Tony
Tornado
Ator, músico
Você
atuou no filme Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
Como e em que circunstância recebeu o convite para atuar nesse filme? Como foi
a experiência?
O
Dedé que lembrou de mim, pois precisavam de um ator que dançasse. Lógico que a
experiência foi maravilhosa. Eu já trabalhava com eles. Sendo assim, o clima
era totalmente favorável.
Antes
de iniciar essa parceria profissional com Os Trapalhões, você
já acompanhava os seus filmes?
Claro.
Os Trapalhões sempre
foram uma grande referência de atores; e os filmes; de bons roteiros.
Quais
as suas principais recordações dos bastidores de filmagens com Os Trapalhões?
As
nossas brincadeiras e o clima de amizade. Éramos íntimos e grandes amigos. Além
disso, o profissionalismo de todos eles.
Os Trapalhões e o Mágico de Oróz é
um filme que, antes de tudo, trata das mazelas sociais brasileiras. Fala
diretamente da seca nordestina, da manipulação política da seca por um coronel
ganancioso e ainda se coloca numa sintonia paródica com um dos maiores
clássicos da indústria hollywoodiana. Considera que esse filme foi um desafio
complexo, principalmente por ser dirigido às crianças?
Não
sei se difícil, mas importante falar sobre o assunto também nos cinemas. Principalmente
naquela época, no momento crescente do cinema nacional. Eles foram incríveis,
pois conseguiram falar sobre esses temas com muita astúcia e leveza. Tocaram
todos os públicos, tanto adultos quanto crianças.
Gostaria
que falasse da primeira cena do filme, a brincadeira do caça-urubus. É uma das
cenas mais emblemáticas do filme, mais marcantes. Como foi a sua preparação para
fazê-la?
Sendo
muito sincero, não me preparei muito. A música foi composta; e, sabendo da cena,
convidei os dançarinos que já trabalhavam comigo. Após o desenho da direção, foi
só se divertir e curtir o balanço. O clima era muito propício para tal
comportamento.
Nessa
cena, além de Renato Aragão, você contracenou com Arnaud Rodrigues e José
Dumont, dois ícones da nossa cultura. Gostaria que comentasse como foi a
sensação de trabalhar com eles.
Parceiros
de longa data. Eu já tinha gravado no meu disco uma música composta pelo Arnaud
e o Chico Anysio. José Dumont também já era um grande companheiro.
Renato
Aragão, Dedé, Mussum e Zacarias tinham como característica a irreverência. Até
nos bastidores das filmagens, eles brincavam muito. Isso procede? As filmagens
eram descontraídas?
O
clima era ótimo. Mesmo sendo trabalho, nosso ofício, nós ficávamos muito à vontade
e nos divertíamos muito.
Como
era o seu contato com o quarteto (Didi, Dedé, Mussum e Zacarias)?
Éramos
muito amigos. Na verdade, ainda somos.
Que
representava, naquele período, trabalhar num filme dos Trapalhões?
Ora,
estávamos trabalhando com os melhores artistas do segmento.
Quem
era o maior comediante do grupo?
O
Mussum era o maior, mas o Renato não era tão baixo assim. Na verdade, eu era
bem maior do que ele.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Procede.
Sim. Postura fundamental, para que todo o trabalho transcorra da melhor forma
possível. Na verdade, não só ele. Todos eram perfeccionistas, buscavam fazer
sempre o melhor.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Porque
eram filmes feitos diretamente para o povo. Além disso, eles eram muita coisa
na televisão e também no cinema. Isso devia incomodar muita gente.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Sensível
e respeitoso com seu público. Grandes obras para a cultura nacional.
Gostaria
que contasse alguma curiosidade ou fato desconhecido do público que tenha
presenciado como testemunha ocular, durante as filmagens de Os Trapalhões e o Mágico de Oróz.
Na verdade, no meu período de filmagem, não aconteceu nada de curioso.
Só quero ressaltar que Os Trapalhões são e sempre serão importantíssimos para a tevê e o cinema nacional. Não
tinha nenhum melhor ou pior. O conjunto era espetacular. Além de serem seres
humanos incríveis. Meus amigos. Seus programas e filmes ainda ensinarão muita
gente como é ser comediante, ator. Além disso, seus roteiros passaram e
passarão lindas mensagens de amor e respeito ao próximo. Vale a pena sempre
assistir a Os Trapalhões.