Isabella é jornalista,
produtora e documentarista. Fundou a Book Filmes, produtora de conteúdo audiovisual para cinema, TV e
empresas.
Qual
é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
O
curta-metragem está na base do cinema brasileiro. As primeiras
"fitas" tinham duração de, no máximo, 10 minutos e eram todas
documentais. Os longas de ficção tardaram uns 20 anos a ser maioria em nosso
cinema. E, em momentos críticos como no início dos anos 90, quando Collor
fechou a Embrafilme, foram os curtas que mantiveram o cinema brasileiro ainda
produtivo. E essa tradição nunca se perdeu,
principalmente entre os gaúchos e paulistas.
Por
que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Os
curtas têm relevância cada dia maior e já começam a atingir a mídia e a receber
a importância devida, principalmente porque, alguns dos novos e promissores
nomes da direção, como Esmir Filho, Philipe Barcinski, Gustavo Spolidoro e
Selton Mello começaram no curta. Com o sucesso de seus longas em festivais, a
crítica acaba citando seus curtas. E os festivais dedicados só a esse formato
proliferam atualmente, no Brasil e no mundo.
O
curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Sem
dúvida, não poderíamos dizer que todo diretor gostaria de ser curta-metragista
para sempre. O curta continua sendo uma porta de entrada para o longa. Mas
muitos já se deram conta do fantástico exercício de síntese necessária a
que se conte uma história em poucos minutos. Não é tão fácil quanto
parece.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Pretendo
seguir dirigindo apenas documentários e, apesar de não pensar em dirigir curtas
documentais, admiro quem o faça e alguns trabalhos são dignos de muita atenção,
como, por exemplo, o curta "Visita Íntima", um excelente
testemunho sobre os encontros íntimos de esposas de presidiários com seus
maridos, que otimizou de forma louvável o pouco tempo para traçar um retrato
cativante das que se encontram nesta situação. O que produzo agora, sobre o
produtor musical Liminha, será provavelmente um média, já que, por
total falta de paciência de passar de dois a três anos correndo atrás de
patrocínio, não foi sequer inscrito nas leis de incentivo e terá uma
provável co-produção de canal de TV por assinatura e visa este veículo como
canal de exibição antes de ser transformado em DVD.
Quais
os planos da sua produtora em relação ao cinema, especificamente sobre
curta-metragem?
A
BOOK FILMES se dependesse só de seus filmes, não sobreviveria. Atualmente,
vídeos empresariais e vídeo releases para gravadoras são o carro-chefe, mas
nosso próximo projeto incentivado é um livro de arte, na linha de meu anterior,
"O CINEMA BRASILEIRO NO SÉCULO XX" , intitulado
"RESIDÊNCIAS DO PODER", que contará a formação dos estados brasileiros,
partindo da arquitetura de suas sedes de poder. É um livro que agradará amantes
de história, mas também de arquitetura urbanística. Como gravarei as
entrevistas em vídeo, quem sabe também não virará um documentário. Já se será
um curta, um média ou um longa, só saberemos na edição. Não me prendo a nenhuma
metragem. Terá a que imprimir melhor ritmo e der o espaço necessário para a
história contada. Foi assim que montei o último filme "SENHORES DO
VENTO", que virou um longa, porque as diversas aventuras vividas pelos
velejadores/protagonistas permitiram, mas poderia ter virado um média.
Essa liberdade é importante.