Entrevista para o programa "Rede de Opinião", das Faculdades Integradas Rio Branco, apresentado pelo professor Alexandre Uehara. Falo a respeito da minha pesquisa relacionada aos Trapalhões. Confiram: https://www.youtube.com/watch?v=BN2sobCw1vY
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
9 anos hoje!!!
9
anos, 9 depoimentos.
Parabéns
pela sua trajetória, por suas realizações, por teu envolvimento e
comprometimento com a arte!!
Amanda Acosta,
atriz.
Vida longa a este blog que pensa e celebra o cinema e sua memória.
Fernando Brito, pesquisador de cinema e curador da Versátil Home Video.
O curta-metragem é um tipo de filme pouco
valorizado em nosso país. É algo pouco visto.
E, pior ainda, pouco comentado.
Rafael Spaca, o grande batalhador, é um grande incentivador do curta-metragem.
Seu blog Os Curtos Filmes, dedicado aos curtas, está completando, agora em
2017, nove anos.
Vida longa a Os Curtos Filmes!
Vida longa a Rafael Spaca!
E espero que Os Curtos Filmes não pare.
Rubens Francisco Lucchetti, escritor.
Um serviço de utilidade pública. Talvez essa seja a melhor maneira de
definir todo o trabalho de memória cultural realizado pelo pesquisador Rafael
Spaca. Seja por meio de livros, sites e pesquisas ele revelou aspectos do
cinema brasileiro que sempre foram omitidos. Spaca é um batalhador nesse
sentido. Os nove anos do Curtos Filmes é um acontecimento. Espero que o
endereço complete mais e mais aniversários com a qualidade de sempre.
Matheus Trunk, jornalista.
É muito bom ter um espaço dedicado aos filmes de um gênero como a Boca
do Lixo, que fazem parte da história do cinema brasileiro. E o Rafael é uma
pessoa que sabe transitar por diferentes meios, com muita dedicação e
profissionalismo.
Clarissa Kuschnir, jornalista.
Os Curtos Filmes que dizem nossa longa trajetória: assim se
conta história. Assim compreendemos o tempo
que passa e a essência que fica. cinema pulsa
e cultura se constrói com o zelo do nosso maior tesouro:
a memória! parabéns 'os curtos filmes', por seu importante papel nesse
roteiro!
Zuzu Leiva, atriz.
SALVE RAFA! E todos os anos comprometido com nosso oficio, tantas vezes
desvalorizado! Um blog de quem e para quem ama a arte dos curtos filmes e dos
incansáveis sonhos!
Sara Antunes, atriz.
Parabéns! Difícil não é começar um blog e, sim, mantê-lo, alimentá-lo
com conteúdo de qualidade. Para isso, além do trabalho despendido, é necessário
conhecer o assunto e, sobretudo, paixão pelo tema, que no caso de Rafael Spaca
no “Os Curtos Filmes”, é a arte, o cinema. A sétima-arte que pode ser traduzida
com igual primor em curtos ou longos filmes. Rafael, que a paixão pela arte
nunca acabe dentro de você e que o seu trabalho em prol dela e pela valorização
de nossos artistas só cresça e possa ter o reconhecimento devido.
Liz Vamp, atriz.
Parabéns! A equipe do ‘Os Curtos Filmes’ e a nós que podemos usufrui-lo.
Bem quando o Rafael me disse 9 anos fui pesquisar o que significa fazer nove
anos na numerologia. (Às vezes faço essas coisas para ajudar em escolhas principalmente
com números). Vi que nove anos não é um aniversário qualquer. Olha que
interessante. Segundo a numerologia nove representa o zero de um ciclo superior
de numeração. Ele é, portanto, o começo e o fim, o alfa e o ômega. É o último
número simples, portanto ele marca o final de um ciclo e o início de outro. O
blog nos trouxe maiores conhecimentos, oportunidades, trocas e informações. Foi
um dos poucos espaços de respeito ao curta-metragista. Espero que realmente
estes nove anos represente um novo ciclo renovado com novos inícios e um futuro
crescimento.
Thais Scabio, produtora.
domingo, 20 de agosto de 2017
Débora Munhyz
Hoje na Ilustrada (Folha de S.Paulo), um trecho do depoimento inédito do saudoso mestre Álvaro de Moya, que poderá ser lido na sua íntegra, no livro "Debora Munhyz, do Terror ao Amor" (Editora Laços), a ser lançado no dia 29 deste mês. Confiram: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/08/1911033-fiz-pornochanchada-satirica-para-bancar-cinema-politico-diz-escritor.shtml
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
Silvio Santos - Vida, Luta e Glória.
A primeira e única biografia autorizada de Silvio Santos, escrita pelo mestre Rubens Francisco Lucchetti, já está à venda. Silvio Santos - Vida, Luta e Glória: https://www.amazon.com.br/dp/8567901952/ref=cm_sw_r_fa_asp_U2tWN.QZ0KTYD
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
As HQs dos Trapalhões
Entrevista para o programa "Em Cartaz" a respeito do livro "As HQs dos Trapalhões": https://www.youtube.com/embed//KZjMrPb_FzI
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
As HQs dos Trapalhões
Entrevista para o programa "Artistas e Arteiros", apresentado por Taô Barbosa. Falamos dos Trapalhões e da Boca do Lixo. Assistam: https://www.youtube.com/watch?v=XNGU_V-lZ0Y
terça-feira, 1 de agosto de 2017
As HQs dos Trapalhões
Sinopse: 192 páginas, sendo 40 coloridas. Não
se trata de uma HQ. É um livro contendo depoimentos de 28 profissionais que
trabalharam na produção das revisitas dos Trapalhões, na Bloch Editores,
Editora Abril e Editora Escala. O livro traz ainda originais, model sheets, e
duas histórias completas no original (sendo uma delas INÉDITA: "O
Fantástico Didisena"). Com prefácio de Dedé Santana e textos de Marcus
Ramone, Jal e Denison.
Os Trapalhões formaram o grande quarteto do
humor na TV durante gerações. Ao longo de décadas, criaram cenas clássicas e
personagens inesquecíveis que contribuíram muito para a cultura nacional. Mas a
influência de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias não ficou restrita à televisão,
suas trapalhadas fizeram história no cinema e também nos quadrinhos.
E é exatamente sobre esta vertente das artes
que trata este minucioso trabalho de pesquisa. Com o sucesso do mercado
editorial nacional dos anos setenta, oitenta e início dos noventa, antes da
massificação da internet, era comum personalidades famosas da mídia ganharem
sua versão em quadrinhos.
Na
loja da Estronho: http://www.estronho.com.br/loja/livros/238-as-hqs-dos-trapalhoes-9788594580139.html
Os Trapalhões: a série
A atriz Gisele Fraga
foi a Greta Star de "Xuxa e os Trapalhões em O Mistério de Robin
Hood" (1990). Confira sua emocionante entrevista para a série "O
Cinema dos Trapalhões". A série é uma parceria da TV Cidade com a Editora
Laços. Assistam: https://www.youtube.com/watch?v=XSaHL5XbjKM
Os Trapalhões: Dick Danello
Dick
Danello
Ator
Como
surgiu o convite para trabalhar no filme A Ilha dos Paqueras?
O
convite foi através do Renato Grechi e de um dos produtores, Nissin Katalan. Tivemos
uma conversa e, posteriormente, apresentaram-me Renato, Dedé e cia. Foi muito
legal. Eu tinha e tenho 5% do filme.
Esse
foi o segundo filme do Renato Aragão. Teve um público de 1.335.132
espectadores, sendo o terceiro filme mais assistido de 1974. Que esse trabalho
representa em sua carreira?
Quando
o filme foi lançado no Cine Windsor, na Avenida Ipiranga em São Paulo, foi
realmente um grande sucesso de bilheteria. Eu era contratado da Gravadora
Continental, e a mesma contribuiu para a divulgação do filme. Na época, era uma
grande curiosidade esse filme. Devo dizer que esse filme contribuiu muito na
minha carreira de cantor e compositor, pois eu havia feito as músicas para o
filme, já que eu era o galã cantor do navio Ana Nery, do Lloyd brasileiro.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagens de A Ilha dos Paqueras?
Muitas
recordações. Eu e Renato principalmente brincávamos muito. Era piada de todos
os lados. Era um grupo que se divertia à bessa. E quero confessar uma coisa: eu
e o Renato éramos muito mulherengos. Inclusive, chegamos a namorar numa cozinha
com as nossas garotas, na pousada onde a equipe toda estava alojada, em
Caraguatatuba (SP).
Renato
Aragão e Dedé Santana tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas?
As
filmagens eram sempre alegres e descontraídas. E, sempre que possível, o Dedé sempre
aprontava algumas; e era uma gargalhada só.
Como
era o seu contato com Renato e Dedé?
Eu
já conhecia o Dedé na Rua do Triunfo. O Renato me foi apresentado antes do início
do filme; e, depois, ficamos muito amigos, durante as filmagens. Até cantarolava
sempre o tema do filme, que é a música “Vedrai, Vedrai”, da qual ele gostava
muito.
Você
teve contato com Dino Santana, irmão do Dedé, nessa produção?
Sim.
Eu conhecia o Dino há algum tempo, pois ele trabalhava num teatro ali no centro
de São Paulo. Um cara muito legal, e ficamos amigos também.
Em
A Ilha dos Paqueras você
compôs a música do filme. Como foi o seu processo de produção para esse
trabalho?
Eu
era contratado da Continental Discos e propus a eles gravar algumas músicas para
o filme. Eles toparam, e aí compus três temas que saíram num compacto (com
quatro músicas). Três originais minhas: “Vedrai, Vedrai” (tema), “Sole Spento”
e “Você Chegou Aqui” (uma das poucas canções que compus em Português). A outra
música que foi colocada nesse disco foi “La Prima Cosa Bella” (do Festival de Sanremo), que eu
já havia lançado anteriormente. Gravei nos Estúdios Reunidos da Gazeta, com o
maestro mexicano “Pocho”, famoso na época.
A
trilha sonora original do filme A
Ilha dos Paqueras se tornou um compacto duplo.
Vendeu muito à época?
A
capa do compacto é uma cena do filme que eu canto na boate do Ana Neri. E entrou
nas paradas de sucesso, com uma grande vendagem..
Todos
os instrumentos foram executados pela Peruzzi Orchestra. Fale a respeito.
Essa
orquestra era do maestro “Pocho”. Somente a canção “La Prima Cosa Bella”,
composta por Mogol e Nicola Di Bari, foi gravada com o maestro Waldomiro Lenke.
O
filme é dirigido pelo cineasta Fauzi Mansur. Quais as lembranças que você tem
do cineasta? Como ele conduziu todo o processo fílmico?
O
filme foi dirigido por Fauzi Mansur. As filmagens correram perfeitamente bem, e
levamos um mês para terminar o filme. Eu, nessa época, estava cursando a
faculdade de Direito no Vale do Paraíba; e, por causa dessas filmagens, acabei
perdendo um ano de faculdade. Mas não me arrependo. Tanto é assim que, por incrível
que possa parecer, na época, eu namorei três moças. Elas aparecem no filme, e
nenhuma sabia das outras. Era uma festa.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Sim,
o Renato era perfeccionista. Lembro que, durante as filmagens, ele dava palpites
para o Fauzi. E muita coisa era mudada na hora.
O
Dedé era mais tranquilo?
O
Dedé era bem mais tranquilo. Ele também era bem mulherengo.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Os
críticos rejeitam porque são críticos e eles têm que escrever sobre isso. Mas as
críticas não diminuem o trabalho feito pelos Trapalhões,
que aliás, surgiram depois de A Ilha
dos Paqueras.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Os
filmes dos Trapalhões são
feitos principalmente para um público infanto-juvenil, sem frescura... e levando
em consideração o divertimento. Tem o seu valor, sim: aquele de divertir.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
Durante
as filmagens, aconteceu um fato inédito. Eu tinha como partner Giovanna Ruggier, que,
no início das filmagens começou a namorar o fotógrafo de cena Luiz Tripoli. Aí,
começou um ciúme por parte dele comigo; e as coisas começaram a se complicar.
Por causa disso tudo, ele tirou a Giovanna do filme. E, como eu não tinha
acabado as cenas e nem o final, o Fauzi teve que achar outra substituta para
contracenar comigo, Conseguiu achar uma outra que não era atriz. E não podia
aparecer o rosto. Filmava sempre de longe. É assim na cena que eu canto “Você
Chegou Aqui”.
Os Trapalhões: Denise Romita
Denise
Romita
Continuísta
Você
trabalhou no filme Os Trapalhões
no Rabo do Cometa. Como e por quem recebeu
o convite para trabalhar nesse filme? Como foi a experiência?
Eu
já havia feito outros filmes com eles, e a produção me chamou. Não lembro exatamente
quem.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme com Os Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Eu
sempre gostei muito de trabalhar com eles. Eram divertidos, e gostava de colaborar
para a produção do cinema nacional voltado para o público infantil. Sabia que
estava participando de um produto que seria visto por muita gente e que, com
certeza, a maioria iria se divertir. Acredito que o foco dos Trapalhões sempre foi
entretenimento, em sua essência.
Quais
as suas lembranças do filme Os
Trapalhões no Rabo do Cometa?
Esse
filme foi produzido há mais de vinte e cinco anos. Por isso, não lembro muito. Mas
a lembrança mais forte é a das filmagens no extinto Teatro Scala (RJ), onde a
maior parte do filme acontecia no seu momento “ao vivo”, que não era animação
com a participação do Mauricio de Sousa.
Como
era a sintonia dele com Renato, sempre por perto?
Eles
sempre tiveram uma boa sintonia.
Quais
as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
Fiz
vários filmes com eles, as lembranças são sempre as melhores. Era muito
divertido trabalhar com eles, apesar de difícil para a continuidade.
O
filme combina o uso de live
action e animação, um avanço no cinema nacional
na época. Ele foi criado e feito nos Estúdios Mauricio de Sousa. Como se deu
essa parceria?
A
parceria foi uma decisão da produtora do Renato Aragão com a do Mauricio de
Sousa. Desconheço os trâmites iniciais.
Os Trapalhões e
Mauricio de Sousa eram dois dos maiores nomes para o público infantil na época.
Vocês imaginavam que essa parceria poderia perdurar mais tempo?
Talvez
pudesse, o público poderia ganhar.
O
filme teve uma bilheteria tímida (1.250.000.), se considerarmos outros filmes do
quarteto. Na sua opinião, qual foi o motivo?
Qualquer
bilheteria é sempre uma surpresa. Às vezes, há filmes que em produção parecem
ser garantia de sucesso, e nem sempre são. E outros que muitas vezes não têm
expectativas nenhuma e dão números surpreendentes de público. Não acredito em
fórmulas.
Que
esse filme trouxe de inovação em termos de linguagem cinematográfica?
Na
verdade, não lembro de nenhuma inovação, pois já se tinha feito a junção de
cinema com animação. Mas no Brasil acredito que tenha sido a primeira vez.
Os Trapalhões no Rabo do Cometa tem
muito a ver com o filme anterior: Os Trapalhões no Reino da Fantasia,
concorda?
A
animação, sim.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Sim,
ele é muito dedicado ao seu trabalho e gosta de acompanhar tudo de perto. Por
isso, é o produtor dos seus filmes.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Não
tenho certeza de os que críticos e a Academia rejeitem Os Trapalhões nos dias de
hoje. Talvez na época não admirassem filmes populares e voltados para o público
infantil.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um
cinema com temática simples e humor popular, que nos últimos filmes fez investimentos
altos em desenvolvimento de produção. Muitas coisas no âmbito da tecnologia no
cinema nacional só apareceram depois de terem acontecido nos filmes dos Trapalhões. Só quem
trabalhou nas produções sabe, isso quase nunca foi divulgado...
Os Trapalhões: Denise Fontoura
Denise
Fontoura
Montadora
Como
surgiu o convite para trabalhar com Os
Trapalhões?
Lembro
que naquela época Os Trapalhões resolveram
mudar a equipe de montagem de seus filmes e começaram a contratar profissionais
mais jovens no mercado. Estavam querendo inovar na linguagem e no ritmo de seus
filmes. Eu fui uma delas.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com eles, você já acompanhava os seus filmes?
Sim.
Eu sempre tive vontade de trabalhar com eles. Meus filhos eram pequenos na
época, sempre íamos nas pré-estreias.
Como
surgiu o convite para trabalhar em Atrapalhando
a Suate? Em algum momento, Renato Aragão tentou
demovê-la da ideia de ingressar na equipe desse filme?
Essa
briga foi por conta que o Renato sempre queria a autoria e os créditos de tudo
para ele. Os outros três não estavam satisfeitos com esse império dos Aragões e
resolveram se separar. O Dedé me ligou, explicou-me o que estava acontecendo, disse
que os três iam partir para uma empreitada e perguntou se podiam contar comigo.
Eu disse que sim.
A
DeMuZa Produções foi criada com o intuito de apenas gerir os negócios dos três
humoristas (Dedé, Zacarias e Mussum)?
Sim,
a DeMuZa foi a empresa criada pelos três para gerir seus trabalhos e filmes (shows, filmes, comerciais
etc.).
Na
sua análise, por que a separação durou apenas seis meses?
Com
o sucesso de Atrapalhando a Suate,
o Renato viu que os três podiam caminhar sem ele, reviu os contratos e a paz
foi selada novamente. Os quatro juntos tinham mais força, mesmo que os filme
feitos na separação tenham sido sucesso para ambos.
Houve
sequelas da separação? Teve receio de ser retaliada por ter trabalhado com o
trio dissidente?
Que
eu me lembre não houve sequelas. Foi como toda separação de casamento de muitos
anos: necessária para renovar a relação.
Tião
Macalé atua nesse filme, ele que era considerado o quinto Trapalhão. Quais as
lembranças dele?
Sempre
muito solícito nos sets de
filmagem, muito agradável a convivência com ele.
Os Trapalhões e o Mágico de Oróz foi
produzido em conjunto com a Renato Aragão Produções (de Renato Aragão) e a DeMuZa
Cinematográfica (fundada por Dedé, Mussum e Zacarias). Foi o primeiro filme do
quarteto assim que eles reataram. Havia algum resquício daquela separação nas
filmagens? Chegou a constatar algo?
Depois
da reconciliação, a paz foi selada e correu tudo bem.
Quais
as suas recordações dos bastidores desse filme?
Como
em todos os filmes deles, o clima das filmagens era sempre de muito
profissionalismo e alegria de todo mundo. Trabalhar com Os Trapalhões sempre foi num
ótimo astral.
Você
trabalhou também no filme A
Filha dos Trapalhões. O filme aborda o
problema social dos compradores de bebês por quadrilhas especializadas. Vendem recém-nascidos
para famílias ricas, principalmente da Europa. Quais as suas lembranças de trabalho
nesse filme?
O
tema em si é de muita emoção, recordo-me de muita emoção no set e na montagem também.
Os Trapalhões moram
no meio de uma lagoa (Lagoa Rodrigo de Freitas), em uma moradia que lembra
muito uma palafita. O número da casa é o 36 (apesar de não terem vizinhos)
contendo ainda a frase “Venha
viver como você gosta.” Você se
recorda dessas referências?
Aquela
casa foi construída para o filme. Na sequência do tiroteio, foi muito
engraçado: um dos quatro, não me lembro qual deles agora, chegou a cair dentro d’água,
muitas lanchas passando, muita marola.
As
músicas desse filme foram lançadas no LP A Filha dos Trapalhões,
de 1984, que tinha participação especial do ator Arnaud Rodrigues com o personagem
Zé Paraíba. Arnaud já havia atuado no filme anterior, Os Trapalhões e o Mágico
de Oróz,
e seguiu compondo várias músicas para outros filmes do quarteto. Quais as suas
recordações de Arnaud? Como era a relação dele com o quarteto?
Arnaud
era muito querido, sempre muito alegre, fazia suas brincadeiras e sacaneava todo
mundo nas filmagens.
Quais
as suas recordações dos bastidores desse filme?
Lembro
bem que o filme foi montado na R. A. Produções, uma produtora com estúdio na
Avenida Airton Senna. Lá, eu passava a maior parte do dia e parte da noite,
trabalhando. A sala de montagem era perto do estúdio onde foi rodada a maior
parte do filme. Nos intervalos, o Dedé Santana ia sempre para a sala de montagem,
acompanhar o trabalho. Era ele quem acompanhava a montagem.
Como
era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Tinha
mais proximidade com o Dedé, pelo fato de ele acompanhar o trabalho de montagem.
Com os outros três, sempre era farra e brincadeiras.
Seguindo
a ideia de pegar carona no sucesso da literatura, cinema e televisão brasileira
para compor paródias, Os
Trapalhões chegaram em 1983 ao mundo do cangaço. A
fórmula foi tão pensada que aproveitaram até mesmo Nelson Xavier e Tânia Alves
para repetir o casal Lampião e Maria Bonita, que haviam interpretado no ano
anterior na minissérie da Rede Globo. Não, por acaso também, os mesmos
roteiristas da minissérie escreveram o roteiro do filme O Cangaceiro Trapalhão. Doc
Comparato e Aguinaldo Silva entraram no clima, para criar uma história
divertida que consegue misturar bem o cangaço com as trapalhadas do grupo. De
que se recorda desse trabalho?
Acredito
que essas características se devem ao fato de este filme ter sido dirigido por
Daniel Filho.
Os
efeitos especiais desse filme chamam a atenção, a coreografia na parede, o clima,
o figurino, o mundo encantado dentro do poço. Como foi trabalhar com esses
efeitos?
A
cada novo filme, Os Trapalhões inovavam
na linguagem. Conviver com essa linguagem foi muito bom, numa época em que os
efeitos especiais eram pouco usados no cinema brasileiro.
Como
foi trabalhar com Daniel Filho nessa produção?
Foi
enriquecedor. Ele sempre inova, a cada trabalho que faz.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Garantia
de trabalho durante o ano todo.
Que
tem a dizer do ator Carlos Kurt? Ele teve uma participação muito ativa no cinema
dos Trapalhões.
Assim
como Carlos Kurt, outros atores participavam de todos os filmes dos Trapalhões. Eram
classificados de elenco fixo... Sempre havia papel para esses atores.
Renato
Aragão tem fama de ser profissional de excelência, atento do roteiro ao cartaz
do filme, perfeccionista. Isso procede?
Procede.
Ele não só seguia à risca o roteiro, como inventava cacos na hora da filmagem.
É realmente um grande profissional. E, se não gostava de alguma coisa, mesmo
com o filme pronto, refazia, até ficar a seu gosto.
Acredita
que o cinema era a grande paixão do Renato, mais que a televisão? Na sua visão,
de onde vinha essa característica tão profissional do Renato? Dedé, Mussum e
Zacarias eram preocupados somente em atuar?
Acredito
que ser Trapalhão é
a grande paixão do Renato. Nos filmes, ele tinha oportunidades de
interpretação, o que nem sempre na televisão era possível, pela linguagem
diferenciada, pelo timming.
Só no cinema ele tinha esse espaço maior para interpretar.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Cada
um tinha uma característica diferente. Os quatro eram ótimos comediantes.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Não sabia que não
gostavam deles.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Magia,
comédia pura e pastelão de primeira linha.
Os Trapalhões sempre
“brincaram”
em parodiar filmes e clássicos estrangeiros de sucesso para o cinema. Que pensa
a respeito dessa linha que eles seguiram?
Um
ato de muita coragem deles que deu certo.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
O
que tenho na memória é que aprendi muito com o cinema dos Trapalhões, cinema
profissional, feito com a dinâmica de televisão e com o resultado muito cinematográfico.
A cada filme que faziam, surpreendiam na linguagem, nas inovações simples e que
sempre deram certo. Foi muito bom trabalhar com eles, uma experiência muito
rica de emoções, porque eles faziam filmes infantis, dos quais os adultos é que
mais gostavam. A energia das crianças sempre esteve presente no astral dos Trapalhões.
Os Trapalhões: Denise Dumont
Denise
Dumont
Atriz
Eu
gostaria que falasse do seu filme com Os
Trapalhões, Os
Vagabundos Trapalhões.
Foi
ótimo! Eu fazia muito teatro infantil e adorei ter a chance de trabalhar com eles
e de fazer algo em cinema para crianças. Meu filho Diogo nessa época tinha quatro
ou cinco anos de idade; portanto, eu fiz esse filme pra ele.
O
produtor dos Trapalhões a
assistiu em alguma peça infantil ou o convite partiu do próprio quarteto?
Não
sei onde eles me viram. Na época, eu fazia novela e já era bastante conhecida. Portanto,
não era difícil me achar. A produção era do Renato Aragão; e o diretor era o J.
B. Tanko, que, por coincidência, havia dirigido a minha mãe, Margot
Bittencourt, em O Comprador de Fazendas,
um filme dos anos 1950.
Quais
as principais recordações do quarteto?
Eram
todos adoráveis e grandes comediantes. Muito bom também trabalhar com a Louise
Cardoso e o Edson Celulari, que eram meus amigos.
Renato
Aragão, Dedé e Mussum tinham como característica a irreverência. Até nos
bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens eram
descontraídas?
Sim,
eles eram doces, engraçados, bem-humorados e simpáticos.
Como
compôs a personagem da professora Juliana?
Por
eu ter um filho pequeno, não era nada difícil para mim ter carinho e cuidado por
outras crianças. Comecei por aí.
Recorda-se
em que local esse filme foi realizado?
No
Rio de Janeiro.
Qual local? Aquela caverna era cenografia?
Já
quebrei a cabeça e não consigo me lembrar! Se você descobrir, conte para mim,
por favor. Faz muito tempo!
Que
representava, naquele período, trabalhar em um filme com Os Trapalhões, que
eram certeza de sucesso de bilheteria?
Eu
não tinha essa perspectiva. Achava legal trabalhar com eles e fazer um filme que
meu filho pudesse assistir.
Você
acabou aceitando o convite por causa do seu filho? Ele chegou a ver de perto o
quarteto?
Eu
aceitei porque gostava deles e achei uma honra trabalhar com o grupo, além de
ser um prazer fazer um trabalho especialmente para o meu filho. E o Diogo conheceu
todos eles, o que foi uma delícia.
Durante
as filmagens havia muita improvisação?
Não
mais do que em outros filmes. Eles tinham uma relação muito familiar entre eles,
um já meio que sabia o que o outro ia fazer. Funcionava muito bem.
Como
foi o seu contato com o quarteto?
Muito
simpático. Tenho boas lembranças.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Eles
são rejeitados? Sempre achei que eles eram ícones da nossa Comédia. Como os Irmãos Marx, por
exemplo. Não sei. Talvez por serem direcionados ao público infantil!!
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Como
boa e doce Comédia para crianças especialmente.
No
filme, é curioso notar como são permitidos e aceitos (pela narrativa e pelo público)
pequenos roubos e enganações, em nome de um projeto de vida que vira
praticamente um projeto de integração social, um substituto emergencial de falhas
institucionais. Como analisa isso?
Era
uma Comédia! Sem dúvida, com crítica social; mas não acho que, em momento algum,
aquilo era uma apologia da desonestidade como solução para problemas sociais.
Havia um contraponto entre o cara rico, que não tinha tempo para dar carinho ao
próprio filho, e os “vagabundos”,
que, de uma maneira caótica e hilária, não tinham poder aquisitivo, mas estavam
cheios de amor para dar.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato que tenha presenciado como testemunha
ocular desse trabalho com Os
Trapalhões.
Não me
lembro de nenhum fato extraordinário. Eram todos muito gentis e profissionais.
Os Trapalhões: Denise Del Cueto
Denise
Del Cueto
Produtora de elenco
Como
e em que circunstância surgiu a oportunidade de trabalhar com Os Trapalhões?
Estava
terminando uma produção estrangeira, quando Marcia Bourg, assistente de
direção, me convidou para produzir o elenco. Carlos Manga, eu sabia, era mega-exigente,
o que me assustou um pouco. Mas nos demos muito bem no trabalho e ficamos
amigos para sempre.
Que
você fazia, antes de iniciar essa parceria profissional com eles?
Basicamente,
publicidade. Foi o segundo longa-metragem que fiz, sendo um seguido do outro.
Seu
primeiro trabalho no cinema com Os
Trapalhões foi em Os Trapalhões e o Rei do Futebol,
com direção do Carlos Manga. Nessa produção você trabalhou como
produtora de elenco. Quais as recordações desse filme?
Não
caberia aqui. Foi um trabalho “mágico”.
Ralávamos muito, mas nos divertíamos muito também. Uma das locações era o
Floresta Country Clube; e, ao chegarmos às 5:30 da manhã, percebi que havia duas
araras lindas em duas gaiolas enormes. Ao passar por elas, eu dizia “arara!!!”, imitando o som que
elas fazem. Foram três ou quatro vezes, e nada delas responderem. Set pronto, Manga dá o “Vai o som!” Foi! “Câmera rodando! Ação!!”
Então, ouvisse aquele: “arara!!!!”
As aves tinham resolvido responder justamente quando ouviram o “ação!!!” E o Manga: “Quem foi que botou essas araras para gritar desse jeito????”
E eu, quietinha... Nesse mesmo dia, a cena era de um treino do time do
Galinheiro. Tudo ia bem, até que, sob o comando do diretor, todos os jogadores
se penduraram na trave do gol que se partiu e... foram todos ao chão. O
problema desse filme é que, a cada situação engraçada – e eram muitas, – até as
pessoas pararem de rir levava um bom tempo. Lembro que, no meio de um terreno
em Guaratiba, íamos rodar uma sequência em que quatro ou cinco pessoas
esperavam pelo ônibus em uma parada. O time do Galinheiro usava um veículo
muito louco que, ao passar pelo ponto, deixava todos sem roupas. Foi quando uma
moradora resolveu fazer escândalo por causa da nudez total – bem disfarçada, é
claro – de um dos figurantes. Ela gritava enlouquecida. Para acalmá-la, foi um
sufoco.
Recorda-se
onde Os Trapalhões e o Rei do Futebol foi
filmado?
Em
várias locações, todas no Rio: cidade cenográfica da TV Globo, em Guaratiba; Maracanã,
Floresta Country Clube, Clube Marapendi... e todas as cenas de interior no
Estúdio da R. A., na Barra da Tijuca.
Você
era a responsável por selecionar não só os principais atores, mas também os
figurantes?
Ambos.
Os principais já estavam praticamente todos definidos. O filme ficou parado durante
um mês, enquanto Luiz Carlos Góes reescrevia o roteiro, por conta da saída de
uma das atrizes. Na filmagem da última cena, tive que procurar uma dublê para a
outra atriz, que havia viajado pra Nova York. O maior desafio mesmo foi levar
três mil e quinhentos figurantes para as cenas de torcida no Maracanã em uma
partida entre Vasco e Flamengo. Tive que negociar com chefes de torcida do
Vasco para acomodar aquele povo todo nas arquibancadas...
Os Trapalhões e o Rei do Futebol tinha
um elenco grande, principalmente porque se tratava de um tema, futebol, em que
era preciso selecionar muitas pessoas. Gostaria que falasse, em especial, das
primeiras cenas do filme (disputa de uma partida na qual sai uma briga e Os Trapalhões fogem)
e a final (ela mostra Os
Trapalhões disputando uma partida em pleno
Maracanã). Como foi trabalhar nessas cenas?
Como
entrei na segunda semana, não estava na filmagem da cena da abertura. Quando
precisei montar o time que jogaria no Maracanã, recorri a Marcos Palmeira, um “fominha de bola”, para que
me indicasse alguns companheiros seus de pelada. Ele respondeu, perguntando: “Eu posso participar?” Respondi
que não, que era uma figuração e que ele já era, àquela época, um ator
conhecido. Ele, então, me disse: “Eu jogo
porque eu gosto, e jogar no Maracanã não tem preço.” Foi e levou com ele ninguém
menos que Roberto Bomtempo, Roney Vilela e André Barros. Manga ficou tão
lisonjeado com a participação deles que criou uma fala pro Marquinhos, na cena
do vestiário.
Gostaria
que falasse do Pelé. Como foi trabalhar com ele nesse filme? E que achou do
desempenho dele?
Um gentleman,
profissional correto e disciplinado. Embora fosse um dos produtores ou talvez
mesmo por isso, sempre chegava ao set na
hora marcada e obedecia a todas as exigências do trabalho. Manga não permitia
comida no set, nem
mesmo um biscoito. Acontece que o responsável pela alimentação preparava uns
pastéis de banana simplesmente divinos e mandava pelo boy, com cuidado para o
diretor não ver, uma bandeja daquelas delícias. A cena final disso tudo era:
Pelé, eu e o boy nos
empanturrando de pastéis atrás de uma árvore, longe da vista do Manga.
O
elenco desse filme tinha um time de primeiríssimo nível: Maurício do Valle, José
Lewgoy, Milton Moraes, entre outros. Conte a respeito da sua convivência com
eles.
Já
éramos amigos mesmo antes d’O Rei do Futebol.
Pessoa adorável, profissional “na dele”,
companheirão, sempre pronto para entrar em cena. Lewgoy – Em uma filmagem no
Floresta Country Clube, ela havia sido marcada super cedo e, como sempre fazia,
José Lewgoy chegou no horário e com aquele “humor
peculiar” que terminou por virar lenda. O
diretor chegava quando estava tudo pronto, como de costume. Quando ficou pronto
e o Manga ainda não havia chegado, Lewgoy disparou, já bufando: “Há cinquenta anos eu faço cinema
e há cinquenta anos é a mesma
coisa...!!!” Eu, sem saber bem o que dizer, saquei
da mochila uma cuia de chimarrão e um saco de erva e disse a ele em tom divertido:
“É. Mas, nesses cinquenta anos, duvido
que algum produtor tenha lhe oferecido um ‘mate’ no set.” “Desmontei”
o Zé Lewgoy e ganhei um amigo, que confiava em mim e de quem guardo muitas
histórias e muitas saudades. Milton
Moraes – era sensacional. Mas dava trabalho; e, quase sempre, eu tinha que ir
buscá-lo em casa ou no bookmaker em
baixo do prédio dele, ali no Bar
20. Não podemos esquecer de mencionar o Older Cazarré, craque das dublagens, que
interpretou o pipoqueiro do clube... Figura admirável!
Entretanto,
uma atuação que destoa é a da Luiza Brunet, reconhecidamente uma não-atriz.
Isso não pode prejudicar um filme? A atuação dela não ficou aquém do restante
do elenco?
Ficou,
sim. No entanto, uma das características principais de Luiza Brunet é
reconhecer seus limites. Ela nunca teve a pretensão de ser uma grande atriz.
Ela é boa sendo ela mesma. Pessoa agradabilíssima no convívio.
Logo
em seguida você volta a trabalhar com o quarteto em Os Trapalhões na Terra dos Monstros,
com direção de Flávio Migliaccio. Nesse filme você fez a produção de
finalização. Como surgiu esse convite?
Marcia
Bourg – sempre ela – me convidou para esse trabalho; e, novamente por acaso, eu
estava entre um comercial e outro e, assim pude aceitar. Ali, conheci Migliaccio.
Que
faz necessariamente um produtor de finalização?
Hoje,
não é mais assim; mas levava o material filmado e banda de som para o laboratório
em São Paulo e trazia de volta à Lider (que virou Labocine e, agora, não sei
mais). Ia a São Paulo como quem sai de Copacabana e vai ao Méier.
Como
foi trabalhar com o Flávio Migliaccio nesse filme?
Um
diretor elegante, gentil. Migliaccio fala baixo, e eu gosto disso. Nosso
contato foi, na maioria das vezes, na Rob Digital, estúdio de Roberto Carvalho,
em Botafogo (RJ), onde eram feitas as dublagens.
Gostaria
que comentasse a respeito de toda a produção envolvendo os monstros. Como foi
trabalhar com eles no filme?
Como
entrei na fase da finalização, pouco sei da filmagem. Na finalização, foi pura
parceria.
Seu
último trabalho com Os Trapalhões
em sua formação original foi em Uma Escola Atrapalhada,
com direção de Del Rangel. Era nítido, até pela aparência física do
Zacarias, que aquele seria o último filme do quarteto?
Pois
é... Mauro Gonçalves, o Zacarias, era um ser especial demais para continuar por
aqui. Quando chegava, tudo à volta era alegria, luz.
Nesse
filme, você volta a trabalhar como produtora de elenco. Era um elenco vastíssimo,
que contou com a presença de Angélica, Supla, Gugu, grupo Polegar, entre
outros. Quais as recordações desse trabalho?
As
melhores lembranças são tantas... Filmamos tudo no Colégio São José, na Usina.
Teve um dia em que o homem que forneceria as cobras para a cena do laboratório
chegou com um saco repleto delas. O Renato Aragão fez questão de estar presente;
mas, assim que a primeira saiu do saco, foi um auê! Imagine o quanto ele nos fez
rir... Os meninos do Polegar eram todos uns amores; mas minha proximidade maior
era com Rafael Ilha, o mais extrovertido de todos e que cativava a todos que o
cercavam. Sempre me lembro dele, tão franzino, tão animado...
Esse
filme acabou revelando grandes atores que se consagrariam no futuro,
especialmente o Selton Mello, que fez ali sua estreia no cinema. Fale a
respeito dele.
Se
começar a falar do Selton, não irá caber aqui. Nos conhecemos ali. Ele, aos dezesseis
anos, chegava acompanhado de sua mãe. Muito disciplinado e sempre pronto para
rodar, como faz até hoje, tanto na função de ator, quanto na de diretor. De lá
para cá, nunca mais nos perdemos de vista. Tinha também o Leonardo Bricio e a
Maria Mariana.
Nesse
filme, Os Trapalhões não
eram os protagonistas. Eles apareceram pouco, não tinham o filme centrado em
suas figuras. Por quê?
Acredito
que tenha sido essa a proposta desde o início do projeto.
Nos
três filmes que você trabalhou com eles, recebeu orientação para selecionar determinado
ator ou atriz? De quem partia a escolha na formação do elenco?
Elenco
foi e continua sendo uma “criação participativa”.
Todos, das respectivas equipes, têm total liberdade para sugerir alguém para um
determinado personagem.
A
ideia de usar artistas em evidência, como o grupo Polegar e Angélica, era uma estratégia
para atrair ainda mais público nos filmes?
Sim.
O grupo Polegar e Angélica eram muito populares junto ao público-alvo do filme.
Gugu
trabalhava no SBT, quando atuou em filmes dos Trapalhões. Os Trapalhões eram
vinculados à TV Globo. A ideia de levar Gugu a atuar no cinema era parte da
estratégia da TV Globo em “seduzir”
Gugu a trabalhar na emissora?
Isso
eu não sei. Mas, naquela época, a “briga por
audiência” e consequente rivalidade não eram tão
intensas como hoje. Gugu fez um bom trabalho.
Acha
que hoje seria possível um artista de uma emissora concorrente atuar em um
filme de um elenco de outra emissora?
Sim.
Televisão é televisão e cinema é cinema. São janelas distintas e não seria
justo discriminar um ator ou atriz, pelo simples fato de trabalhar na emissora
A ou B.
Quem
era o maior comediante dos Trapalhões?
Eram
dois: Mussum e Zacarias. Com eles, Renato e Dedé faziam a festa!
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Penso
que é porque sempre foram filmes para levar a garotada aos cinemas, nas férias
de julho e de dezembro. Renato Aragão nunca teve a pretensão de fazer uma
superprodução para concorrer em festivais. O negócio dele era formar plateia. Ele
conseguiu; e a Academia reconheceu a importância desse trabalho, ao homenagear Os Trapalhões na pessoa
de Renato Aragão, na primeira edição do Grande
Prêmio do Cinema Brasileiro, realizada no
Quitandinha, em Petrópolis.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Leve.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular.
Marcamos
filmagem no estádio do Vasco, para “cobrir”
os planos gerais do Maracanã; e a diretoria do clube, convocou quinhentas
crianças com quinhentos balões de gás para a ocasião. Afinal, estariam lá
Renato Aragão e Pelé. Montamos tudo; mas, por algum motivo técnico que não lembro
qual, rodamos em “chapa 13”, termo que no jargão
cinematográfico significa filmar sem negativo na câmera, de mentirinha. Pelé e
Renato Aragão foram para o meio do campo e começou a sair criança com balão de
gás de todos os lados. Imaginem quinhentas crianças enlouquecidas com a
presença de dois grandes ídolos... Renato Aragão ficou tão assustado, mas tão
assustado que, ao vê-las vindo em sua direção, saiu em desabalada carreira e
atirou-se por cima da mureta que dividia o campo dos bancos de reservas e dos
vestiários. Enquanto isso, Pelé permaneceu lá, completamente à vontade no meio
daquela garotada, fazendo a festa.
Assinar:
Postagens (Atom)