Cineasta e Diretor do Festival de Cinema Curta Neblina (Paranapiacaba).
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu dirijo curtas-metragens por ser uma boa forma de praticar o fazer
cinema sem depender tanto de patrocínios, além de ser uma forma de se tornar
conhecido para poder realizar longas-metragens.
Conte sobre a sua experiência em
trabalhar em produções em curta-metragem.
Como diretor, fiz apenas dois. O
primeiro chamado "Para sua namorada preparar um striptease
inesquecível", que participou de diversos festivais. Depois escrevi e
dirigi um curta como conclusão de curso chamado "Sonho de Valsa".
Este filme teve um belo elenco, encabeçado por Mayara Magri, Leopoldo Pacheco e
a participação especial de Cláudio Curi. Atores que sempre admirei e nunca
imaginei que estariam em meu segundo filme.
Este curta participou por quase
trinta festivais nacionais e internacionais, foi premiado e ainda esteve em um
festival na Flórida/EUA. Também participei de outros curtas,
como assistente de direção, diretor de arte, etc.
Atualmente dirijo o filme "Gosto
de Fel", que começou como um curta, mas vendo o potencial, necessidade do
mercado em absorver a produção nacional e conselhos do principal roteirista do
país, decidi reescrevê-lo para torná-lo um longa-metragem, com a enorme
colaboração de meu parceiro carioca Felipe Petrucelli.
O filme conta com um ótimo elenco:
Flávio Galvão, Caco Ciocler, Eduardo Scheck, Thogun Teixeira, Kiko Pissolato,
Bruno Giordano, Maria Rocha, Warley Santana, entre outros. Além da participação
especial de um de meus maiores ídolos: Ney Matogrosso.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu acredito que é porque eles não
geram renda aos produtores nem aos donos de salas de cinema. Isso faz com que
não haja investimento na sua divulgação e pouco interesse da mídia, já que a
maioria deles não tem atores famosos.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu acredito que seja a hora de criar
uma lei de cotas para a exibição de curtas-metragens antes dos longas, nas
salas de cinema. Mas essa lei deve ser muito bem elaborada para não cairmos no
mesmo erro de antigamente, quando cineastas recebiam uma verba para produzi-los
e alguns faziam da pior forma possível, para sobrar mais dinheiro. Isso fazia
com que todos os cinemas quisessem exibir os poucos filmes bons que existiam,
com isso o público reclamava que sempre via os mesmos curtas.
O curta-metragem para um profissional
(seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Sim, como o curta-metragem não tem
preocupações mercadológicas, dá liberdade aos artistas de experimentarem coisas
que seriam muito mais difíceis em longas-metragens. O grande cineasta Carlos
Reichenbach sempre reclamava que se irritava quando via curtas-metragens que
tentavam reproduzir o cinema industrial a que estamos acostumados.
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
Na maioria das vezes, sim. Claro que
há um filtro muito grande para se passar de um curta para um longa, mas com o
acesso às novas tecnologias se barateando, está cada vez mais fácil para um
curta-metragista produzir seu primeiro longa.
Além disso, produzindo
curtas-metragens se exercita técnicas, linguagem, como conduzir os atores,
forma-se um grupo de pessoas com as mesmas finalidades, torna-se conhecido no
meio cinematográfico, etc.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Não acredito em receitas, mas se não
tiver vocação e talento é impossível vencer.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Acredito que só voltarei a dirigir curta-metragem se ganhar algum
edital, pois a falta de patrocínio que eles sofrem é desanimadora.