segunda-feira, 30 de junho de 2014

Vera Hamburger

 
Vera Hamburger é formada em arquitetura e urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1989. Atua, desde 1985, nas áreas da direção de arte e cenografia para teatro, dança, ópera, cinema e exposições, além de dedicar-se á pesquisa ensino sobre o mesmo tema.
 
Você é formada em arquitetura e urbanismo pela USP em 1989. Essa formação acadêmica foi fundamental para a sua profissão de diretora de arte e cenógrafa?
Sem dúvida o curso de arquitetura e urbanismo foi fundamental para a minha atuação profissional. A FAU USP dos anos 80 era muito especial. Era um curso que reconhecia e se baseava na importância da experiência multidisciplinar como geradora de conhecimento. Tive professores interessantíssimos como os arquitetos Joaquim Guedes e Paulo Mendes da Rocha (recém chegado do exílio), a artista plástica Renina Katz e a historiadora e crítica de arte Ana Maria Belluzzo.  A convivência com essa geração foi essencial.
 
A FAU me proporcionou a prática diária do pensamento de projeto, a atenção sobre as relações que se podem construir entre a forma e a ação, o exercício contínuo com a linguagem das linhas, volumes, cores, texturas, brilhos e sua história começou ali, com um nível de discussão elevado. Esse tipo de experiência você leva para a vida inteira.
 
Assim que você se forma já começa a desenvolver trabalhos no cinema, teatro ou em filmes publicitários. Como fez para as pessoas acreditarem em uma recém formada, justo em áreas tão acirradas em sua disputa de espaço?
Na verdade comecei por ação do acaso, levada por amigos em comum, a fazer teatro com o José Celso Martinez Correa, também recém chegado do exílio. Tratou-se da leitura dramática de Roda Viva e O Homem e o cavalo, de Chico Buarque e Oswald de Andrade. Uma série de leituras dramáticas que o produtor Marcelo França encampou e atores como Paulo César Pereio, Célia Helena, Lélia Abramo e Elke Maravilha participaram.
 
Depois dessa experiência me apaixonei por essa profissão que já fazia parte de minha vida desde criança através da convivência com meu tio Flávio Império. Meu irmão, Cao Hamburger começava a fazer cinema como diretor de curta metragem de animação em massinha (Frankenstein Punk) e efeitista especial. Pedi a ele uma indicação como estagiária de cenografia. E assim fiz meu primeiro filme longa metragem como estagiária e depois assistente do cenógrafo Beto Mainieri, numa produção da resistente Vila Madalena dos anos 1980. O filme chamava-se O beijo 2348/75, dirigido por Walter Luís Rogério.
 
Segui fazendo cinema, ópera, teatro e exposições. Primeiro como assistente de cenografia, depois cenógrafa, depois diretora de arte. Fiz muito poucos filmes publicitários e praticamente nada de arquitetura de edificações.
 
Poucos conhecem outra faceta da sua biografia: você atuou em espetáculos de dança e óperas. Como foi a experiência?
É ótimo experimentar diversas linguagens. A multidisciplinaridade me encanta. É muito bom você trabalhar o espaço e a criação de atmosferas, para cenas tão diversas. O corpo ágil do bailarino contracena com a plasticidade que o envolve de maneira absolutamente diferente do cantor operístico, do ator teatral ou cinematográfico. O visitante de uma exposição, outra área a que me dedico, também ocupa e contracena com o ambiente a seu redor. Todos eles criam narrativas absolutamente próprias a partir da experiência de seu corpo no espaço, das qualidades visuais e táteis que o compõem.
 
Para mim o prazer da criação da visualidade desse corpo no espaço é o mesmo em todos os suportes.
 
Pensa em atuar novamente?
Sem dúvida, havendo oportunidade será ótimo!
 
Em 1993, você assinou a cenografia de ‘Lamarca’, de Sérgio Rezende. Como foi o desafio de protagonista nesta área?
Antes de Lamarca,um coração em chamas, de Sérgio Rezende eu já tinha uma experiência razoável em cenografia. Era arquiteta formada. Tinha trabalhado como assistente de cenógrafo Felippe Cerscentti em projetos de cenografia para cinema, ópera e teatro, além do projeto de arquitetura da 21ª Bienal Internacional de São Paulo. Já havia assinado minha primeira cenografia teatral no espetáculo Parzifal, de Jorge Takla, e já havia participado da produção internacional Brincando nos Campos do Senhor, de Hector Babenco, duas produções grandes.
 
Lamarca foi meu primeiro filme como cenógrafa. Uma das primeiras produções do ciclo pós Plano Collor, conhecido como o “Cinema da Retomada”. Um filme de desafio duplo: baixíssimo orçamento e realizado inteiramente em locação. Filmamos em Vitória, no Espírito Santo, e numa cidade muito pequena e de condições precárias chamada . Uma vila onde não havia energia elétrica, luz, televisão. Uma bela experiência.
 
O diretor de arte era Clóvis Bueno com quem trabalhei em mais de 10 filmes e por mais de 10 anos, e ao lado de quem assinei minha primeira direção de arte, anos depois. Um presença essencial.
 
Em 1999, você faz seu primeiro trabalho como diretora de arte, em ‘Castelo Rá-tim-bum’. Esse trabalho é considerado um marco nas produções do gênero infanto-juvenil. Quais são as suas principais recordações desse trabalho?
O Castelo Ra tim bum, o filme foi uma oportunidade maravilhosa de desenvolvimento de projeto. Tínhamos em mãos personagens incríveis, um universo fantástico – no duplo sentido da palavra –, um roteiro estruturado, equipe extraordinária e ótimas condições de produção.
 
Construímos uma verdadeira fábrica de cenografia com os melhores profissionais do momento e pudemos experimentar inúmeras soluções cenográficas, de figurino, maquiagem e efeitos especiais. Foi uma escola.
 
O sucesso da cenografia e direção de arte desse filme foi tão grande que virou uma grande exposição (com filas quilométricas) no Sesc Belenzinho. Esperava essa resposta do público?
É sempre muito recompensador quando a gente consegue entrar em sintonia com o público e essa exposição foi um exemplo muito forte nesse sentido. Foi muito interessante proporcionar ao espectador do filme a vivência dos cenários em sua completude. A força motriz do projeto dessa exposição foi criar atmosferas dramáticas para a experiência direta do público a partir dos cenários, inteiramente reconstituídos e “vivificados” pela luz e o som, e atividades interativas.
 
Em 2002 você volta a repetir a parceria com o cineasta Hector Babenco, desta vez no filme ‘Carandiru’. Como foi criar um presidio? Esse foi um dos trabalhos mais complexos que desenvolveu?
Sem dúvida. O Carandiru foi um filme difícil de encarar. Eu havia acabado de fazer o road movie tragi-cômico de Cacá Diegues, Deus é brasileiro. Caí do paraíso das mais lindas paisagens do país – filmamos na foz do Rio São Francisco, no sertão do  Pernambuco, nas praias de Alagoas - no inferno do maior presídio da América Latina, para contar a história de um dos piores massacres nacionais.
 
No princípio foi um choque, porém a experiência com o universo contido, vigiado e esquizofrênico do Carandirú foi incrível. A direção de arte desse filme é assinada por Clóvis Bueno e eu me encarreguei da cenografia.
 
Parte das filmagens foram nos antigos estúdios da Vera Cruz (em São Bernardo do Campo, São Paulo). Bateu um clima de nostalgia ao entrar lá?
A volta dos que não foram … Os estúdios da Vera Cruz são uma referência muito forte prá gente. Um estúdio com recursos inauditos no Brasil. Foi uma experiência importante utilizar seus espaços.
 
Com Helvécio Ratton você trabalhou em ‘O menino maluquinho’ (1994); ‘Amor e cia’ (1997) e; Uma onda no ar (2001). Você acredita que essas parcerias são importantes para o desenvolvimento de um trabalho?
Todas as parcerias são importantes para o desenvolvimento de um trabalho.
 
Em ‘Hoje’ (2011), de Tata Amaral você conquista o prêmio de melhor direção de arte no Festival de Brasília de 2011.  O que os prêmios representam para você?
Os prêmios são bons de ganhar.

Você se considera uma profissional consagrada?
Não penso sobre esses termos. Me sinto uma profissional que adora trabalhar e buscar a cada projeto sua cara.

Qual é a sua relação com o curta-metragem?
Fiz poucos curtas em minha vida. Acho que não passam de cinco. Foram experiências ótimas.

Muitos profissionais que hoje iniciam no cinema podem se sentir inibidos com um convite para você ingressar na produção deles. O que tem a dizer para estas pessoas?
Não fiquem inibidos! Conversando a gente se entende.

Para finalizar, gostaria de saber se chegará o dia em que você irá dirigir um filme.
Será? É uma pergunta que também me faço.

sábado, 28 de junho de 2014

Livro

 
O livro com a compilação de entrevistas publicadas no blog Os Curtos Filmes pode ser comprado na Livraria Relíquia. Acessem: http://www.livrariareliquia.com.br/curtametragem-compilacao-de-ideias-e-entrevistas-do-blog-os-curtos-filmes.html

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Nô Stopa

Foto: Alessandra Fratus.
 
Você, como cantora e compositora, tem dois álbuns solos lançados ‘Camomila e Distorção’ e ‘Novo Prático Coração’, além de parcerias com outros músicos. Como e em que circunstância aconteceu o convite para atuar?
Antes de cantar eu já dançava e fazia circo. Fui ginasta dos 10 aos 16 anos. Aos 13 anos fui treinar circo com os  Fratelli. O picadeiro foi meu primeiro palco. Depois entrei numa cia de dança contemporânea amadora, praticava balé clássico e participava de festivais de dança pelo país. Essa foi a minha escola. Depois comecei a compor e isso me levou a cantar.  Todos os convites que recebi foram para trabalhos que envolvem o circo, a dança e a música. O teatro acabou sempre sendo uma consequência dessas outras linguagens. 
 
Você já havia se imaginado ingressar na carreira de atriz?
Não tenho formação de atriz e nunca almejei essa carreira. Estou  aprendendo na prática, no palco, com meus amigos da Banda Mirim e com nosso autor-diretor Marcelo Romagnoli, que tem sido um verdadeiro mestre, ensinando com paciência um “bando” de músicos a atuar. 
 
Como foi a transição do palco como cantora para o palco como atriz? Sua experiência como cantora lhe ajudou?
Nunca houve uma transição, as coisas sempre andaram juntas. De certa forma eu dançava no circo, cantava e atuava nos espetáculos do PULTS Teatro Coreográfico (grupo que dancei de 2000 a 2006), cantei com os Parlapatões, manipulei bonecos e fiz circo com a Pia Fraus e tento misturar tudo isso nas peças da Banda Mirim. Estou procurando um caminho pra fazer o mesmo no meu show, que ainda é bastante focado só na música. Na real, a experiência da dança é o que me ajuda muito quando canto e atuo.
 
Você integra o elenco da Banda Mirim, uma das companhias mais respeitadas do país, com trabalho e pesquisa voltada para o público infantil. Como é a sua dinâmica de trabalho no grupo?
A Banda é um coletivo formado por 14 artistas, entre músicos, atores, artistas circenses, dramaturgo, cenógrafo, iluminador e produtor. É uma grande família democrática, onde cada um colabora com o que tem de melhor,  onde músico também atua e faz circo, o ator canta e joga malabares, o circense toca e canta e todos se divertem muito. Como toda família, às vezes a gente se embaraça e tropeça… mas a gente sempre se acerta. Quem vê de fora pensa que estamos numa grande brincadeira, e acho que essa dinâmica é o que faz o grupo seguir intacto desde 2004. 
 
Aceitaria compor sob encomenda para um filme?
Tenho pouca experiência nessa área. Na Banda Mirim fazemos sempre tudo em equipe. Em 2011 assinei a trilha do espetáculo de dança para crianças "Meio-Dia Panela Vazia" da Companhia Giz de Cena (grupo que danço, canto e componho desde 2009). Perdi o sono nesse processo mas fiquei contente com o resultado. Aceitaria fazer a trilha de um filme, seria, com certeza, um desafio engrandecedor.
 
Tem interesse em participar de telenovelas?
Não penso nisso, não sou atriz. Dependeria muito do contexto, da situação e do momento. 
 
O videoclipe está ultrapassado? É possível romper o cânone do gênero?
Pelo contrário! Acho que o vídeo clipe nunca foi tão visto como agora. A música hoje já vem vinculada a uma imagem. E todas as outras áreas, como a dança, o teatro, a cenografia, fotografia, animação, arte digital, culinária, literatura... Tudo é cinema. Tenho 14 anos de carreira, 4 discos lançados (2 na carreira solo e 2 com a Banda Mirim), mais de 13 espetáculos no currículo e nenhum vídeo clipe. Me envergonho disso e prometo que desse ano não passa! 
 
Muitos cantores (Roberto Carlos; Seu Jorge; Paulo Miklos; Elvis; entre outros) foram para o cinema e obtiveram grandes êxitos. Acredita que este seja também seu caminho natural?
Não tenho essa pretensão. Se o destino me reservar essa sorte, serei muito grata, mas sinceramente, não estou caminhando pra isso. 
 
O que te levaria a aceitar atuar em produções em curta-metragem?
Minha identificação com o projeto e o momento que eu estiver vivendo. 
 
O que pensa a respeito deste gênero? 
Não sou grande conhecedora, mas acho interessante o poder de síntese que o curta tem. Dá o recado sem dar muitas voltas, é direto e simples. Quanto ao cinema, nenhuma outra arte consegue misturar tão naturalmente todas as outras. É sem dúvida a arte que mais me emociona.
 
Toparia dirigir um filme?
Não. Prefiro e adoro ser dirigida. 
 
Para finalizar, gostaria de saber como você se classifica como atriz.
Eu, como atriz, sou uma ótima acrobata. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Marcos Petrucelli

 
Jornalista, já atuou em jornais, em revistas, na televisão, e, atualmente, é comentarista do quadro Sessão de Cinema, na rádio CBN. Sua paixão pelo cinema o levou a criar o e-Pipoca (www.epipoca.com.br), primeiro e um dos mais importantes sites especializados em cinema na internet brasileira.
 
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem na filmografia brasileira?
A história do cinema começa com curta-metragem. Basta se lembrar dos filmes curtos feitos pelos irmãos franceses Lumiere. Portanto, seja na brasileira ou de qualquer outra nacionalidade, o curta sempre terá importância na cinematografia. 
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Simples: os curtas não têm exibição comercial, nas salas de cinema. Sendo assim, não existe a necessidade de se ocupar o hoje espaço mínimo das páginas de jornal para falar deles, o que consequentemente acaba não gerando mídia. Mas é importante notar que tem havido, sim, um maior destaque para os curtas por causa do grande número de festivais aonde eles são exibidos. Há cobertura de imprensa desses festivais, e os curtas de alguma forma ganham algum destaque. E hoje ainda existe a internet, que abriu um espaço enorme para o formato.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Primeiro vamos esclarecer: os curtas-metragens, pelo menos alguns e supostamente os melhores, já têm público sim... e muito público. Como disse anteriormente, hoje o Brasil conta com inúmeros festivais, alguns dedicados somente ao formato curta. Isso sem mencionar os eventos internacionais, que acabam exibindo também a produção nacional. Todos esses festivais são acompanhados por alguns milhares de espectadores, que assistem a esses filmes curtas e os aplaudem. Nesses festivais, os curtas são premiados (em dinheiro). Alguns são comprados por TVs a cabo, como o Canal Brasil, veículo que acaba garantindo enorme visibilidade aos curtas. Ou seja, público. Mas como os curtas não são exibidos nas salas de cinema comerciais fica a sensação para algumas pessoas que eles nunca são vistos, o que não é verdade. Mas contando que nada disso existisse, a única maneira de fazer um curta chegar ao público seria colocar em prática uma lei que já existe e obriga os cinemas a passar curtas-metragens nos cinemas antes dos longas-metragens.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Possível é, mas nenhum cineasta quer ficar somente no curta. De fato, o curta é mais ou menos como um cartão de visita, um exercício para que o cineasta caminhe para o longa-metragem.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Aparentemente não.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei nisso.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Conrado Sardinha

 
Ator. Formado pela Escola Wolf Maya. Integrante do renomado ‘Grupo Tapa’.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Aceito fazer curta-metragem por vários motivos, dentre eles, por ser belíssimo o exercício do cinema, independente do tamanho do filme e também por acreditar no projeto, no roteiro.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque o curta realmente não é visto como produto final, e sim como um exercício. Parece difícil as pessoas entenderem que o curta é simplesmente uma linguagem diferente, mais uma forma de expressão, nem melhor nem pior, mas bem diferente, e que por isso merecia sim um espaço em todas as mídias.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não saberia lhe dizer, assim de forma tão rápida. Trata-se de um assunto bem importante, mas acredito que por gêneros, temas, algo assim.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Sem dúvida é possível, e seria muito bom, porque ai sim fortaleceria a linguagem
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Eu acredito que sim, vejo que no fundo o que todos querem, é partir para longa-metragem. Porque é o que traz o reconhecimento dentro dessa nossa realidade.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu gostaria muito sim, quem sabe um dia!

sábado, 21 de junho de 2014

Nazareno Casero

 
Ator argentino de cinema, teatro e televisão. Participou do longa-metragem ‘Crônica de uma Fuga’, entre outros trabalhos.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A verdade é que eu não fiz muitos curtas-metragens. Mais deve ter bom roteiro, que possa contar a historia de um jeito claro, em pouco tempo. tem que me surpreender. 
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por que o pessoal ainda tem preconceito com os curtas-metragens, acho que os curtas sofrem - estou falando da realidade na Argentina - acredito que não é muito diferente no Brasil.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Deveria ter algumas salas de cinemas que um dia no mês fazem uma mostra de curtas, na noite... eu estive no cinema do HSBC na Avenida Paulista e era muito legal! Fazer alguma coisa assim, mas de curtas.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É um treino muito legal! É relativamente barato! ninguém vai te dar o orçamento pra uma longa-metragem de 35mm se você não tem algo pra mostrar...
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não acho que seja tão assim, se os cineastas colocam no outro patamar os curtas dos longas é porque não são verdadeiros artistas... você não vai criticar de um jeito ruim uma pintura porque é pequena. 
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Eu deveria dirigir algum curta-metragem se tivesse vontade de ser diretor, mas ainda estou aprendendo como ser bom ator... aprendo fazendo filmes...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Na mídia

 
Só para maiores! A partir do nono minuto deste vídeo está a entrevista que concedi para o programa Penetra, apresentado pela fabulosa Bianca Jahara: http://canalsexyhot.com.br/video/penetra-e-o-inicio-do-porno-brasileiro/23649/

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Marianna Armellini

 
Atriz. Formada em Artes Cênicas pela Escola de Arte Dramática, em São Paulo, resolveu se juntar a três amigas para criar o grupo ‘As Olívias’. O sucesso foi tão grande que a comédia foi dos palcos para a TV e virou uma série no canal Multishow. Em 2012, foi convidada para entrar no elenco do remake de ‘Guerra dos Sexos’.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiros interessantes, possibilidade de explorar novas faces como atriz, a possibilidade de trabalhar com equipes novas (o contato com os profissionais de cinema é sempre um aprendizado num país com uma produção cinematográfica relativamente recente, como o Brasil). Os curtas-metragens em geral, são mais “livres”, têm roteiros mais originais que os longas-metragens, exatamente porque não têm um compromisso comercial – e liberdade é sempre algo rico para os atores.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Sinceramente, não sei responder com exatidão a essa pergunta. Imagino que a razão seja exatamente a falta de hábito do público brasileiro de assistir a esse tipo de cinema. Ainda somos um país que consome os blockbusters norte-americanos – a produção de longas nacionais sofre para emplacar sucessos e pagar o investimento feito na sua produção. Dependemos de leis de incentivo para produzir os filmes – o que acaba determinando que tipo de filme será produzido: aqueles com maior apelo popular e que possam reverter em bilheteria o investimento feito. Mas, se novo, isso são suposições – eu não tenho conhecimento de pesquisas e números que comprovem qualquer coisa!
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que as grandes salas de cinema deveriam promover exibições dos curtas antes dos longas – assim, as pessoas se acostumariam a um tipo de filme rápido, diferente, interessante – e a partir do momento que entendem o que é, podem formar uma opinião (se gostam ou não) e passar a frequentar festivais de curtas, por exemplo. É como os filmes europeus: a maioria do público não conhece ou teve uma experiência ruim com um filme, e por isso diz que “não gosta”. Se assistissem a um filme incrível – não importa em que língua é falado, ou a duração dele – gostariam de ver mais. Para mim, cinema bom é aquele que me move, que me toca, que conta uma boa história. Não interessa de que maneira ou com que linguagem.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Puxa, não sei! Não sei nem se é possível ser somente cineasta no Brasil! Digo isso porque, como atriz, sei que é um mercado em expansão, mas é difícil você ver atores que só fazem cinema. Mas, esquecendo a questão do mercado de trabalho, acho que deve ser possível sim um profissional se especializar em um único tipo de filme – e fazê-los cada vez melhor!
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Também não sei se isso procede... imagino que não, existem tantas boas produções internacionais que reúnem curtas de grandes diretores em cima de um mesmo tema...acho que tudo é uma questão cultural: se esse país consumisse mais cinema nacional, se tivéssemos uma produção maior de filmes de todas as categorias, talvez os curtas fossem algo comum de se assistir e, consequentemente, de produzir.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Nunca pensei em dirigir cinema, porque me falta conhecimento técnico e mesmo experiência de atuação em cinema – foram pequenas participações em quatro longas e um curta até hoje. Mas tenho algumas ideias que gostaria de um dia ver produzidas no cinema... quem sabe?

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Os Curtos Filmes na Mídia


Carol Zoccoli

 
Iniciou a carreira como humorista de comédia stand-up em outubro de 2007 e já em maio de 2008 foi apontada pela revista Época como a revelação da comédia stand-up em São Paulo. Fez parte do elenco do programa ‘Saturday Night Live Brasil1, da Rede TV, em 2012.
 
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um bom roteiro.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que os curtas ainda são considerados "pré-cinema de verdade" e por isso não são levados tão a sério, mas acredito que a internet pode ajudar muito na divulgação desses trabalhos.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Como disse, acredito que a internet seja um grande instrumento de divulgação para os curtas. 
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho possível e condizente! Falando da minha área, o humor, os curtas produzidos pelo ‘Saturday Night Live’ fazem muito sucesso na internet e os produtores desses curtas sempre fizeram curtas e continuam fazendo curtas.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não sei se marginalizado ou apenas visto como uma etapa para se chegar ao longa-metragem. Ver como uma etapa não significa necessariamente marginalizar. 
 
Você tinha um blog de cinema que aliava a crítica cinematográfica com humor. Conte sobre esse trabalho.
Sou apaixonada por cinema e fiz esse blog com "críticas" de filmes, que é mais como um resumo engraçado do filme. Estou há muito tempo sem postar por falta de tempo.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Siiiiiiiim!!!!