Melissa Vettore é atriz e jornalista formada
pelo Instituto de Artes Cênicas (Coordenação Maucir Campanholi e CPT-Antunes
Filho) e pela PUC-SP; completa sua formação em Nova York e Barcelona. No
Cinema, atua no filme "Entre Vales e Montanhas", de Philipe
Barcinski.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiro o roteiro, depois claro a equipe, e qual a idéia central e desejo do diretor, porque as vezes somente lendo o roteiro não dá para prever a qualidade ou efeito do trabalho.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio que os jornais e a mídia em geral, no momento em que vivemos tem que dividir o ‘espaço da cultura’ com as tais ‘notícias instantâneas’, sem profundidade ou ganho para o leitor, o que populariza as mídias mas nos nivela num campo de interesse com poucas chances de desenvolvimento cultural. Esse é o cenário atual, vejo os jornalistas lutando pelo espaço da notícia, que perde para a massificação. Mas pelo que acompanho, acho que através dos festivais e mostras, o espaço do curta está protegido para melhor. Em São Paulo, a cidade acompanha as mostras. Mas esse espaço sempre poderia ser mais e melhor divulgado.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que o curta é um material mais artesanal, de pesquisa de autor. Esse espaço de experimentação deve existir sempre na Arte. Mas essa complexidade de linguagem necessita ser cuidadosamente pensado para atrair o público. Vejo uma semelhança também com o teatro de pesquisa, que não vai necessariamente atrair um número enorme de público, mas que tem um potencial de questionamento importante para a sociedade. Acho que os espaços públicos de cultura na cidade deveriam ser mais ocupados. A divulgação e a ocupação de espaços públicos cumprem múltiplas funções: quando você faz uma mostra, um festival, ou ocupa um museu, por exemplo, para a apresentação de algum curta metragem, você está promovendo encontros entre as pessoas, discussões sobre os temas e uso do espaço público. (O MIS - Museu da Imagem e do Som, há anos atrás era um lugar que cumpria essa função em SP, não sei qual a razão para não ser utilizado mais dessa forma!).
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que o cineasta pode se especializar sim em filmes curtos. Mas pode ser que esse desejo se amplie para um longa, o que é realmente muito comum. Comparo com os atores que ficam felizes no teatro e outros que querem conhecer também a tv. São dois mundos complementares mas com universos totalmente diferentes, e por isso mesmo podem ter dedicação exclusiva ou não.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Pelo que vejo, ele tem seu espaço de carinho, especialmente entre os cineastas.
Uma das coisas que admiro ‘no mundo dos curtas’, é a possibilidade do filme viajar para vários festivais espalhados pelo mundo. Essa troca de linguagem e cultura entre países, é uma das coisas mais importantes que um autor almeja. Quanto `a marginalização, acho que são muitos detalhes que podem levar a essa sensação. Mas não dá para colocar tudo misturado. E´ uma longa discussão que inclui a análise de como os ‘curtas’ estão posicionados no mercado, ou se há realmente um mercado para a Arte no País. Não se pode comparar a estrutura comercial criada para um longa, com a de um curta, isso deixará sempre a sensação de ‘desproteção’ em relação ao curta que tem outro potencial, outro objetivo.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso. Gostaria de criar o roteiro e discutir a direção, mas jamais abriria mão de um excelente fotógrafo. Acho importante o acabamento e a escolha da qualidade de imagem.
Nesse mundo de ‘culto ao que é visto’, me sinto na obrigação de cultivar imagens que renovem o seu modo de ver, e portanto sentir. A imagem tem um potencial de ‘resgate de sentimentos’ muito belo.
Primeiro o roteiro, depois claro a equipe, e qual a idéia central e desejo do diretor, porque as vezes somente lendo o roteiro não dá para prever a qualidade ou efeito do trabalho.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio que os jornais e a mídia em geral, no momento em que vivemos tem que dividir o ‘espaço da cultura’ com as tais ‘notícias instantâneas’, sem profundidade ou ganho para o leitor, o que populariza as mídias mas nos nivela num campo de interesse com poucas chances de desenvolvimento cultural. Esse é o cenário atual, vejo os jornalistas lutando pelo espaço da notícia, que perde para a massificação. Mas pelo que acompanho, acho que através dos festivais e mostras, o espaço do curta está protegido para melhor. Em São Paulo, a cidade acompanha as mostras. Mas esse espaço sempre poderia ser mais e melhor divulgado.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho que o curta é um material mais artesanal, de pesquisa de autor. Esse espaço de experimentação deve existir sempre na Arte. Mas essa complexidade de linguagem necessita ser cuidadosamente pensado para atrair o público. Vejo uma semelhança também com o teatro de pesquisa, que não vai necessariamente atrair um número enorme de público, mas que tem um potencial de questionamento importante para a sociedade. Acho que os espaços públicos de cultura na cidade deveriam ser mais ocupados. A divulgação e a ocupação de espaços públicos cumprem múltiplas funções: quando você faz uma mostra, um festival, ou ocupa um museu, por exemplo, para a apresentação de algum curta metragem, você está promovendo encontros entre as pessoas, discussões sobre os temas e uso do espaço público. (O MIS - Museu da Imagem e do Som, há anos atrás era um lugar que cumpria essa função em SP, não sei qual a razão para não ser utilizado mais dessa forma!).
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que o cineasta pode se especializar sim em filmes curtos. Mas pode ser que esse desejo se amplie para um longa, o que é realmente muito comum. Comparo com os atores que ficam felizes no teatro e outros que querem conhecer também a tv. São dois mundos complementares mas com universos totalmente diferentes, e por isso mesmo podem ter dedicação exclusiva ou não.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Pelo que vejo, ele tem seu espaço de carinho, especialmente entre os cineastas.
Uma das coisas que admiro ‘no mundo dos curtas’, é a possibilidade do filme viajar para vários festivais espalhados pelo mundo. Essa troca de linguagem e cultura entre países, é uma das coisas mais importantes que um autor almeja. Quanto `a marginalização, acho que são muitos detalhes que podem levar a essa sensação. Mas não dá para colocar tudo misturado. E´ uma longa discussão que inclui a análise de como os ‘curtas’ estão posicionados no mercado, ou se há realmente um mercado para a Arte no País. Não se pode comparar a estrutura comercial criada para um longa, com a de um curta, isso deixará sempre a sensação de ‘desproteção’ em relação ao curta que tem outro potencial, outro objetivo.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso. Gostaria de criar o roteiro e discutir a direção, mas jamais abriria mão de um excelente fotógrafo. Acho importante o acabamento e a escolha da qualidade de imagem.
Nesse mundo de ‘culto ao que é visto’, me sinto na obrigação de cultivar imagens que renovem o seu modo de ver, e portanto sentir. A imagem tem um potencial de ‘resgate de sentimentos’ muito belo.