Atriz
e jornalista. No cinema atuou em ‘Uma Escola Atrapalhada’; ‘No Coração dos
Deuses’; ‘Avassaladoras’, entre outros. É uma das idealizadoras do Festival
Internacional de Cinema de Ubatuba.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em
primeiro lugar meu profundo respeito aos cineastas que lutam para manter viva a
linguagem de curta-metragem num Pais como o nosso. Depois vem a atriz, que
gosta de trabalhar, de fazer cinema e estar junto a essa turma de sonhadores
que não desistem de fazer seus filmes. Sempre que convidada eu faço. Até
gostaria de fazer mais. Me coloco à disposição aqui (rsrsrs) inclusive como
still ou preparando atores.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia
em geral?
Acho
isso muito triste. Se não fossem os Festivais e o Canal Brasil estaríamos enterrando
a carreira dos curtas-metragens no Brasil. Não temos mais espaço porque a mídia
é "burra". Se contenta com o sucesso plastificado. Mas não podemos
desistir.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
Voltar
a ser obrigatório, por Lei, a exibição de um curta-metragem antes das
apresentações dos longas nas salas de cinema de todo o Pais. Todos os cineastas
e técnicos deveriam se juntar e desenterrar essa Lei. Mas a classe é desunida. Isso
me entristece. Eu não desisto.
É possível ser um cineasta só de
curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho
que o cinema de curta-metragem é uma linguagem diferente do "cinemão",
mas é cinema em sua essência. Claro que o curta é laboratório para muita gente
e para técnicos novos e em estudo. Por outro lado acredito que o curta-metragem
tenha uma característica só dele de linguagem e formato. Não encaro como
"trampolim" encaro como laboratório. Mas reafirmo que na minha
opinião o cinema de curta-metragem tem vida própria, independente de outros
formatos. Na verdade eu não comparo os dois, são duas linguagens e produtos diferentes. Adoro
o cinema de curta-metragem e sua sabedoria em contar estórias ou documentar a
vida em até vinte minutos. Gosto da agilidade que ele impõe ao cineasta , da
agilidade emocional e intelectual de se "virar" no roteiro bem
amarrado e gerar em tão pouco tempo , comparando ao longa , as emoções e
reações da plateia. Acho genial.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios
cineastas?
Bem,
não posso falar por todos. Falo por mim e por amigos que não desistem - Se um
artista ou cineasta acredita que a linguagem de curta-metragem "é
menor" ou tem "menos valor", ele deveria mudar de profissão e
abrir um comércio de sapatos ou roupas da moda. Isso me tira do sério. (rsrsrs)
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim,
penso sim. Tenho roteiros escritos e acabei de vender meu carro para comprar um
equipamento básico para fazer meus filmes e ajudar os amigos. Não vou desistir
de fazer do meu sonho, uma emoção na tela. Quero documentar o Mundo em que vivo
e essas personagens maravilhosas que eu esbarro todos os dias. Mas é necessário
que haja mais união, ou veremos o cinema de curta metragem sumir, sucumbir
lentamente.