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Alessandra Fratus.
Você, como cantora e compositora,
tem dois álbuns solos lançados ‘Camomila e Distorção’ e ‘Novo Prático Coração’,
além de parcerias com outros músicos. Como e em que circunstância
aconteceu o convite para atuar?
Antes de
cantar eu já dançava e fazia circo. Fui ginasta dos 10 aos 16 anos. Aos 13 anos
fui treinar circo com os Fratelli. O picadeiro foi meu primeiro palco.
Depois entrei numa cia de dança contemporânea amadora, praticava balé clássico
e participava de festivais de dança pelo país. Essa foi a minha escola. Depois
comecei a compor e isso me levou a cantar. Todos os convites que recebi
foram para trabalhos que envolvem o circo, a dança e a música. O teatro acabou
sempre sendo uma consequência dessas outras linguagens.
Você já havia se imaginado
ingressar na carreira de atriz?
Não
tenho formação de atriz e nunca almejei essa carreira. Estou aprendendo
na prática, no palco, com meus amigos da Banda Mirim e com nosso autor-diretor
Marcelo Romagnoli, que tem sido um verdadeiro mestre, ensinando com paciência
um “bando” de músicos a atuar.
Como foi a transição do palco
como cantora para o palco como atriz? Sua experiência como cantora lhe ajudou?
Nunca
houve uma transição, as coisas sempre andaram juntas. De certa forma eu dançava
no circo, cantava e atuava nos espetáculos do PULTS Teatro Coreográfico (grupo
que dancei de 2000 a 2006), cantei com os Parlapatões, manipulei bonecos e fiz
circo com a Pia Fraus e tento misturar tudo isso nas peças da Banda Mirim.
Estou procurando um caminho pra fazer o mesmo no meu show, que ainda é bastante
focado só na música. Na real, a experiência da dança é o que me ajuda
muito quando canto e atuo.
Você integra o elenco da Banda
Mirim, uma das companhias mais respeitadas do país, com trabalho e pesquisa
voltada para o público infantil. Como é a sua dinâmica de trabalho no grupo?
A Banda
é um coletivo formado por 14 artistas, entre músicos, atores, artistas
circenses, dramaturgo, cenógrafo, iluminador e produtor. É uma grande família
democrática, onde cada um colabora com o que tem de melhor, onde músico
também atua e faz circo, o ator canta e joga malabares, o circense toca e canta
e todos se divertem muito. Como toda família, às vezes a gente se embaraça e
tropeça… mas a gente sempre se acerta. Quem vê de fora pensa que estamos
numa grande brincadeira, e acho que essa dinâmica é o que faz o grupo seguir
intacto desde 2004.
Aceitaria compor sob
encomenda para um filme?
Tenho pouca
experiência nessa área. Na Banda Mirim fazemos sempre tudo em equipe. Em 2011
assinei a trilha do espetáculo de dança para crianças "Meio-Dia Panela
Vazia" da Companhia Giz de Cena (grupo que danço, canto e componho desde
2009). Perdi o sono nesse processo mas fiquei contente com o resultado.
Aceitaria fazer a trilha de um filme, seria, com certeza, um desafio
engrandecedor.
Tem interesse em participar de
telenovelas?
Não
penso nisso, não sou atriz. Dependeria muito do contexto, da situação e do momento.
O videoclipe está ultrapassado? É
possível romper o cânone do gênero?
Pelo
contrário! Acho que o vídeo clipe nunca foi tão visto como agora. A música hoje
já vem vinculada a uma imagem. E todas as outras áreas, como a dança, o teatro,
a cenografia, fotografia, animação, arte digital, culinária, literatura... Tudo
é cinema. Tenho 14 anos de carreira, 4 discos lançados (2 na carreira solo e 2
com a Banda Mirim), mais de 13 espetáculos no currículo e nenhum vídeo clipe.
Me envergonho disso e prometo que desse ano não passa!
Muitos cantores (Roberto Carlos;
Seu Jorge; Paulo Miklos; Elvis; entre outros) foram para o cinema e
obtiveram grandes êxitos. Acredita que este seja também seu caminho natural?
Não
tenho essa pretensão. Se o destino me reservar essa sorte, serei muito grata,
mas sinceramente, não estou caminhando pra isso.
O que te levaria a aceitar
atuar em produções em curta-metragem?
Minha
identificação com o projeto e o momento que eu estiver vivendo.
O que pensa a respeito deste
gênero?
Não sou
grande conhecedora, mas acho interessante o poder de síntese que o curta tem.
Dá o recado sem dar muitas voltas, é direto e simples. Quanto ao cinema,
nenhuma outra arte consegue misturar tão naturalmente todas as outras. É sem
dúvida a arte que mais me emociona.
Toparia dirigir um filme?
Não.
Prefiro e adoro ser dirigida.
Para finalizar, gostaria de saber
como você se classifica como atriz.
Eu, como
atriz, sou uma ótima acrobata.