível, eu tive a ideia de transformar tudo para um navio. E, junto
com o Fauzi Mansur escrevi o roteiro; e a gente acabou fazendo o filme.
O
personagem Dedé ficou marcado como o mais sério dos Trapalhões (fato que
você mesmo admite em entrevistas sobre o seu personagem), por ser ele o que agia
de maneira mais normal, talvez para que o personagem se diferenciasse um pouco
dos seus três amigos, exageradamente hilários. Como compôs o seu personagem? Foi
sua opção ser o “escada” do grupo?
Na
realidade, tudo começou com uma dupla: Dedé e Didi. Eram os dois comediantes; e
chegou uma altura que eu vi que isso não estava dando muito certo, os dois
fazendo piada. E eu chamei o Renato e falei para ele: “Olha eu vou
passar a ser o ‘escada’.” E ele falou: “Mas, rapaz, você pode se
prejudicar.” Ele não queria, e eu falei: “Não, cara. Eu sinto que você é
muito mais engraçado do que eu; então, eu vou fazer ‘escada’ para
você.” E ele acabou concordando, e realmente foi o que deu certo. E, quando
formamos Os Trapalhões, que você já conhece a história, eu trouxe o
Mussum para o grupo e o Renato trouxe o Zacarias. Foi aí que ficou bem mais
difícil para mim. E uma vez o Lúcio Mauro me falou isso: “Fazer ‘escada’
pra um é difícil, você faz pra três. Você é um herói.”
Depois
dos Trapalhões, o cinema nacional pouco produziu para as crianças. Por que
há tanta resistência em criar para o público infantil?
Olha não é
pra gente se gabar, não; mas vou lhe dizer é muito difícil fazer filme na linha
infantil, na linha pra criança. Nós, graças a Deus, demos certo, muito com a
ajuda do J. B. Tanko, que merece muito mérito nessa escala nossa no cinema. Mas
o pessoal pode ver que todos os filmes feitos para criança não deram muito
certo, com raras exceções.
Quais
as suas principais recordações do Ted Boy Marino? E por que, ao contrário da
televisão, ele participava pouco dos filmes?
Tenho até
hoje saudade do Ted Boy Marino, que era um grande colega. Mas ele não era
especificamente para o cinema. Tinha também o problema do idioma. Ele falava
meio enrolado. E, se dublasse, perdia a espontaneidade. Mas, no princípio, na
primeira formação dos Trapalhões, ele funcionou muito bem, pois a luta,
a luta livre, estava em evidência.
A
crítica elege Os Trapalhões no Auto da Compadecida como o melhor filme do
quarteto. E você, qual elegeria?
Quem sou
eu para discordar da crítica? Ariano Suassuna, história maravilhosa... Mas a
minha opinião é diferente. O filme mais lindo dos Trapalhões é O Trapalhão
na Ilha do Tesouro, éramos só o Didi e eu. O mais engraçado é O
Mistério de Robin Hood. E o melhor trabalho nosso é Aladim e a
Lâmpada Maravilhosa, melhor trabalho do Dedé e Didi. E o filme da menina
dos meus olhos é A Filha dos Trapalhões; em seguida, vem Os
Três Mosqueteiros Trapalhões.
Por
qual razão, apesar do grande sucesso, vocês ganharam raríssimos prêmios em
festivais de cinema no Brasil?
Eu vou
falar sobre o prêmio. Vou falar em meu nome, não é em nome dos Trapalhões e
nem do Renato. Na época em que o público não queria saber de cinema nacional,
nós conseguimos levar uma multidão, cento e cinquenta milhões de
telespectadores, sem contar nas trutas que tinham na bilheteria... O número de
espectadores deve ter sido muito maior, né? Eu acho que eu, Dedé Santana, já
merecia uma homenagem, principalmente lá em Gramado – a minha mulher é
do Rio Grande do Sul, e eu sempre toco nesse assunto. Eu acho que eles deveriam
fazer uma homenagem para o Oscarito, pra mim, pro Renato Aragão. Acho que
a gente já merecia isso. Ou vão esperar a gente morrer para fazer isso? Vai ter
que ser rápido, nós já estamos com mais de oitenta.
Para
finalizar, o Tião Macalé era considerado o quinto Trapalhão?
Não
existiu e nunca teve quinto Trapalhão. Tinha os colaboradores no elenco,
que o Renato gostava muito e eu também. Tem o caso do Sargento Pincel que está
com a gente desde o começo; o Tião Macalé; o Carlos Kurt, aquele alemão do olho
azul, grande; o próprio Átila Iório; Dari Reis... São pessoas que nos acompanharam
durante muitos anos. Mas os Trapalhões realmente só eram os quatro:
Dedé, Didi, Mussum e Zacarias. Quer saber a verdade? Nem eu me considerava muito
dos Trapalhões. Eu era e sou, sempre fui fã dos Trapalhões. Fã número
um do Mussum, do Didi, do Zacarias. Eu sempre fui fã deles, tanto é que eu ria
em cena e dou risada até hoje. Por isso, eu optei por ser “escada”.
Os Trapalhões: Cristina Prochaska
Cristina
Prochaska
Atriz
Você
atuou no filme Uma Escola Atrapalhada. Como e por quem recebeu o convite
para atuar nesse filme? Como foi a experiência?
O convite
veio do Renato... Eu já havia feito várias participações no programa de
televisão deles e dei-me muito bem com ele e com o resto do grupo. Foi meu
primeiro longa-metragem e minha primeira chance de protagonizar um filme.
Adorei a experiência.
Que
representava, naquele período, protagonizar um filme com Os Trapalhões,
que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Protagonizar
um filme deles era um sonho, pois, além de ter a oportunidade de trabalhar com
um grupo tão famoso e talentoso, eu estaria mostrando minha capacidade como
artista para milhões de pessoas.
Quando
a Globo se associou aos Trapalhões, ela seguiu uma diretriz de sempre
convidar famosos (globais ou não) para atuar nos filmes. Nesse caso, foi a
Angélica e o Supla. Que achou da escolha?
Acredito
que eram os jovens que estavam em evidência na época, principalmente Angélica
começando sua carreira; e o filme necessitava de um casal jovem que cantasse.
Eles tinham a proposta de misturar a linguagem de videoclipe e cinema, num
contexto escolar, onde sempre há pequenos flertes, romances. O elenco era
magistral. Os atores, maravilhosos. O Supla não “decolou”, mas gosto
muito do trabalho dele no filme. Era o que a produção queria na época.
Quais
as suas lembranças do filme Uma Escola Atrapalhada? Onde esse filme foi
filmado?
Deliciosas
lembranças. Produção impecável, como tudo o que o Renato põe a mão. Filmamos no
Rio de Janeiro em três semanas. Tudo em locação, não fizemos em estúdio.
Relate
as deliciosas lembranças. Em qual escola do Rio foi feita a locação?
Recordo
que foi numa escola da Tijuca. Está exigindo demais da minha memória, Rafael.
Como
foi a sua participação no filme? Como compôs a sua personagem?
Fazer o
par romântico com o Marcelo Picchi e o contraponto com o Renato, que tinha em
seus personagens essa característica do “amor impossível”, foi bacana.
Eu interpretava uma professora e não foi difícil, mesmo para uma estreante no
cinema, pois ser dirigida por Del Rangel e com a apoio do Renato, que está
sempre perto da direção, deram-me o substrato que eu precisava. Foi uma
experiência deliciosa.
Como
Del Rangel conduziu todo o processo fílmico? Como era a sintonia dele com
Renato, sempre por perto?
O Del
também começava como diretor novo. Muito profissional e seguro. A produção era
toda muito jovem. Acredito que tenha sido uma opção do Renato, para impor de
certa forma a linguagem da juventude. Del sempre foi calmo e focado.
Quais
as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
Quatro
irmãos sempre batendo bola, sempre aprontando uma novidade. Muito talentosos,
todos eles.
Que
tipo de bate-bola se refere?
Eles
tinham uma química muito deles. Trabalhavam em grupo, ensaiavam entre eles
também e sempre rolava uma brincadeira na hora do “ação”, como se eles
se provocassem, no bom sentido. Eles tinham o prazer de “inventar”
alguma coisa, um “‘caco”, como chamamos. Os “reis” da
improvisação. Chico Anysio era assim também, provocar a reação da improvisação
nos outros atores em cena.
O
filme foi o último com a participação de Zacarias, que faleceria naquele ano. A
aparição dele no filme é melancólica, muito magro, abatido, numa cena curta.
Como foi o seu contato com ele? Ele já estava doente?
Sim, o bom
Zacarias já estava doente. Mas sempre no pique, mesmo tendo que ser poupado em muitas
cenas. Deliciosa pessoa. Trabalhei com ele na televisão, no programa; e sempre
foi um querido e apaixonado pela profissão. Uma perda triste.
Em
nenhum momento Zacarias pareceu esmorecido?
Ele
precisou ser poupado algumas vezes, sim. Prefiro não comentar isso, querido.
Como
Didi, Dedé e Mussum compartilharam esse momento com o Zacarias?
Como
irmãos que perdem um irmão. Foi triste. Sempre com o maior cuidado com ele.
Refiro-me
ao vê-lo baqueado pela doença...
O Zacarias
lutou muito. Um guerreiro, e o filme foi importante para ele. Prefiro não
detalhar isso.
O
personagem de Zacarias, assim como os de Dedé Santana e Mussum, fizeram apenas
uma breve aparição. A sensação é que pareciam figurantes no filme. Isso procede?
Não... É
natural que o Renato apareça mais. E o roteiro era assim mesmo. Nunca podemos
dizer que os três eram figurantes. Cada um tinha seu momento de “brilho”,
mas o Renato sempre foi o cabeça de chave do quarteto. Todos sabem disso. Ele “criou”
o quarteto.
Mas
nesse filme especificamente eles apareceram muito menos que o normal.
O roteiro
era assim. O Renato sempre foi o cabeça de chave. Não vejo nada demais nisso.
Apesar
do sucesso de bilheteria, o filme é considerado pela crítica o pior filme antes
da morte de Zacarias. Qual é a sua opinião a respeito?
Bom, eu
não acho isso. Se o filme é sucesso de bilheteria e depois de vendas de DVD’s
como esse foi, é sucesso. O que a crítica talvez não gostou foi a linguagem nova
que se propôs na época. Era fora do “padrão” do que sempre era
apresentado por eles. Havia uma tentativa de uma nova linguagem. Videoclipe e
Cinema - Música e Cinema para crianças. Eu pessoalmente acho o filme bem
bacana. Gosto do roteiro e do desenho das personagens.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Renato Aragão é um dos maiores atores deste país. Isso é fato. Ele é engraçado e
espirituoso naturalmente, sem se esforçar. Para mim, Renato e Chico Anysio são
os maiores nomes da Comédia, são atores completos. Chico agora aplaude lá de
cima.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Ele
acompanha absolutamente tudo. Ama o que faz e, mesmo com a chegada de seu filho
Paulo e do diretor Marcus Figueiredo anos depois, ele continua participando de
tudo.
Acredita
que essa característica de Renato o torna diferente, um profissional de
sucesso?
Sim, O
Renato é diretor, roteirista, produtor, ator. Um artista completo e
extremamente sensível. Merece ser reconhecido como um dos artistas mais
completos do país. Contracenar com ele é uma experiência deliciosa. Ele está
sempre atento, muito carinhoso com a equipe, com as pessoas em volta.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
O cinema “infanto-juvenil”
é sempre alvo de críticas vazias. Não só o dos Trapalhões. Xuxa sempre
foi alvo de duras críticas. Uma bobagem, mas é assim mesmo. Já as bilheterias
comprovam que a crítica erra ou não percebe a importância desse cinema tão
necessário para o Brasil. Não conseguimos competir em produção com o cinema infanto-juvenil
importado dos Estados Unidos. Não há como “competir” com as
superproduções e a tecnologia norte-americanas. Nem se tenta. Eu acho que nosso
cinema para esse público é honesto e reflete nossa cultura de forma eficaz,
singela e necessária. Criticar o cinema que se faz aqui, com as dificuldades
enormes que temos de levantar recursos, mesmo com as Leis de Incentivo, chega a
ser uma deselegância da crítica. É muito difícil produzir arte neste país.
Apontar dedos é fácil; difícil é fazer um cinema bacana, que lota as salas há quatro
décadas e ainda consegue emocionar as plateias. Os Trapalhões são
necessários à nossa cultura. Renato Aragão, sozinho hoje, é um guerreiro e
merece mais respeito.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Necessário.
Gostaria
que falasse o que representou para você trabalhar com Os Trapalhões, que
carregaram, por muito tempo, o cinema nacional nas costas.
Como atriz
e como mãe, foi importante fazer parte dessa era. Fiz especiais e cinema com
eles. Sempre vou lembrar com muito carinho dessa turma. Renato foi muito importante
na minha formação. E, depois de mais de vinte anos, fiz com ele a minissérie Poeira
em Alto-Mar, na qual interpretei a personagem Mirela. Renato é divertido e
profissional. Aplaudo de pé o mestre Renato e sua infinita capacidade de
emocionar com o riso e simplicidade. Renato é simples, direto e raro. Vai ser reconhecido
como um dos maiores atores, roteiristas e produtores do cinema feito no Brasil,
espero.
Os Trapalhões: Cristiano Maciel
Cristiano
Maciel
Técnico
de som
Como
e por quem recebeu o convite para trabalhar com Os Trapalhões? Como foi
a experiência?
Minha
primeira experiência com um filme dos Trapalhões foi através de um
convite do documentarista Silvio Tendler, com quem eu já havia feito Os Anos
JK. O filme era O Mundo Mágico dos Trapalhões. Pelo título, já é
possível imaginar como foi a experiência. Eu me sentia fazendo um documentário
com Os Irmãos Marx, Os Beatles ou os Rolling Stones. Mágico!!!
Que
representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões,
que eram certeza de sucesso de bilheteria?
Representava
exatamente isso: fazer um som de um filme brasileiro, amado e que seria ouvido
por milhões de brasileiros. Tudo que artistas e técnicos de cinema almejam.
Fazer um povo rir por noventa minutos não tem preço!!!
Que
o cinema dos Trapalhões apresentou, à época, em inovação de linguagem?
Não sou expert
no assunto. Mas posso lhe garantir que sabiam contar uma história. Se
expressão artística é a exposição da alma de um autor na obra, as digitais dos Trapalhões
estavam sempre expostas em seus filmes. O público, além de gostar de seus
filmes, gostava deles também. Levavam para casa não só o filme, mas também
Renato Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias.
O
senhor trabalhou como técnico de som nos filmes dos Trapalhões. Quais
eram as dores e as delícias desse trabalho com o quarteto?
Atenção
constante, para não me dispersar com as brincadeiras reinantes antes de rodar.
Era um belo desafio. Porque eles brincavam; mas já sabiam tudo que tinham que
fazer, ou seja, improvisar também no meio do plano. E eu tinha que estar
preparado. Meus microfonistas sofriam. E a equipe tinha que estar pronto para
as ordens de “som, camera, ação”,vindas do diretor, e “eternizar aqueles
momentos mágicos”.
Como
era o seu trabalho nessas produções?
Para não
entrar em detalhes técnicos, eu diria que minha equipe precisava captar tudo
bem, pois certas piadas, jeitos e trejeitos eram únicos. Jamais se repetiriam.
E, caso eu não lograsse, era uma frustração só. O mesmo servia para a equipe de
imagem. Mas o resultado sempre foi favorável para nós. Graças a Deus!!!
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Creio que,
após o filme de Silvio Tendler, os depoimentos de Millôr Fernandes e Caetano
Veloso, que assistiam e eram fãs do grupo, o preconceito arrefeceu.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Cinema-desculpa.
Os pais faziam questão de levar seus filhos, pois eram eles que muitas vezes se
divertiam mais que os miúdos!!!
Os Trapalhões: Christian Petermann
Christian
Petermann
Crítico
de cinema
Por
que os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados pelos Trapalhões?
É comum em
parte da crítica acadêmica, mas inadequado, se considerar obras voltadas
prioritariamente ao público infantil como que espelhadamente “menores”,
de menor alcance e ambição estéticas, em especial com o argumento de um suposto
discurso “acessível” para todas as idades. A filmografia da Pixar como
um todo, por exemplo, derruba totalmente esse preconceito de ordem cultural. Ao
mesmo tempo, Os Trapalhões estabeleceram carreiras sólidas
simultaneamente no cinema e na televisão. E há parcela crítica que se incomoda
também em valorar obras com conexão televisiva – incômodo presente até hoje,
digamos, com as comédias da Globo Filmes. Além disso, o quarteto e formações
posteriores sempre primaram pelo apelo popular, por um humor midiático e cheio
de referências pop de momento; mas acessível ao mais humilde dos
espectadores no canto mais distante do país – uma acessibilidade que gera, às
vezes, apelos não tão nobres de humor, provocando também certa reação. Por fim,
porque alguns dos longas realizados são de fato muito ruins, em especial no
período Renato Aragão solo.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Ele é o
mais bem-sucedido (o único?) projeto de longa permanência em criar um conjunto
de obra atento ao espectador infantil, sempre muito carente em nossa
cinematografia; e, depois, das comédias da Atlântida e da obra de Amácio
Mazzaropi, Os Trapalhões se revelam também (por ora) o último projeto
orgânico e numeroso voltado ao humor popular e popularesco no cinema. A
importância deles, por mais inconstante que tivesse sido o nível de qualidade
obra após obra, é de representar um ícone isolado na nossa Sétima Arte em
termos de entretenimento – e por cerca de três décadas, se cidadãos fora dos
eixos culturais iam uma única vez ao ano ao cinema, era para ver o novo filme
dos Trapalhões. Não há nenhuma relação semelhante no cinema de hoje.
Podemos
considerar Renato Aragão um dos maiores e melhores produtores de cinema do
país?
Goste-se
do que ele faz ou não, com certeza Renato Aragão é um dos pilares da produção
audiovisual brasileira. Sem medo de cometer heresias, cada um à sua maneira,
sua importância como produtor se equipara à de um Osvaldo Massaini ou um Luiz
Carlos Barreto, como um amante do cinema que emprega regularmente muitos
profissionais para “fazer arte”. Ele tem um estilo identificado, uma
marca registrada, ou seja, é digno de ser considerado um “autor” em
termos de conjunto de obra; e, mais do que os nomes citados, ele é um produtor
que ama o seu público... e realmente pensa nele, ao “fazer arte”.
Os
Trapalhões sempre “brincaram” em parodiar
filmes e clássicos estrangeiros de sucesso para o cinema. Que pensa a respeito
dessa linha que eles seguiram?
Essa é uma
tendência intrinsecamente brasileira, que tem heranças antropofágicas e
tropicalistas. Já foi feito na Atlântida (Matar ou Correr) e atingiu
nível de “produção em série” com Os Trapalhões: o de absorver
(quase) toda e qualquer forte referência, digerir e gerar uma nova obra
derivada, diferente, única. Acho essa uma das mais fortes características do
quarteto, um de seus pontos positivos... E, no fundo, é extensão (talvez mais
refinada) do que eles faziam semanalmente na tevê. E um triste sinal dos
tempos: ficaram nos anos 1970 as adaptações com fontes literárias... hoje pouco
se lê.
Ariano
Suassuna disse que o filme Os Trapalhões no Auto da Compadecida era a
melhor adaptação já feita da sua obra. Esse filme Renato Aragão disse que fez para
os críticos o aplaudirem. Que acha?
Renato fez
o filme pensando também nos críticos. E o fez direito, recorrendo à veterana
direção e roteiro do mestre Roberto Farias (que começou carreira fazendo
comédias, como Rico Ri à Toa, No Mundo da Lua e dirigiu as aventuras de
Roberto Carlos), escolhendo um elenco com um número maior de bons atores (Raul
Cortez, José Dumont, Renato Consorte, Cláudia Jimenez em início de carreira) e
uma direção de arte mais bem cuidada e detalhada. É um bom filme, um dos mais ambiciosos
e bem realizados do quarteto. E se o próprio Suassuna afirma ser a melhor
adaptação, quem somos nós para discordar?
Quais
foram os melhores momentos dos Trapalhões no cinema? Os melhores
filmes...
Posso
dizer que gosto e tenho boas lembranças em especial de Os Saltimbancos
Trapalhões, Os Trapalhões no Auto da Compadecida e Os Trapalhões
nas Minas do Rei Salomão.
Quais
foram os piores momentos dos Trapalhões no cinema? Os piores filmes...
Lembro em
especial de ter achado lastimável A Princesa Xuxa e os Trapalhões. Mas
também acho lastimável tudo que a Xuxa faz. E fiquei decepcionado com o
resultado da promissora parceria com Mauricio de Sousa, em Os Trapalhões no
Rabo do Cometa (1986). Não assisti aos últimos trabalhos solo de Renato
Aragão.
Os
Trapalhões sempre se utilizaram de alguns
recursos para angariar plateia que ia além do carisma do grupo, como atores
famosos, grupos musicais famosos (Dominó, Trem da Alegria etc.) e artistas com
forte apelo popular (Xuxa, Gugu etc.). Que acha dessa estratégia?
Essa
estratégia tem toda a lógica de ser no tipo de produto que Os Trapalhões sempre
realizaram: uma comédia familiar de mercado, com apelo amplo e irrestrito; e,
em qualquer lugar do mundo, esse tipo de cinema traz para as telas os
nomes quentes do momento na mídia e na música. Nesse sentido e também em
termos de heróis e heroínas, a cada novo filme, a obra dos Trapalhões traz
um interessante histórico evolutivo dos fenômenos pop e dos galãs e
das estrelas de cada época. Isso não tem preço.
Os Trapalhões: Caxa Aragão
Caxa
Aragão
Compositor
Como
surgiu a oportunidade de trabalhar como produtor musical dos Trapalhões?
Essa
oportunidade surgiu quando formei a banda Folha Seca. Estávamos no início de
carreira, e resolvi pedir ao Renato uma “chancezinha” de botar uma
música no filme O Mundo Mágico dos Trapalhões. Ele me deu a “chancezona”,
pois ouviu do diretor que dávamos conta de todo o filme.
Você
é filho do Renato Aragão. Além de filho, era fã também do trabalho dele no
cinema e na televisão?
Sempre fui
fã dele, desde que me entendo por gente. E tive a felicidade e oportunidade de
vê-lo crescer profissionalmente. Sou muito orgulhoso dele.
Havia
algum tipo de “pressão” para seguir a carreira artística ou a “pressão”
era para não seguir esse caminho?
Havia,
sim. Ele queria que os filhos não seguissem a carreira artística, pois era
muito difícil na época conseguir vencer as dificuldades de ser um humorista.
Quando segui a carreira de músico, ele me olhou torto; mas logo se acostumou.
Poucas
pessoas sabem que você, Lula Queiroga e Lenine fundaram a banda Xarada. Fale a
respeito disso.
Na
verdade, o grupo Xarada foi fundado por mim, Fabio Girão e Lenine. Então,
convidamos o Sartori pros teclados e o Duda Aragão para a bateria.
Infelizmente, o Lula não estava nessa.
A
banda Xarada lançou um compacto simples. No lado 1, a música “Pode Ser Legal” e
no Lado 2 a música “Hoje Não É o Meu Dia de Sorte”. Todas as músicas foram
compostas por você, Lula Queiroga e Lenine. Por que a banda não seguiu adiante?
A banda
estava no seu auge. Estávamos tocando em todos os lugares, éramos muito bem
recebidos pelo público, até que chegou um dia que resolvemos parar e seguirmos
carreiras solo. Fiquei feliz por Lenine ter alcançado o sucesso que está
fazendo. Eu segui fazendo trilha para cinema.
Era
comum a presença de músicos na sua casa? Quais outros músicos foram recebidos
por vocês, de frequentar a casa?
Eu tive a
oportunidade de estar com grandes nomes da MPB, como Chico Buarque, Gilberto
Gil, Ivan Lins, Sivuca. Tive a oportunidade de levar um som com alguns.
É
verdade que havia uma disputa acirrada entre os músicos para trabalhar nas
trilhas sonoras dos filmes dos Trapalhões?
Não. O
Renato gostava de dois músicos que já faziam trilha para ele há muito tempo.
Depois, eu cheguei.
Anteriormente
ao seu ingresso na composição de músicas para os filmes dos Trapalhões,
foram lançadas algumas trilhas sonoras compostas, em sua maioria, por Edino
Krieger e Roberto Strada. Qual a sua análise desses trabalhos?
Sou fã do
Beto Strada. Aprendi muito com ele. Ficava observando as trilhas o tempo todo.
Às vezes, estava mais ligado na trilha do que no filme... Via várias vezes.
Por
que vocês não assumiram o nome de Xarada no filme Os Trapalhões no Reino da
Fantasia?
Nesse
filme não era o Xarada. Nesse eu era diretor musical e chamei o Lula e o Lenine
para fazer a trilha. Teve uma cena do filme em que Os Trapalhões eram roqueiros
e lembro que era na época de um Rock in Rio. O Renato queria fazer um
clipe, mas faltavam músicos atrás. Eu sugeri que a gente fizesse. Então,
entramos todos: Lula, Lenine, eu, Fabio Girão e Duda Aragão.
Você
também compôs a música para o documentário O Mundo Mágico dos Trapalhões.
Como foi desenvolver esse trabalho?
Esse foi
um dos trabalhos mais difíceis que fiz. Ainda era novato e tinha uma banda
chamada Folha Seca. Todo mundo começando a tocar; e, de repente, estávamos num
estúdio de gravação profissional. As músicas eram muito repetitivas. Gravar em
estúdio é sempre mais difícil do que tocar ao vivo. E o filme não tinha uma
história, era documentário dirigido pelo meu amigo Silvio Tendler, que nos
deixou à vontade para criar. Foi muito corajoso e amigo.
Um
dos filmes mais elogiados pela música que tem é Os Trapalhões e o Mágico de
Oróz. Quais as suas principais recordações desse trabalho?
Tenho
muito orgulho de ter trabalhado com o Arnaud Rodrigues, grande compositor.
Dirigi-lo foi a coisa mais fácil que já fiz. Ele era genial! Nunca tinha visto
uma pessoa com aquela criatividade. Era impressionante. Sem contar com a
humildade dele. Só tenho recordações boas e sou feliz por ter aprendido muito
com ele. Criatura abençoada... Nossa amizade continuou até o fim.
Após
um longo hiato, você volta a escrever uma canção para um filme do Renato
Aragão. Dessa vez é “Pense Positivo”, para o filme Didi, O Cupido Trapalhão.
Por que tanto tempo sem escrever para ele?
Nessa
época, eu estava trabalhando na TV Globo como redator de humor. Já não tinha
mais dois filmes por ano que me garantia grana para o ano todo. O produtor
musical era o Mu Carvalho. Meu irmão Paulo Aragão estava dirigindo esse filme e
resolveu terminá-lo com um clipe do cantor Daniel. Ligou-me, pedindo música. Eu
e o Mu Chebabi, meu parceiro de muitas músicas, já tínhamos essa música pronta.
Só ajeitamos aqui e ali. Acho que ficou bom.
Seu
último trabalho em parceria com Renato Aragão foi em Didi, O Caçador de
Tesouros. Como foi produzir as canções desse filme?
Esse foi
meio parecido com o Cupido, também produzido por Mu Carvalho. Nesse
filme, tinham dois clipes com o Renato; e meu irmão me chamou para fazer duas
músicas instrumentais para os tais clipes. Fiz sem ver as cenas.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
A
realidade é que os filmes dos Trapalhões eram para o povo e não para
crítico e Academia. O Renato não estava nem aí. Tinha as classificações no jornal,
bonequinho deitado na cadeira era filme ruim. Todos os filmes eram
classificados assim, e eram campeões de bilheteria. Como me explica isso? A
gente esperava sair no jornal o bonequinho, para rir deles...
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Revolucionário.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular, durante o desenvolvimento desse trabalho.
O que
posso contar é que fui testemunha ocular de um dos maiores fenômenos da
televisão brasileira do todos os tempos. Claro que não esqueço de nomes como
Chico Anysio. Tive a honra de trabalhar com os mestres do humor no nosso país.
Os Trapalhões: Carlos Loffler
Carlos
Loffler
Ator
Os
Trapalhões e a Árvore da Juventude é um filme
de 1991, criado e feito especialmente para comemorar os vinte e cinco anos dos Trapalhões.
Como recebeu o convite para atuar nesse filme?
Recebi com
muita alegria e prazer, pois sempre fui fã desse quarteto maravilhoso!!! Muita responsabilidade participar de uma produção impecável e de um elenco
primoroso... Adorei !!!!
No
filme você representa o Didi na infância. Quais as lembranças que possui dessa
filmagem? Como foi o seu contato com Os Trapalhões?
Muitas
lembranças boas.... Representar o Didi com vinte e cinco anos foi, para mim, um
presentão e um desafio muito grande, pois tive que rever todos os filmes para
poder homenagear esse grande artista, Renato Aragão... Meu contato com eles foi
de muito respeito e admiração. Tudo saiu perfeitamente. Fiquei feliz de
participar.
Você
era um garoto na época das filmagens. Recebia conselhos deles?
Deles não,
porque quando eles filmavam a gente só ficava de olho. A gente não
contracenava. Só numa cena tive a oportunidade de contracenar com o Dedé e o
Mussum. Fui muito dirigido pelo José Alvarenga Júnior., que não deixava a
peteca cair. Agradeço muito a direção do Alvarenga.
Eles
eram seus ídolos? Você assistia ao programa deles?
Assistia
direto. Eu me amarrava olhar para aquele quarteto incrível fazendo aquele humor
ingênuo, bem circense... principalmente o hilário Zacarias.
Em
toda a filmografia de Renato há uma preocupação com o meio ambiente. Nesse
filme isso é ainda mais explícito. Ele mencionava essa preocupação para vocês?
Em todos
os filmes tinha essa preocupação... A defesa do meio ambiente... Ele falava
sempre da preservação do meio ambiente.. principalmente nesse filme.
Onde
essa produção foi filmada?
Foi
filmada no Rio de Janeiro e em Manaus.
Os
filmes dos Trapalhões eram bem recebidos pelo público, mas pouco foram
premiados. Nesse caso, em particular, vocês foram premiados no III Festival
de Cine Infantil de Ciudad Guayana (Venezuela), em 1993. Qual foi a
repercussão entre vocês desta premiação?
Como
sempre, a crítica não via com bons olhos os filmes dos Trapalhões.
Achavam uma besteira, sem valor. Qualquer semelhança com as chanchadas da Atlântida
não era mera coincidência. Não davam o valor merecido!! Ficamos felizes com a
premiação...
Este
foi o último filme dos Trapalhões com o trio remanescente, após a morte
de Zacarias. Foi também o último filme de Mussum, falecido em 1994. Gostaria de
saber se havia, nas filmagens, uma tristeza entre os integrantes (Renato, Dedé
e Mussum) com a ainda recente morte de Zacarias.
Havia,
sim... Tipo... Está faltando um... Eles eram quatro, com características bem
diferentes... O sucesso estava aí.
Quais
as lembranças que você possui do Mussum?
Mussum???
Alegria, prazer, humor. Era um cara muito simpático e gozador... Adorei!!!
Que
representou para você trabalhar no filme em que foi usado pela última vez o
termo Trapalhões no título?
Fiquei
muito comovido de ser escolhido para fazer o filme. Presentão!!!
Renato
Aragão, Dedé e Mussum tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas? Havia muita improvisação?
Muita improvisação,
brincadeira; um sacaneando o outro. Tudo no maior respeito.
Quais
as lembranças da direção do cineasta José Alvarenga Júnior, nessa produção?
Agradeço
ao Alvarenga, que me dirigiu muito bem, não deixando que, em momento algum, eu
me esquecesse que eu era o Didi... Um maestro... Foram bem legais os toques
dele.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e
estrelados pelos Trapalhões?
Preconceitos
com filmes populares.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
De alto
nível.
Para
finalizar, gostaria que contasse alguma curiosidade desse filme.
Dormíamos
às 21 horas e acordávamos às quatro da manhã. E também o papo que eu tive com o
Renato Aragão sobre o meu avô, Oscarito. O Renato chegou a chorar, declarando
que o meu avô era o verdadeiro culpado de ele ter seguido a carreira de ator,
depois que assistiu ao meu avô no teatro.
Os Trapalhões: Tom Cavalcante
Tom Cavalcante
Humorista
“O
Renato Aragão, quando assumiu na TV Tupi os Legionários
e posteriormente Os Trapalhões na TV
Globo, transformou os domingos à noite. E eu, agora com o Sai de Baixo, junto com este elenco maravilhoso, faço o mesmo, a
história se repete”.
Tom Cavalcante no programa Roda Viva,
da TV Cultura, em 01/07/1996.
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