Toninho
Muricy
Estagiário de finalização, técnico de som direto
Você
foi estagiário na área de finalização do filme Atrapalhando a Suate.
Como e em que circunstância recebeu essa oportunidade?
Eu
estava estagiando na Rob Filmes (hoje, Rob Digital), e Os Trapalhões foram finalizar
o filme lá.
Atrapalhando a Suate foi
o seu primeiro trabalho em cinema?
Meu
primeiro trabalho em cinema foi um estágio como segundo assistente de câmera no
longa Menino do Rio,
dirigido por Antônio Calmon e produzido pela L. C. Barreto.
Que
faz um estagiário de finalização?
Ajuda
nos processos relativos à finalização de um filme – montagem (no caso era
película 35mm, na moviola Steenbeck), dublagem, edição de som, mixagem.
Atrapalhando a Suate é
o único filme que não consta oficialmente da filmografia dos Trapalhões. Quais as
suas principais recordações dos bastidores desse filme?
Confesso
que não lembro muita coisa. Faz muito tempo. E ele era mais um dos filmes sendo
finalizados na Rob Filmes. Lembro-me do Mussum, muito engraçado – aliás, todos
eles –, que sempre fugia pra tomar um goró no Bracarense. Lembro-me de estar
ali tão perto deles, meus ídolos!
Como
foi a experiência de trabalhar em uma produção envolta de tantas polêmicas, como
a separação do quarteto? Eles comentavam algo com você?
Não
comentavam, não. Sempre foram muito discretos sobre isso, o que eles queriam era
fazer o melhor filme possível.
Havia
uma disposição de Dedé, Mussum e Zacarias de mostrar ao Renato que eles também
sabiam produzir um filme?
Certamente,
tanto que fizeram o filme. Mas nunca falaram disso comigo.
A
DeMuZa Produções foi criada com o intuito de apenas gerir os negócios dos três
humoristas (Dedé, Zacarias e Mussum). Você foi registrado por ela?
Não.
Eu era estagiário da Rob Filmes.
O
trio acreditava que poderia ser bem-sucedido sem o Renato Aragão?
Acho
que sim, tanto é que tentaram!
Havia,
nos bastidores, um clima de tristeza pela separação ou de competição, já que
Renato Aragão estava filmando O
Trapalhão na Arca de Noé?
Nunca
falaram comigo disso.
Que
representou para você trabalhar em Atrapalhando
a Suate?
Foi
um bom aprendizado. E foi muito legal conviver um pouco com os três, de quem
sempre fui fã!
Depois
de um longo hiato, sua trajetória profissional voltou a encontrar um integrante
dos Trapalhões,
Renato Aragão, em dois filmes: Simão,
O Fantasma Trapalhão
e O Trapalhão e a Luz Azul.
Nessas duas produções você foi técnico de som direto, não é?
Isso.
Em Simão,
fiquei duas semanas substituindo meu cunhado, José Louzeiro, também técnico de
som direto. No Luz Azul,
captei o filme inteiro.
Como
foi trabalhar com Renato Aragão nessas duas produções?
O
Renato é gente boa, sempre brincalhão e muito profissional.
Você
nunca trabalhou com os quatro integrantes juntos, mas trabalhou com todos eles.
Quem era o maior comediante do grupo?
Os
quatro eram muito bons, cada um do seu jeito. Eu gostava de todos
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Existem
aspectos mais precários, tecnicamente falando, em termos de roteiro, direção
etc. Mas o cinema deles sempre foi muito popular e engraçado. Faziam dois
longas por ano, nos bons tempos!
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Muito
legal. E atendia a um público infantil carente de filmes nacionais específicos para
eles, as crianças e adolescentes.