Noelle Pine no programa "Chuva de Estrelas" (Tele 5), na Espanha.
Um a um, fale destes
trabalhos:
Com Los Pelos
Com los pelos de punta é uma comédia de minha autoria,
escrita em espanhol, que fiz na Espanha, está registrada lá na Sociedade de
direitos intelectuais de Madrid, e apresentamos em alguns Teatros de Andaluzia.
O Pranto da Virgem
Maria
Foi a minha primeira peça de teatro
profissional, uma peça sacra, onde tive que, ousadamente, cantar, Ave Maria de
Gounod...rs
Dizem que sou bem afinadinha, mas cantar uma ópera, realmente foi
muito atrevimento... Nunca desisti de nada sem tentar, e acho que valeu a
experiência. Ademais, o diretor dessa peça foi também meu professor de teatro
e, posteriormente, meu marido...rs Fiz também outra peças sacras e uma freira
num seriado da TV Espanhola.
Fale do CD gravado. O que te levou a
querer gravar um CD?
A música sempre me fascinou; tanto que gosto de todo tipo
de música: de ópera a forró. Penso como Paul McCartney quando diz que só há
dois tipos de música: a boa e a ruim. Componho algo e estive para gravar com a
RCA, um CD com composições minhas e melodia minha e do Hélio Satesteban, um dos
componentes do grupo "Pholhas", que para quem não sabe foi um dos grupos mais
famosos da década de 70/80. Hoje eles são donos do maior estúdio de gravação de
São Paulo, onde gravam os grandes astros de nossa música: De Zezé de Camargo,
Roberto Carlos e Paula Fernandes.
Por incrível que pareça, nosso projeto foi vetado pela
censura (maldita) porque minhas letras tinham um teor sensual e um dos títulos
era, ‘Fuzarca no Paraíso’...Nunca vou me esquecer disso...rs Também tinha um noivo hiper ciumento na
época, e quando o Hélio me ligava pra irmos pro estúdio, ele atendia e o
admoestava. Com tantos inconvenientes, o projeto foi esfriando e a RCA desistiu. Eles pensavam fazer de mim uma nova Gretchen, com letras e
rebolado sensual, mas me atrevi e mexi com a Igreja em duas das minhas
letras... Rs... (Não era pra ser...).
Então o fato de gravar o CD para aquele trabalho na
Espanha, não era novo pra mim, inclusive compus as músicas, letras e melodia e
também fiz segunda voz em algumas. Tenho uma no CD que se chama "Balada para John Lennon", que é a minha preferida e quem a conhece sempre me pede para
tocá-la. Também toco violão e guitarra. ‘Se cuida Dire Strait’...rs
Como havia o seu trabalho
como cantora?
Modéstia a parte, acho que tenho
bom ouvido pra música, canto afinadinho, mas me considero só uma atriz que
canta, e não o contrário. Também acho importante para o ator tentar aprender
sempre para não se limitar à hora de assumir um determinado papel. Saber dançar, cantar e ter outras habilidades
te abre esse leque de possibilidades. Nos Estados Unidos isso tem muita
relevância. O Antonio Banderas, por exemplo, ‘explodiu’ em fama quando fez o filme
‘Evita Peron’. Na Espanha ninguém sabia que ele cantava.
Comente a respeito do
seu trabalho em ‘Vidas Roubadas’, no SBT.
Foi a novela que fiz no SBT,
fazia o papel de Joana, personagem que é assassinada pelo marido e logo a trama
gira em torno desse assassinato. Tinha carteira assinada, convênio médico,
coisas que não tínhamos na indústria do cinema. Esse trabalho me rendeu depois
trabalhos nos humorísticos da casa , como
o Programa Moacir Franco, Bozo, e uma série que fiz que se chamava, "A criada mal criada", que foi exportada para
o México.
Como é para uma
atriz, marcada por grandes papéis no cinema, atuar em uma telenovela?
Olha, a linguagem é bem diferente. Televisão é tudo muito
veloz, muito ‘industrializado’, você trabalha pra uma infinidade de ’patrões’
que são os patrocinadores; aquela coisa estressante de tem que agradar se não
sai do ar...rs... Mas por outro lado,
evidentemente, te dá mais projeção, porque você entra na casa das pessoas todos
os dias sem pedir licença. Em Hollywood, um ator de cinema pode ser tão famoso
quanto um de TV, mas aqui, que temos a cultura de nos sentarmos na sala e
esperar que nos tragam a única diversão a que temos acesso por motivos óbvios,
nem poderia ser diferente.
Como foi seu trabalho
nos humorísticos no SBT?
Muito válido, porque aprendi com
grandes profissionais como Antonino Seabra, Moacir Franco, Valentino Guzzo, e
vi que fazer comédia é paradoxalmente bem duro... Fazer com que as pessoas
esqueçam suas mazelas e riam até das próprias desgraças é um mérito que nem
todo ator tem. Também havia aqueles esquetes em que é difícil conter o
riso...Muito legal mesmo.
A sua relação com a
Espanha, conte a respeito.
Foi uma experiência maravilhosa
em vivências boas e ruins, mas que sempre culmina com o aprendizado e,
consequentemente o crescimento pessoal, profissional e, sobretudo, espiritual.
Todo ser humano deveria experimentar ser o forasteiro em outro lugar para poder
valorizar aquilo que se tem tão próximo. Tive momentos em que a saudade,
traduzida em lágrimas, quase podia encher o oceano que cruzei para chegar lá.
Mas têm coisas da cultura Espanhola que gostaria muito que incorporássemos à
nossa. Aprendi o que é o enraizamento de uma cultura em um povo e o que isso
representa para o desenvolvimento de uma nação. Mas também aprendi que não há
nenhum paraíso na Terra. Todos nós estamos aqui nessa Nave de mistérios e o
ideal seria que falássemos todos nós a mesma língua, em todos os sentidos. Me
casei lá, me descasei, me nacionalizei e conheci pessoas tão maravilhosas que a
amizade perdura até hoje, independentemente da distância geográfica. Sinto
muita falta, principalmente do acesso que as pessoas têm à cultura: Ver bons
espetáculos, teatro, cinema, grandes musicais e ter países a tão curta
distância com cultura da mais diversificada também ajuda nesse sentido. Adoro o
idioma Espanhol e assisto sempre os canais de lá para não perder a
prática...Olé...rs