Vanise é atriz e participou dos curtas ‘Messalina’ e ‘Vaga-lume’.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Bom, eu não possuo conhecimento especifico sobre história do cinema. Sei da importância que o curta-metragem teve em épocas difíceis para o cinema em que a total ausência de incentivos tornava quase impossível fazer filmes. Acho que nesses momentos, por ser mais viável economicamente, a produção de curtas, especialmente dos super-8, mantiveram vivo o cinema brasileiro, e deram continuidade a produção nacional. Outro aspecto importante creio que é a maior facilidade de experimentação, exercício de linguagem e amadurecimento de profissionais. A maioria dos atores, diretores, equipe técnica e de criação iniciam na linguagem audiovisual pelo curta-metragem.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que por um lado essa questão está relacionada diretamente a dificuldade de exibição. Sem espaço para exibir é difícil ter o espaço da critica e da mídia. Além disso acho que o curta ainda é visto muitas vezes como um produto menor, de valor inferior, quando comparado ao longa. E não simplesmente como um outro formato, com suas especificidades.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que deveria haver mais programas de exibição de curtas antes de longas nos cinemas, o que é bastante raro. E também a exibição em programação de televisão poderia ser intensificada. Além disso é importante o lançamento de DVDs com seleção de curtas para o público interessado. Muitas vezes ouvimos falar de curtas que concorreram em festivais e acabamos não conseguindo assistir por não ter acesso. A internet também pode ser um grande veículo para isso, claro.
Você já atuou em curtas como ‘Messalina’ e ‘Vaga-Lume’. O que te faz aceitar participar de produções em curtas?
Essas foram duas experiências maravilhosas. Que me trouxeram muita satisfação mesmo. Adoro fazer cinema e quando recebo um convite para um filme me importa mais o roteiro, o personagem, o diretor, os outros atores, do que o formato. Claro que quero muito fazer mais longas e o tempo de dedicação, o espaço de criação e a possibilidade de mais pessoas verem o teu trabalho é ótimo. Mas seguir fazendo curtas permite ter uma continuidade de trabalho na linguagem audiovisual. Além disso o curta tem desafios próprios, como a necessidade de desenvolver rapidamente o personagem, e muitas vezes, pelo roteiro, ter de expor apenas uma faceta, sem deixá-lo caricato.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Creio que entre alguns sim. Mas não acho que dê para generalizar.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Quem sabe...? Até pouco tempo eu nunca havia pensado nisso. Apesar de já ter ouvido essa sugestão, que eu dirigisse um curta. Mas confesso que algumas idéias já me fizeram ter uma certa vontade de experimentar a direção. É claro que para isso eu teria de estar muito mais preparada. Estudar, aprender muitas coisas. E meu grande "barato" mesmo é atuar, sem nenhuma dúvida.