Daniel é cineasta. Além da direção, escreve roteiros. ‘Na Base’, curta/documentário, é uma visão do próprio diretor sobre a vida através do skate. ‘Risque outro Fósforo’ e ‘Estro’ são outros curtas de sua autoria.
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Tem a fundamental importância de ser a porta de entrada para futuros cineastas. Além de ser uma excelente plataforma para o experimentalismo audiovisual.
O que te faz aceitar participar de uma produção em curta-metragem?
Um bom roteiro. Na verdade, eu escrevo os trabalhos que dirijo, então sempre batalho principalmente em ter uma boa história para contar.
Você sente alguma diferença de satisfação profissional entre fazer cinema, teatro e TV?
Tive a sorte de ter contato com essas 3 plataformas. Difícil dizer, mas é diferente sim. O que mais identifico e o que mais gosto de fazer é cinema, sem dúvidas. Acredito que no cinema a gente tenha a possibilidade de brincar de Deus, pois o controle total acaba sendo do diretor, principalmente quando ele também é o roteirista. Mas no ano passado desenvolvi muito mais projetos para TV e gostei bastante também. A TV te dá uma possibilidade maior para comunicar a sua mensagem, o conteúdo chega em mais lugares. Mas ao mesmo tempo te limita em abordar determinados temas. No teatro, nunca fiz uma peça, mas já estudei em diversos cursos para aprimorar o meu trabalho de direção e tive um pouco da sensação do que é um trabalho de interpretação, apesar de nunca pensar em ser ator. Tenho vontade de no futuro dirigir peças teatrais.
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Falta engajamento de nós mesmos, profissionais do ramo. Não podemos esquecer que é um problema cultural também, pois mesmo com brilhantes momentos do cinema brasileiro (como o cinema novo por exemplo) nunca tivemos a cultura de assistir filmes em curta metragem na televisão, exceto nas TVs públicas que dão um espaço como a TV Cultura e a TV Brasil, mas que detém índices de audiência irrisórios perto das outras emissoras de TV aberta. Falo sobre a Televisão, pois é a mídia que detém a maior quantidade de público no Brasil.
De qualquer forma, temos a internet aí. Não precisamos mais depender das mídias antigas para divulgar nosso trabalho. Se fizermos um trabalho de engajamento, aos poucos teremos resultados. Basta nos unirmos!
Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Teria que ter um trabalho em conjunto de divulgação na internet, mídia impressa e televisão, poderia ajudar bastante. Seria legal também se tivessem exibições de curtas antes de longas com distribuição comercial nas salas de cinema.
Considera o curta-metragem um trampolim para fazer um longa?
Sem dúvidas. Como já disse anteriormente, é a nossa possibilidade de experimentação, de auto-conhecimento profissional e autoral.
Dá para o cinema nacional sobreviver sem subsídios?
Sobreviver sim. Mas existir decentemente não... Tivemos alguns casos de longas que não precisaram de subsídios de leis de incentivo para serem produzidos e lançados. Acho que o Ônibus 174 do Bruno Barreto foi feito somente através de co-produção internacional. Mas não acho que é uma boa alternativa para o cinema brasileiro. Ainda somos muito dependentes das leis. Mas em questão de sobrevivência existem diversas maneiras para fazer um filme. A maioria de nós faz filmes na raça mesmo!
O que é necessário para vencer no cinema?
Não acho que cheguei lá ainda. Estou batalhando.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim. Provavelmente irei rodar 3 curtas de ficção esse ano.
Qual é o seu próximo projeto?
Em cinema é um curta chamado "Relato Inspirado por Orelhas". Roteiro que eu mesmo adaptei do livro da escritora Paula Febbe.