Diretor. Trabalhou como assistente de direção em cerca de 20
filmes, entre eles, ‘Tainá 2 – A aventura continua’ e ‘Meu
nome não é Johnny’, ambos de Mauro Lima, ‘Lisbela e o
prisioneiro’ (2003) e ‘O bem amado’ (2010), ambos de Guel
Arraes e ‘Ensaio sobre a cegueira’ (2008), de Fernando Meirelles.
Assinou seu primeiro trabalho na direção em 2011, com o longa-metragem ‘Qualquer
gato vira-lata’, adaptação da peça homônima de Juca de Oliveira.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Infelizmente
nunca participei da produção de nenhum curta, mas certamente participarei no
dia que cruzar meu caminho. Acho que o grande estimulo para participar é a
possibilidade de experimentação, a liberdade de trabalhar num sistema mais leve
e mais barato além de poder contar historias que cabem em formatos específicos.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia
em geral?
Tenho pouco conhecimento sobre o assunto, mas arriscaria dizer que é um
ciclo vicioso da falta de exposição com a falta de interesse. As pessoas não se
interessam porque não conhecem e não conhecem porque não se interessam. Era
preciso promover mais a exibição de curtas em todas as mídias para quebrar esse
ciclo, tem muitos curtas bons por ai que não chegam ao publico e
consequentemente aos críticos e a mídia.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Acho que conquistar um espaço nas TVs abertas seria um grande avanço. É
definitivamente uma ótima forma de divulgar, mas o mais importante é realmente
fomentar a criação de mais festivais onde os filmes possam ser vistos na janela
em que foram pensados.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre
um trampolim para fazer um longa...
É possível porém acho complicado se sustentar somente com isso, conseguir
verba suficiente para filmar seu curta já é bem difícil e ainda sobrar dinheiro
para pagar suas contas, o cara tem que ser magico. O curta-metragem costuma ser
um trampolim para fazer um longa (que não é meu caso) na medida em que você
consegue mostrar um pouco do seu trabalho. É bem complicado provar para
investidores, que um estreante, sem nada pra mostrar é o cara certo para se
investir milhões de reais.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não, a maioria dos cineastas já fez ou como no meu caso, quis
fazer um curta. Existe muitas vezes, entre os profissionais, o problema em
participar de curtas que é relacionado ao dinheiro. Os caches pagos a equipe
(quando tem cachê) são muito baixos e essas pessoas vivem disso e muitas vezes
não podem abrir mão de outros trabalhos para participar de um curta. Claro, tem
também os que não gostam, mas deixemos eles de fora... eles tem esse
direito...
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso muito, tenho uns dois roteiros que quero filmar mas sempre acabo
esbarrando com o problema do financiamento. Cinema é muito caro e se o roteiro
do seu curta requer um pouco mais de produção você acaba ficando fora do valor
dos editais. Não é justo que quem queira fazer um curta tenha sempre que pensar
em ideias sem muita produção (salvo de alguns poucos curtas que conseguiram
mais dinheiro), isso é um grande limitador.