A atriz atuou no longa-metragem ‘Cru’,
de Jimi Figueiredo. Em relevisão,
interpretou Rosário, empregada de Jacques Leclair (Alexandre Borges), no remake
de Ti-ti-ti.
O que te faz aceitar participar
de produções em curta-metragem?
O importante é a proposta, a
personagem, a equipe...
Mesmo não tendo muito recursos
de produção, salvo alguns felizardos, atuei e vejo a minha geração atuar em
curtas movidos pelo tesão avassalador de uma equipe jovem, bolso
furado, frisson de "temos só uma lata!" ou muita experimentação
digital. Guerrilha onde o ator contribui com figurino, dá pitaco no
roteiro, acelera a equipe e traz até o café, rs. O caos, essa vontade
louca de fazer cinema diante das dificuldades, faz abusar da criatividade,
um lado muito bom. O melhor é que a cada dia estamos menos mirins nas
produções e garimpando mais recursos. O que é bem mais interessante.
Por que os curtas não têm
espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não é
distribuído, então não é "comercial", assim ninguém
assiste. Geralmente são atores e diretores desconhecidos do grande
público, logo não é interessante para a mídia.
Na sua opinião, como deveria
ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Não adianta ter lei de
incentivo e patrocínio só para filmar e finalizar. Tem que pensar na distribuição.
Fazer o filme pra ficar na estante de casa é fazer cinema
masturbação.
É sacal sermos expostos por
quase 20 minutos só de propaganda de pipoca ou como encontrar
a saída de incêndio. Antes da exibição do longa, um curta antes de cada
sessão reverbera em mídia, crítica e fomento. Exibir nas grandes salas de
teatro também pode ser uma boa. Cultura em combo, compre 1 leve 2.
Já vi animação antes de espetáculo no CCBB de Brasília, por
exemplo. Temos que ter mais projetos de sessões de curtas, sessões
ao ar livre em praias, parques, DVDs para comercializar em bancas ou
distribuir em escolas.
É possível ser um cineasta só
de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um
longa...
O curta usa o poder da síntese.
Tem que ter tutano pra ser longa. Curta pode ser um bom treino para fazer
longa metragem, gasta menos, mas o melhor seria pensar no formato que o
cineasta gosta de trabalhar e no que a história pede.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Será? O filme tem é que causar
arrebatamento. Existe o glamour do longa, supervalorizado pela
indústria e pela mídia. Mas se o filme não vingar, a tortura de
um curta ruim passa mais depressa do que um longa malsucedido.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Penso sempre em atuar. Talvez
escrever. Mas dirigir pode ser um caminho futuro.