A revista Cinema Caipira ISSN 1984-896x, número 36, já está disponível para encomenda e download gratuito em diversos formatos. Neste mês ela conta com os seguintes artigos;
“Wilson Grey, o rei das “pontas”.
de Rafael Spaca
“Uma introdução “B” ao mundo trash de Daniel Villaverde ou do porque vale a pena entrevistar esse piá”
de Daniel Mittmann
“Ipojuca Pontes, ministro da Cultura no governo Fernando Collor de Mello.”
de Rafael Spaca
“Agora o trem vai – parte 4, Uma casa de roça no coração do cenário”
de Luiz Carlos Lucena– PG 08
OBS: Os participantes desta edição tem direito a uma revista, bastando enviar por e-mail seus endereços.
revista folheável para leitura online
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Para quem quiser ler somente o meu artigo, segue aqui:
Wilson Grey, o rei das “pontas”.
Por ocasião do carnaval, minha coluna do mês é dedicada a Wilson Grey. A lembrança, de fato, veio em uma conversa com um amigo, Marcos Luchesi.
Luchesi, ao ler o artigo sobre Mauricio do Valle, me alertou: Wilson Grey é muito mais marginal e foi muito mais injustiçado do que ele!
É verdade, o ator sempre ficou à margem, desde os tempos das chanchadas da Atlântida. Quando todos falam ou falavam de Oscarito e Grande Otelo, lá estava Wilson Grey, fazendo papéis de malandros, bandidos, garçom e uma série de papeis secundários.
Ao que parece, nunca se incomodou com isso.
Franzino, sua característica mais forte era o bigode fininho e o cabelo para trás, com gomalina. Ninguém interpretou um legitimo malandro carioca como ele.
Foram quase meio século dedicados ao cinema, pela listagem da sua biografia, constam mais de 250 filmes, destes, somente em dois foi o ator principal: ‘O Segredo da Múmia’, de Ivan Cardoso e ‘A Dança dos Bonecos’, como Helvécio Ratton.
Wilson Grey não optou por isso, foi a vida e o cinema que o levaram a ficar com as “pontas”. Concorreu ao Guinness Book pelo vasto currículo, mas encontrou um indiano pela frente e ficou como o segundo ator que mais atuou em filmes no mundo.
Essa conquista não fez e não faria falta em sua extensa coleção, apesar de reivindicar esse recorde para si. Mesmo fazendo pequenas aparições, colecionou prêmios, respondendo àqueles que acham que grandes atores precisam necessariamente serem os protagonistas.
Todos os diretores gostavam de trabalhar com ele. Não tinha estrelismos e ajudava a compor as produções orientando atores e até mesmo os diretores. Seu apelido era Take 1, porque nunca precisava (re)filmar a mesma cena.
Nasceu Wilson Chaves, porém, apaixonado pela atriz americana Nan Grey, optou pela fusão. Por uma incrível coincidência, faleceram no mesmo ano, em 1993.
Morreu amargurado, triste, abandonado e sem dinheiro.
— Aos amigos, diga que estou morrendo e precisando de dinheiro, que aí desaparece todo mundo. Eu não quero ver mais ninguém!
Essa foi uma das últimas frases do ator.
Falar de cinema sem falar de Wilson Grey é praticamente impossível. Era um grande ator, até hoje pouco conhecido.
Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/)