Formada em cinema pela FAAP, Caroline Fioratti trabalhou na
Gullane Filmes como integrante do Núcleo de Dramaturgia da produtora. “Formigas”,
seu curta-metragem de estreia, percorreu festivais nacionais e internacionais e
recebeu diversos prêmios. “A Grande Viagem”, seu segundo curta-metragem, conta
com o incentivo do Ministério da Cultura e teve sua estreia no Festival de
Paulínia 2011. Recentemente, Caroline lançou uma websérie de humor chamada Botolovers”, desenvolveu um roteiro de
longa-metragem com o diretor Carlos Cortez, e escreveu “A Comédia Divina” com o
diretor Toni Venturi. Atualmente, filma uma série infantil de ficção para a TV
Cultura inspirada em seu curta A Grande Viagem.
Qual a importância
histórica que o curta-metragem tem na filmografia brasileira?
O curta-metragem possibilita ao realizador um espaço de experimentação
audiovisual e aprendizagem. Geralmente, é na realização de curtas que o cineasta vai explorando uma assinatura de linguagem, narrativa e
temática. É nesse momento que surgem as questões: “O que falar?” e “Para que falar?”. O Brasil é um grande produtor de curtas-metragens com
destaque em importantes festivais internacionais. A diversidade do Brasil está fortemente estampada nesses filmes curtos que possibilitam novos e
diferentes olhares sobre a nossa realidade.
O que te faz aceitar participar de
produções em curta-metragem?
Como diretora, normalmente, os curtas que realizo surgem do meu próprio desejo
de levar uma determinada história a tela.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acredito que porque eles não têm um espaço dentro do cinema comercial. Existem
revistas eletrônicas mais especializadas que cobrem festivais de cinema e dão atenção para os curtas, mas ainda é um número
pequeno. Quando – e se – o curta ganhar as salas comerciais, acredito que esse cenário poderá ser revertido.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Acho que o curta deveria ter um espaço nas salas de cinema do circuito
comercial, mas para isso é preciso estudar uma política de distribuição. Não basta obrigar o exibidor a colocar um curta na programação antes de cada
longa, pois como vimos, isso não teve um resultado muito positivo, uma vez que os exibidores não estavam felizes com a obrigatoriedade.
É preciso estudar acordos para que a política seja boa tanto para o realizador como para o exibidor.
Outro
espaço bom para o curta, é a televisão. Alguns canais como a TV Cultura, TV
Brasil, Canal Brasil, exibem curtas-metragens. Mas é preciso ampliar a janela de exibição para esse formato. Uma iniciativa que parece ter
tido sucesso é a da RBS no Rio Grande do Sul (segundo depoimentos de amigos curtametragistas gaúchos). Por ser a Globo local, as
pessoas tem o costume de assistir aos curtas que são produzidos na região e financiados
pela própria emissora. Mais iniciativas como essa ajudariam a produção e distribuição
desse formato.
É possível ser um cineasta só de
curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
O grande problema de ser um cineasta no Brasil é sobreviver financeiramente só
de cinema. Assim, viver financeiramente apenas da realização de curtas-metragens é impossível. Mas você pode ser, por exemplo, um diretor de
publicidade e optar por realizar curtas-metragens ocasionalmente e não ter o desejo de fazer um longa-metragem. Entretanto,
acredito que na maioria dos casos, há o desejo de realização de um longa-metragem, por ser um novo desafio para alguém que tem como profissão
ser cineasta.
O curta-metragem é marginalizado entre
os próprios cineastas?
Não. Os cineastas valorizam muito o curta-metragem pois sabem da importância
dele na pesquisa de linguagem e narrativa. Mesmo os diretores de longa-metragem respeitam os curtametragistas, pois a maioria
deles já teve o seu momento como realizador de curta.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Já dirigi e lancei dois curtas (“Formigas” e a “Grande Viagem”), estou
finalizando um terceiro e preparando um quarto. Adoro curtas e quero
continuar.
continuar.