Atriz do NAC - Núcleo de Artes Cênicas. Integrou durante quatro anos a
cia. Club Noir. E é umas das diretoras do projeto ‘Sampa do Amor’.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O primeiro interesse veio do lado
atriz. Investigar um novo campo na atuação, embora tenha o mesmo princípio na
minha opinião. Mas de fato interpretação para cinema requer algumas habilidades
que só a prática te dá, então parti para uma série de filmes curtos trabalhando
como atriz, me arriscando bastante, errando muito, observando e sacando da
rapidez e da magia delicada e sútil que é estar num set. Tudo tem que existir
naquele instante, aconteça o que acontecer. Uau, isso é incrível e viciante!
(RISOS).
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em
curta-metragem.
Há mais ou menos dois anos (acho), uma
amiga e eu sentamos para conversar sobre cinema, vontades, anseios, sonhos e
tal. Havia afinidade e tesão. No começo tudo seria para que as duas atuassem,
queríamos criar e não esperar por convites. O tema amor rondou muito as
primeiras reuniões, e logo juntamos uma coisa na outra e criamos o projeto ‘Sampa
do Amor’. Que tem como objetivo contar histórias de amor reais da cidade
de São Paulo em formato de filmes curtos, cinco ao todo. Queremos alcançar
todos os cantos de SP e falar dos amores reais, aqueles que nem sempre duram
pra sempre, e muitas vezes são totalmente esquecidos. O primeiro curta já foi
rodado, é um trabalho do cão, mas recompensa muito assistir um sonho seu ali
virando realidade. Pra isso acontecer contamos com uma equipe monstra, e do
apoio de uma galera da pesada no site Catarse. E claro, minha parceira Gabriela
Ramos foi quem encabeçou tudo, pois quem é formada e entende mesmo, é ela, eu
sou só uma atriz bem abusada e chata, dando pitaco em tudo. (RISOS).
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da
mídia em geral?
Acredito
que existem algumas coisas neste mesmo sentido, já muito padronizadas e
estabelecidas. É uma estrutura de mídia já muito definida, por várias razões.
Acredito eu que a grana e o alcance de produções pequenas, são um dos motivos.
A formação de público para o trabalho de curtas também é um ponto importante,
acho que falta atenção nesse sentido. Mas vou ser otimista, de repente acho que
é só ir fazendo o seu trampo de um jeitinho que você acha que é maneiro, que
tudo vai dando certo. Estamos numa geração quente, e sinto que aos poucos tudo
vai acontecer.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
Patrocínio é a resposta mais óbvia né, acho que falta gente interessada.
Com dinheiro não faltariam ideias legais de exibição, desde festivais até
sessões especiais. Mas fica cada vez mais complicado ter que tirar do bolso pra
fazer o filme, e depois pra rodar com ele. É bem triste. Mas não acho que seja
unilateral, penso muito que talvez não exista tanto patrocínio, por conta de projetos
sem novidade, criatividade, sabe? Falta ousadia e surpresa para os olhos dos
caras que têm a grana. Não sei, posso estar falando algo muito pessoal, mas é
uma sensação que tenho quando vejo as produções mais recentes. Sou da opinião
que pouco dinheiro e uma grande ideia, faz milagre, já o contrário não sei...
O curta-metragem para um
profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o
grande campo de liberdade para experimentação?
É uma grande oportunidade, mas acho que isso acontece em outros campos
também. A experimentação deve existir sempre em qualquer forma de arte, pra mim
os caras que mais fizeram isso, fizeram história junto. Não vejo muito sentido
no movimento oposto. A liberdade criativa é material humano, todo mundo têm. Muitas
vezes rola um medo, ou uma ansiedade em resolver ou dar conta e acabar logo, e
isso freia o prazer de experimentar e se arriscar, mas tem que andar junto
independente do tamanho do trabalho. É a grande vontade, e é preciso querer
sempre!
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
No sentido de espaço para adquirir habilidade, prática, noção,
sensibilidade e outras milhares de coisas, acho que sim. Pode ser, e é o
caminho escolhido pela maioria dos caras de cinema que eu conheço. Mas não acho
que os curtas sirvam só pra isso, entende? Acho que é uma outra forma de
linguagem, e existem milhares de benefícios num formato menor, falo em
benefícios estéticos mesmo, sabe? Não atribuo valores, não sei se é melhor ou
pior. É diferente!
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Eu não tenho a menor ideia! (RISOS).
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Sim, penso. No projeto ‘Sampa do Amor’,
ainda faltam quatro histórias a serem contadas. Vamos ter muito trabalho, mas
estamos indo com calma e tentando fazer da melhor maneira possível. O primeiro
curta nos ensinou um monte de coisas que temos que ajeitar antes do segundo, e
assim por diante. É algo que demanda tempo e dedicação. Primeiro queremos
lançar o primeiro curta, e nem começamos a parte da finalização. Enquanto isso
vamos colhendo novas histórias de amor, e nos nutrindo de vontade e forças.