quarta-feira, 30 de maio de 2012

Eduardo Escorel

Cineasta e montador, começou a trabalhar no meio cinematográfico aos 20 anos, como assistente de direção de Joaquim Pedro de Andrade em ‘O padre e a moça’ (1965). No ano seguinte, dirigiu com Júlio Bressane o documentário ‘Bethânia bem de perto’. Nascido em São Paulo, em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro nos anos 60, onde fez o curso de cinema promovido pela UNESCO e o Itamaraty e ministrado por Arne Sucksdorff em 1962, e graduou-se em ciências políticas e sociais na PUC. Como montador, atuou em diversos filmes de diferentes diretores e estilos, desde Joaquim Pedro de Andrade, Glauber Rocha e Leo Hirszman e Eduardo Coutinho e José Joffily. Em 1969, dirigiu o documentário de curta-metragem ‘Visão de Juazeiro’, e em 1976, fez seu primeiro longa, ‘Lição de amor’. Na década de 90, dedicou-se à realização de documentários, com destaque para os filmes de uma trilogia histórica: ‘1930 - Tempo de revolução’ (1990), ‘32 - A guerra civil’ (1993) e ‘35 - O assalto ao poder’ (2002).

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Para quem começa, o curta-metragem é o primeiro passo natural por razões óbvias, principalmente menor tempo de realização e custo. Nesse sentido,  fazer filme de duração curta pode ser pensado como uma forma de aprendizado.

A geração que renovou o cinema brasileiro, a partir do final da década de 1950, começou fazendo filmes de curta-metragem. Filmes como ARUANDA, ARRAIAL DO CABO e O POETA DO CASTELO, foram  a iniciação na carreira de Linduarte Noronha, Paulo Cezar Saraceni e Joaquim Pedro, por exemplo.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Os jornais dão espaço para o que está ao alcance do leitor. Como o curta-metragem não é um produto de consumo, acaba sendo esquecido.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
As experiências de exibição compulsória do curta-metragem, incluído na programação do longa-metragem, não deram bom resultado, em parte por obrigarem o espectador a assistir um filme que não foi escolhido por ele. Sinceramente, não sei dizer qual seria, se é que há, uma solução que permita a existência de um circuito regular onde curtas-metragens sejam exibidos.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Não creio que, de forma geral, faça sentido pensar em cineastas “só de curta-metragem”. Ressalvadas as exceções que podem haver, a duração do filme não é um fator preponderante do ponto de vista do realizador.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não creio que o curta-metragem seja marginalizado entre os próprios cineastas. Havendo meios de produção, acredito que todo cineasta tenha interesse e prazer em realizar um curta-metragem.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
O último documentário que realizei, feito por encomenda de uma ONG, é de curta-metragem. Chama-se “J.” e faz parte de um conjunto de filmes curtos sobre direitos humanos. Volto a dizer que a duração não me parece ser o fator determinante na decisão de fazer um filme.

domingo, 27 de maio de 2012

Enciclopédia Ilustrada do Mossy

UNA CHICA APELIDADA MARTA MOYANO


La chica Marta Moyano, argentina de Buenos Aires, nascida proficientemente em 1951, (foi o que ela sempre sugeriu e o que constava nos contratos por ela assinados em quatro filmes que ela trabalhou, produzidos e dirigidos por mim), e não corri atrás pra saber se era verdadeira sua naturalidade platinamente geográfica.  

A garota Moyano chegou a Pindorama em 1970, para aqui, graças a Deus, (apenas um força de expressão minha, pois cineastas tendem ser laicos) se radicalizar em todas as dimensões. Bastava-me, como referência artística e plástica de seu aparentemente dócil ser, seus longos e lisos cabelos cor de sol, que esquentavam incontinenti meu sorriso maroto de diretor e fã outsider, cabeleira, aliás, que ela deleitosamente e mecanicamente jogava a cada dez segundos pra trás. 

Seus lábios carnudos sempre desejosos em aparecer malandramente proeminentes em estética ondulação de curvaturas mil, agregados pela mãe natureza à sua lânguida língua úmida e lasciva suave-pink, sempre se descortinava ao além-carnal, quando se enrolava no seu sexy, sublime e indefectível portenhol. 

Seu corpo exageradamente alvo qual uma provocante ingênua pureza, corpo escultural e loucamente natural, donde seios em formato de pera desabrochavam gloriosos, deslumbrantes e inigualáveis, e cujos bicos rosáceos e regiamente nodosos, oh, poderiam ser abocanhados a integra por bocas epidermicamente gulosas. Pareciam uma pintura em 3D de Renoir. Sua pele macia tal qual uma seda angelical transcendia-se ao bom senso anárquico de qualquer ser originalmente lascivo. 

Cada um de seus vivos poros ávidos em contracenar com a –pecaminosa- vida que se perfilava diante às luzes da ribalta dos sets de filmagem e focados pelas lentes do desejo bestial, (bem que poderiam ter, os poros, um nome ou um apelido), hipnotizavam espectadores físicos in loco e virtuais por correspondência imaginária.

Ainda, seu andar propositalmente sacana, estudado nos mínimos detalhes perversos, passos de esteta malandra, enfeitiçava com sua sensualíssima marcha erotizada extra poética, fantasiosos caminhos asfaltados pelo total regozijo ardiloso, passos que se desenvolviam rumo ao Nirvana da sofreguidão humana, maldosamente terráquea.

E não é que ela me foi gloriosamente apresentada em 1973 pelo genial e saudoso diretor Alberto Pieralisi, quando produzi, “Oh que Delícia de Patrão”, com a Marta Moyano contracenando ao lado de outra loucura em forma de atriz/femeal: a miss Brasília, Geórgia Quental. Também no elenco deste filme, Jorge Dória e esse que vos escreve humildemente, entre outros belíssimos artistas fílmicos. Quanta honra!

Desconheço atualmente seu paradeiro físico, mas me hipnotizo espiritualmente, todavia, quando dela me manifesto em exuberantes detalhes férteis e saudosos. Marta Moyano não era só uma bela chica portenã, enlouquecedora de anseios que, à contramão de quem não sublima a arte do belo, proliferava à - voraz- sociedade masculina e, acreditem, à feminina. 
A moça sabia conduzir-se com talento diante das câmeras. 

Profissional como poucas, altamente respeitada pelos pares com quem contracenava, dava seu artístico recado talentoso, anunciando sempre com sua exótica participação um novo sucesso de público, através das telas de cinema. 

Ganhei muito dinheiro como empreendedor de fotogramas com sua parcial participação, diga-se de passagem, e, talvez, eu tenha pagado, como seu produtor, à época, o não suficiente por tudo que ela e outras campeãs de bilheteria me ofertavam como atrizes, nas bilheterias, Brasil afora. Infelizmente, hoje, sou mais um desses cineastas com pires na mão, à –ignóbil- dependência do Sistema Cinematográfico Brasileiro - tupiniquim, como tantos outros colegas veteranos e de muito sucesso, à espera de realizar um novo filme. 

Bom, esse papo fica pra outra oportunidade que poderá ser descortinado neste prestigiosíssimo blog do Rafa.

Trajetória fílmica e de sucesso de Marta Moyano.

CAFÉ NA CAMA (1973) DE ALBERTO PIERALISI

OH, QUE DELÍCIA DE PATRÃO (1973) DE ALBERTO PIERALISI

MOTEL (1975) DE ALCIMO DINIZ

COM AS CALÇAS NA MÃO (1976) DE CARLO MOSSY

O HOMEM DA CABEÇA DE OURO (1976) DE ALBERTO PIERALISI

O VARÃO ENTRE AS MULHERES (1976) DE LUIZ ANTÔNIO PIÁ

O SEXOMANÍACO (1976) DE CARLOS IMPERIAL

O MULHERENGO (1977) DE FAUZI MANSUR

AS MASSAGISTAS PROFISSIONAIS (1977) DE CARLO MOSSY

DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS (1977) DE BRUNO BARRETO

NEM AS ENFERMEIRAS ESCAPAM (1977) DE ANDRÉ JOSÉ ADLER

O GARANHÃO NO LAGO DAS VIRGENS (1977) DE MARCOS LYRA

MANICURES A DOMICÍLIO (1977) DE CARLO MOSSY

UM MARCIANO EM MINHA CAMA (1981) DE CARLOS IMPERIAL

P.S.  Ouço, enquanto escrevo essas saudosas linhas efervescentes, um tango concreto, sob a condução do compositor e músico igualmente argentino, Astor Piazzolla, a fim de emoldurar e sincronizar neste contextual, a inolvidável e belíssima figura de dama e atriz Marta Moyano.  

Carlo Mossy é diretor, ator, produtor, roteirista de cinema e colunista do blog Os Curtos Filmes.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Maria Alice Vergueiro

Maria Alice é uma das maiores atrizes do Brasil. Ficou conhecida nacionalmente com o curta ‘Tapa na Pantera’. Seu campo de atuação é o teatro, mas podemos vê-la também em filmes como ‘Quanto Dura o Amor?’, de Roberto Moreira.

O que te faz aceitar participar de trabalhos em curta-metragem?
A turma, o tema, a importância de um ator mais experiente se oferecer e propor aos iniciantes uma arte mais amadora e acabada. Adoro conviver com os jovens. Os curtos vêm sempre acompanhados pelos jovens. Gosto muito de trabalhar com jovens diretores.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Por causa da mentalidade, eles acham que as coisas boas são só as amadurecidas. Os grandes atores não se dedicam mais ao inicio, ao didático. Eles não gostam de se misturar com estudantes, eles acham que é um processo já passado. Gosto do amador.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público
Passar antes dos longas, sem aqueles comerciais. Em especial em cinema considerados cults, como o do SESC, Frei Caneca, Bombril e outros.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
(risos). Se houvesse mais aceitação, se tivesse mais comércio como nos Estados Unidos, não seria marginal. Não se vive com curta e teatro sem ser global.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não é bem marginalizado, ele é uma minoria. Ele é experimental. Você não passa do principio que precisa de um ator da Globo para “vender” seu curta, você abre mão disso.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não sou diretora de cinema.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Kiko Mollica

Sócio proprietário da Km 70, estreou no cinema em 2003 com o curta-metragem “Seu pai já disse que isso não é brinquedo”, que recebeu vários prêmios em festivais brasileiros (melhor curta-metragem segundo a crítica do 8º CINE-PE – Festival do Audiovisual de Recife, prêmio de pesquisa de linguagem no 11º Vitória Cine Vídeo e melhor curta-metragem do 1º Festival de Belém do Cinema Brasileiro, entre outros).


Qual a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema?
O cinema surgiu como curta-metragem (e depois de inventado, não demorou a chegar ao Brasil - é bom dizer). Raro enquanto ficção, o filme de curta duração se fez presente nos primórdios da nossa história cinematográfica principalmente através de cinejornais e documentários. A Cinemateca Brasileira possui exemplares pioneiros que mostram a importância do formato. De Glauber Rocha a Fernando Meirelles, passando pelo pioneirismo de Humberto Mauro, todos os cineastas brasileiros fizeram cinema com curta duração. Vale destacar um período muito fértil no final dos anos 1980 conhecido como "Primavera do Curta" onde novos temas e questões surgiram quando a ditadura chegou ao fim. Velhos estilos também foram questionados nesse momento e toda a fertilidade que marca essa etapa teve grande repercussão nos festivais. Outra curiosidade desse período é a presença do formato nas salas comerciais graças a Lei do Curta (sim, já tivemos uma lei que nos defendia). Para exemplificar o que estou dizendo, é daí que surge um dos nossos melhores filmes (independente de sua duração): "Ilha das Flores", de Jorge Furtado (melhor curta do Festival de Berlim de 1990).

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que esse espaço não existe simplesmente porque a mídia se dedica a divulgar o que está ao alcance do público. Por que gastar espaço do jornal com aquilo que o consumidor não tem como assistir? Aqui em São Paulo durante o Festival Internacional de Curtas-Metragens é comum encontrar criticas desses filmes nos jornais. Aliás, já faz alguns anos que esse Festival - um dos maiores do mundo dedicado a esse formato - promove um workshop cujo resultado é um boletim repleto de criticas aos filmes apresentados em suas mostras.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que os exibidores não vão gostar da minha opinião, mas acho que os curtas tinham que estar nas salas de cinema junto com a exibição dos longas. A exibição de um curta antes da sessão é perfeita. Se o sujeito não gosta do formato, entra na sala mais tarde. Prefiro muito mais ver um curta a suportar aqueles eternos minutos de publicidade. Outro local para esses filmes é a internet. O site "Porta-Curtas" é o melhor exemplo. O realizador é remunerado, seu filme é contextualizado e sua ficha técnica disponibilizada. Também precisa ser reconhecido e louvado o espaço que o Canal Brasil e a TV Cultura reservam para esse formato. O Canal Brasil, principalmente, tem exibição diária de vários curtas. Sem falar de programas dedicados a gêneros específicos, como animação e sexualidade.  Os programadores, de maneira geral, precisam não se esquecer de uma coisa: se o filme não é bom, relaxa porque acaba rápido.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa.
Possível é, mas acho que chega uma hora que o diretor quer desafios maiores. Ou começa a desenvolver histórias mais complexas. Não acho que existam temas que só podem ser abordados em uma narrativa maior, mas tenho certeza que com mais tempo podemos nos aprofundar mais em determinados assuntos. Agora, uma coisa é certa, para se fazer um longa-metragem é preciso antes praticar. E o curta é um excelente espaço para isso.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Fazer cinema não é fácil. Porém, realizar um curta não é difícil se comparamos com a complexidade da produção de um longa-metragem. Dito isso, e reconhecendo a vaidade que normalmente acompanha o artista, acho que há mais respeito por quem dirige longa-metragem. Poucos reconhecem que - independente da duração - estão diante da produção artística.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso em dirigir vários curtas futuramente. Felizmente, não faltam idéias. O que me falta é tempo. E grana. Estou tentando resolver isso.

domingo, 20 de maio de 2012

Bruno Torres

Bruno é cineasta. Dirigiu e montou diversos curtas e longas, entre eles está ‘Encontro das Águas’.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O curta metragem tem importância histórica não só no cinema brasileiro, mas também na própria história do cinema de maneira geral.

A sétima arte praticamente nasceu quando os irmãos Lumière exibiram o filme A CHEGADA DE UM TREM NA ESTAÇÃO, que foi a primeira projeção de um filme ao público. O filme consistia em uma estação movimentada por pessoas aguardando a chegada de um trem. Após um tempo o trem surge e vem em direção à câmera. Na sala de cinema as pessoas começaram a correr e pular as cadeiras, com receio de que o trem as atropelassem.

Isto só foi possível no cinema, já que é a única arte capaz de imprimir o tempo como um evento concreto. Pensando neste filme, é fácil perceber a importância histórica do curta metragem na história do cinema. Além deste caso, existem milhares de outros. Luís Buñuel mudou a história do cinema, com seu curta de aproximadamente 30 minutos, UM CÃO ANDALUZ.

No brasil não foi diferente. Humberto Mauro fez inúmeros curtas, entre eles o clássico A VELHA A FIAR. Humberto influenciou uma geração de cineastas e o Brasil produziu inúmeros curtas de cineastas que no futuro produziram seus longas e se tornaram grandes diretores.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O espaço para o curta metragem ainda é restrito, mas tem crescido muito. Hoje existem uma centena de festivais que exibem curtas metragens no país e com uma boa assessoria de imprensa, o que acaba gerando, de certa forma, um espaço de divulgação e de discussão a respeito dos curtas metragens produzidos no país.

Mas o que acontece na verdade é que vivemos em um país que não tem a cultura de valorizar a exibição de curtas metragens no cinema e muito menos na televisão. A cultura ela é educada e já que não temos como assistir os curtas em tevê aberta, acabamos, por consequência, tendo também uma mídia restrita. O cinema além de ser arte, é mercado e a mídia e as críticas dos jornais atendem a esse mercado. Como o curta metragem não tem o espaço que atinge diretamente o público, a mídia em geral acaba dando menos atenção.

É uma pena, pois o curta metragem é um espaço de experimentação único e especial dentro do conceito audiovisual. 

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?

Acredito que o povo tenha muito interesse em assistir curtas metragens. O curta pode trabalhar situações que num longa seria impossível. A estrutura dramática é outra, o tempo, o ritmo, a necessidade de ser mais sucinto e outras coisas mais. Isso desperta a atenção do público, mas repito: não temos uma educação cultural que nos favoreça e que habitue o olhar do espectador para o curta metragem. O ideal seria ter canais de televisão aberta que exibissem o curta metragem em horários especiais, justamente para habituar o público, já que a televisão é o meio de comunicação mais direta.

Somente após uma conquista destas seria possível exibir curtas metragens em salas de cinema antes dos longas metragens ou até mesmo em sessões especiais. 

Pode parecer uma loucura este pensamento, mas com o tempo a exibição de curtas em tv aberta geraria interesse dos exibidores em salas de cinema. E para finalizar é importante ressaltar também da mídia de internet, que hoje em dia é sem dúvida a mais acessada e de uma importância tremenda. Os espaços de exibições de curtas poderiam ser maiores na internet. Existem poucos sites que exibem curtas metragens.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...

A maioria dos bons diretores do mundo todo exercitaram suas linguagens e visões nos curtas metragens antes de se tornarem diretores de longas. O curta não é só o trampolim para o longa, ele é a verdadeira faculdade de formação do olhar do diretor cinematográfico. Ele é o espaço onde você pode arriscar para se descobrir, para saber quem você é realmente e que cara o seu cinema vai ter. 

O que acontece é que após você formar seu olhar e definir uma linguagem as necessidades mudam. 

O curta é o formato onde você define seu estilo, mas é no longa metragem que você encontra o diálogo com o público. Por esse e por outros motivos, na maioria das vezes, os diretores de curtas se transformam em diretores de longas. 

Existe também a questão da realidade de produção, já que no longa a verba é maior e condição de trabalho mais propícia. Mas na realidade viver só de curtas ou não é extremamente pessoal. Conheço diretores no Brasil que fazem curtas há 20 anos e ainda não fizeram longas. Quando pergunto a eles sobre longas metragens eles não demonstram interesse.  São raras exceções, mas existe.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Isso definitivamente eu acredito que não. Os curtas metragens são apreciados por diretores e produtores no Brasil todo. Em alguns festivais, às vezes, as sessões de curtas tem mais público que a sessão de longas. As grandes produtoras do Brasil produzem curtas e longas, pois o produtor sabe que o grande diretor nasce fazendo curta metragem.

Pensa em dirigir um curta futuramente? Qual é o seu próximo projeto?
No momento estou finalizando dois curtas metragens. Um deles é um documentário de observação poética do ciclo das águas que dirigi em parceria com o documentarista e amigo Evaldo Mocarzel. O filme se chama ENCONTRO DAS ÁGUAS e está na reta final da fase de finalização. Além deste projeto estou com outro curta que dirigi juntamente com o coreógrafo Alessandro Brandão. 

O filme na verdade é um média metragem que também está em fase de finalização. O projeto se chama PEQUENA PAISAGEM DO MEU JARDIM e é um filme que une a arte da dança com a arte do cinema. Fora esses dois filmes que já estão filmados, estou com três projetos de curtas que espero rodar antes de dirigir um longa metragem.

Os cinco projetos são todos diferentes e com linguagens distintas. Estou aproveitando o espaço que o curta metragem sugere de experimentação, para definir minha própria linguagem como diretor.

sábado, 19 de maio de 2012

VAGA IDEIA


Um Multilinguagem de Fato

O cineasta Neville D’Almeida, foi um dos ícones do cinema marginal, porém foi maior que isso, foi além.

É um artista multiliguagem na acepção da palavra. Ir além das exibições cinematográficas e bate-papo permitiria ao público a oportunidade de acompanhar com mais amplitude as suas ideias.

Provocador e iconoclasta, Neville D’Almeida sempre mexeu com as estruturas quando nelas transitava. Remodelou o conceito do cinema ao utilizar slides, o conceito de arte com a série Cosmococas, onde surge o Quase-Cinema, com o teatro ao ir além das simples adaptações entrando com contundência na alma dos escritores. Ao convidar Jorge Mautner para escrever seu primeiro roteiro uniu a lírica musical e o seu poeta marginal e abalou os ditames da sétima arte.

Jamais se prendeu aos cânones, foi sempre além.

Neville não pode ser classificado como cineasta, artista visual ou fotógrafo. É artista! Rompeu barreiras territoriais de forma completa e complexa.

Sempre impôs a si desafios que exigiam uma pluralidade de conhecimentos e experiências, indo com o pensamento para as mais variadas direções.

O que nos aproxima de Neville é que, fora os sucessos, obteve também fracassos, foi incompreendido sob a forma de ataques duros, foi vaiado, rejeitado e mesmo assim seguiu adiante, firme com as suas ideias. “Só vencer dá desânimo”, disse Neville.

‘Neville D’Almeida – Além Cinema’ é a oportunidade de colocar a história de Neville D’Almeida e do Cinema Marginal no eixo. Venham ao Sesc Santo Amaro e confiram.

Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/)

terça-feira, 15 de maio de 2012

Neville D’Almeida

Neville é o cineasta que mais sofreu perseguição da Ditadura. No seu currículo constam os filmes ‘A Dama do Lotação’, ‘Rio Babilônia’, ‘Matou a Família e Foi ao Cinema’, entre outros. Sua obra pode ser conferida em retrospectiva no Sesc Santo Amaro, no projeto ‘Neville D’Almeida – Além Cinema’, que fica em cartaz de 17 de maio a 8 de julho no Sesc Santo Amaro.

Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
A importância histórica que o curta tem no Cinema Brasileiro é imensa – total e absoluta. Para começar, devo dizer que o primeiro filme rodado no Brasil, foi um curta-metragem!! Filmado por “Affonso Segretto” em 1898. É bom observar que no início do século XX, centenas de pequenos filmes foram produzidos e exibidos para plateias urbanas que demandavam lazer e diversão. Portanto já no principio do século centenas de “curtas metragens” criaram a relação publico-cinema.

Você dirigiu alguns curtas. Fale sobre eles.
Já dirigi mais de cem curtas. Por exemplo:O BEM AVENTURADO’ – que foi o meu primeiro filme com 12 minutos de duração.

Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Para mim, os curtas-metragens deveriam ter “uma página inteira” todos os dias nos principais jornais do Brasil e do Mundo. Acho que isso vai acabar ocorrendo. Não só nos jornais, com em todas as outras mídias eletrônicas.

Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Acredito que o curta deve cada vez mais estar presente em todas mídias que estão disponíveis hoje. Como: celular – internet – avião – navio – ônibus – satélite – metrô – YouTube – rede municipal de educação – rede estadual – rede federal, TVs educativas – TVs Comerciais – TVs a cabo – e muito mais.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
É claro que é possível ser um cineasta só de curta-metragem! Muitas vezes torna-se evidente que um diretor de curta pode ser dez vezes melhor do que vários diretores de longa-metragem. O importante não é o tamanho do filme mas o talento, a capacidade de ter um poder narrativo profundo com riqueza de linguagem.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acredito que isto possa ocorrer por parte de alguns cineastas. Mas, não podemos generalizar. Devemos sim, prestigiar e estimular cada vez mais, os realizadores de curtas.

Dá para o cinema nacional sobreviver sem subsídios?
Existe uma política nacional de subsídios ao cinema. Foi criado um modelo de produção, baseado nestes subsídios. Os preços de produção subiram muito.  E apareceram os “PRODUTORES DESPACHANTES”...

Eles não sobrevivem sem os subsídios. Eles acham que o Governo tem a obrigação de dar “PARA ELES” os famosos: SUBSIDIOS. Desta forma, burocratizaram totalmente os mecanismos de distribuição das verbas de uma forma, que: OS ARTISTAS ACABAM FICANDO FORA, e OS MAURICINHOS dominam com seus “PRODUTOS” subsidiados...

O que é necessário para vencer no cinema?
Para mim, vencer no cinema é estar feliz com os filmes que você faz. Mas é importante saber que a vitória não pertence a um só grupo. Tem que haver uma distribuição de Recursos: mais justa, mais abrangente, mais generosa, mais representativa. Pois vivemos no regime: MUITO PARA POUCOS E  POUCO PARA MUITOS! Esse regime deve ser alterado. Para: MUITO PARA TODOS!  Todo cineasta merece ser um vencedor!

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso sim. Hoje mesmo, estou dirigindo um curta, chamado: “PLANETA GIGÓIA”. Amanha mesmo, estarei dirigindo outro em São Paulo. Agradeço a Deus a benção de poder fazer cada vez mais “curtas”.

O SESC Santo Amaro vai realizar uma mostra sobre o seu trabalho, fale desta homenagem e o que o público poderá encontrar neste projeto.
O SESC SANTO AMARO, com sensibilidade e cultura, esta promovendo uma mostra HISTORICA que certamente terá grande repercussão e muitos desdobramentos por todo Brasil. Com coragem e uma visão moderna, compromissada.

E exibe pela primeira vez um aspecto abrangente de uma obra que começou em 1966 em plena DITADURA MILITAR e vem até hoje totalmente engajada com a Arte Contemporânea e a acima de tudo com Liberdade. Devo dizer que é uma honra muito grande para mim, o convite feito pelo SESC SANTO AMARO (SP), através de pessoas sensíveis, dedicadas que tem uma visão profunda da cultura nos dias de hoje. Estou muito feliz em estar num lugar tão maravilhoso com pessoas tão dignas, recebendo esta HOMENAGEM que é claro que vou dividir com todos que participaram de todos estes trabalhos.

Qual é o seu próximo projeto?

O próximo projeto em cinema é:
1 – A FRENTE FRIA QUE A CHUVA TRAZ
Adaptação da obra teatral de Mário Bortolotto.
2 – BYE BYE AMAZONIA
A morte anunciada da maior floresta do Planeta.
3 – A DAMA DA INTERNET
Texto original da nova mulher e o desejo no mundo virtual.


 EM ARTES PLASTICAS;

“ÓPERA DE CORDA E BARBANTE”
Catedral toda feita de cordas com projeção digital nos altares e balanços na Nave Principal da igreja.

“CRIATURAS ESTRANHAS”
Objetos Seres com dimensões humanas que se relacionam com as pessoas através de SOM LUZES E CORES. Relação ser humano objeto – movimento – musica – sentidos.

“TABAMAZONICA”
Montar a obra em São Paulo
Relação profunda entre a construção mais antiga do mundo e o futuro digital.