Graduada em Cinema e Vídeo pela ECA/USP em 2000, Kika Nicolela
atualmente realiza mestrado em Artes Visuais na Universidade de Artes de
Zurique (ZHdK). Já participou de mais de mais de uma centena de exposições
individuais e coletivas na Alemanha, Argentina, Áustria, Brasil, Canadá, Chile,
Coréia do Sul, Eslovênia, Espanha, EUA, Finlândia, França, Grã-Bretanha,
Itália, Polônia, Portugal, Suécia e Suiça com vídeo-projeções, instalações e
fotografias.
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O curta-metragem, especialmente o tipo de curta que realizo, me
dá total liberdade de experimentação e linguagem. Tem menos amarras comerciais,
ou nenhuma aliás, o que significa controle criativo total. E gosto de realizar
os projetos de forma dinâmica, enquanto a vontade e a idéia estão frescas.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O curta-metragem atinge um nicho de público bem limitado, em
termos de número pelo menos. Acho normal. Mas acredito que no Brasil exista até
um espaço maior do que na maior parte dos países, ou pelo menos em São Paulo,
graças principalmente ao trabalho de alguns festivais muito bem sucedidos.
Raramente se vê sessões de curta-metragem lotadas em festivais estrangeiros,
coisa que acontece em São Paulo.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Gosto da ideia de retomar aquela lei que colocava um curta antes
de longa-metragem nas salas comerciais. Ajudaria a formar um público mais
diversificado. Mas acho que cada vez a internet e o celular (e tablets) são
veículos ideais para o curta-metragem, mais até do que o cinema e a televisão.
O "attention span" das pessoas está cada vez menor, e de certa forma
o curta está se tornando um formato que aponta para novos caminhos, mais do que
o longa-metragem, e se adapta melhor a essas novas formas de compartilhar o
audiovisual.
É possível ser um
cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para
fazer um longa...
Acho que cada vez mais os
realizadores estão fazendo de tudo. Temos mil projetos paralelos, e tudo meio se
complementa. Eu não consigo entender o curta como trampolim somente, porque
existem projetos que são para o formato curta mesmo. Já realizei
longas-metragens documentais, mas nem por isso deixei de me interessar pelo
curta, pelo contrário. E tem ainda outros formatos, a série, o média, o vídeo
pra celular, o vídeo para exposição em galerias/museus (que é o que mais faço),
a performance em vídeo, enfim, vários outros modos do audiovisual que estão, na
minha opinião, convergindo e alimentando uns aos outros.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Acharia estranho se fosse.
Claro que existe um status em fazer longa-metragem, mas daí até marginalizar o
curta-metragem…
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Claro.