Diretor.
Em 1965, pelas mãos de Guarnieri, iniciou sua carreira de ator
no Teatro de Arena de São Paulo onde permaneceu por três anos sob direção de
Antônio Boal , Milton Gonçalves, entre outros. Como foi esse período?
Na verdade o genial Guarnieri me
apadrinhou. A equipe do Arena era genial, outra igual jamais. Fui dirigido por
Boal em "O melhor Juiz ,o rei " de Lope de Vega. Também Silnei
Siquera foi meu diretor. Minha segunda peça foi dirigida por Miltron Gonçalves de
Martins Penna "Ciúmes de um pedestre”. No Arena o time era: Fauzi Arap,
Guarnieri, Juca de Oliveira, Dina Sfat, Mirian Munis ,João José Pompeu, Paulo
José, O maior cenógrafo até hoje Flávio Império, Isabel Ribeiro...quer mais?
Este time nunca mais.
Você participou da fundação do Núcleo Dois Arena. Conte sobre isso.
Sim. Na verdade foi fundado por mim, Alexandre
Radovan e Marcos Wienstok. Guarnieri era o padrinho. Dirigi lá “O Soldado
Fanfarrão" adaptação de Juca de Oliveira."Néca do Pato" de
Walter George Dust, "Joãozinho anda para trás" de Lucia Benedeti...texto
incrível para crianças e adolescentes. Não tínhamos fins lucrativos. Viajamos
por toda a Paraíba apresentando esses espetáculos. O arena aliado aos textos
importantes também tinha a preocupação econômica . Nós só o conteúdo.
Aprendizado para sempre.
Após cursar a Escola de Arte Dramática você foi para França, com bolsa de
estudo concedida pelo Governo Brasileiro, para um curso com Roger Planchon.
Como foi a experiência e o que esse estudo acrescentou na sua vida?
O Planchon cancelou o estágio em Paris. Eu já
estava lá. Apaixonado por Paris e sua cultura diversa lá fiquei dois anos.
Volto sempre e resultou no livro que estou lançando.
Paris uma cidade inquietante, também,
culturalmente. Os deuses estavam comigo.
De volta ao Brasil você trabalhou como ator nas principais produções do Teatro
Brasileiro de Comédia(TBC) e Teatro Ruth Escobar. Hoje esses teatros ou estão
decadentes ou encerraram sua atividades. Como vê isso?
Sim dirigi espetáculos importantes no TBC. Noi
Ruth Escobar com essa senhora de importância, quase que impar, para o Teatro
Brasileiro trabalhei como ator.
Uma tristeza o abandono desses teatros. Falta
uma condução cultural nos nossos departamnets teatrais. Só pode ser descaso.
Como foi sua parceria com Antunes Filho?
Um grande mestre. Fiz um espetáculo com ele.
"A Cozinha" de Arnoul Wesker. Com ele aprimorei definitivamente entre
outros "coisas" o entendimento da importância da dialética e a
importância da "gênese" em nosso trabalhos. Profissional que não abre
mão da qualidade e da pesquisa. Outro igual? Não sei.
Foi Antunes que te apresentou a Walter Avancini e aí você iniciou sua
carreira de 10 anos na TV Tupi?
Não sei se o maior da TV brasileira foi me
assistir e falou com o Antunes ou se o Antunes falou de mim. Na verdade nesse
momento eu estava ao lado dos dois grandes. Estou seguro que soube aproveitar
os ensinamentos.
Como foi o trabalho na TV Tupi?
Magnifico. Que time tinha a Tupi. Todos eram
ótimos interpretes. Hoje olho com tristeza um grande e talentoso daquele tempo
tendo como companheiros de cena alguém que mal decora seu texto...interpretar
...rsrsr . resta a esses talentos do passado , ainda hoje o são, se "virarem".
Lá fiz muitos trabalhos, mas os que mais curti foi "O Hospital "
direção do mestre Avancini e " O machão"...Irene Ravache, John
Herbert, Fagundes...e tantos outro de talento.
Na TV Cultura você atuou em Episódios. O que representou para a sua
trajetória o trabalho na emissora?
Sim fiz vários trabalhos." Casa de Pensão
" com Maria Célia Camargo. Grande atriz... por onde ela anda? Tem muito
talento, mas não tem corpo "esguio"...assim são as escolhas. Tantos outros
trabalhos por lá fizemos. Hoje a cultura perdeu o passo. Tristeza.
No teatro, em sua longa trajetória como ator, foi dirigido por diretores como
José Renato e Gianni Rato e participou das produções de Sérgio D'Antino, Fulvio
Stefanini e João Bethancourt. Você acredita que a nova geração que está aí pode
se equiparar a esses grande nomes mencionados.
Temos diretores sim. Mas esses são os maiores
e devem ser ponto de referencia. Você esqueceu Flávio Rangel, o grande. Fiz um
trabalho que muito me acrescentou como interprete. Fúlvio e Dantino grandes
produtores sem falar no talento de Fúlvio. Tive a sorte de trabalhar com muitos
deles como Paulo Goulart, Walmor Chagas, Raul Cortez...era uma época bem
diferente.
Como
analisa o panorama da nossa produção artística?
Temos coisas muito
boas . Gente preocupada com um teatro que faz analise do ser humano,
outros bons espetáculos exclusivamente comercias bem realizados, e grandes
besteiras mal executadas e que não querem dizer coisa alguma. Será o Teatro um
restaurante?
Em 1995, inicia sua carreira como diretor de Televisão a convite de Walter
Avancini, na extinta Rede Manchete. Dirige 4 das 5 produções, entre elas,
"Xica da Silva". Foi seu melhor momento profissional?
Outro momento de sorte. Fui o responsável, com
a ajuda de Avancini pelos ensaios de preparação de
" Xica da Sila" e depois " Mandacaru". Severo e talentoso e
preocupado com nosso momento histórico: Avancine. Foi minha escola. Não sabia
coisa alguma de direção de TV. A equipe era genial, e só podia , para trabalhar
com o mestre Avancine. Aprendi a "cortar”. Depois fui me aprimorando com o
tempo. Mas ele foi meu grande mestre. Grande perda para a TV.
A TV Manchete foi a verdadeira revolução na televisão?
Não tenho dúvidas. Lá fiz como ator "Dez
vidas”. Que elenco que seriedade no trabalho. O mais importante era o trabalho
e seu resultado artístico. Ninguém preocupado em sair em revistas...
Por que uma emissora como a TV Manchete, conhecida pela excelência na
sua programação, não foi adiante? Faltou respaldo?
Não sei bem. A impressão que tenho é que
outras surgiram, com mais força.
Após a TV Manchete você foi convidado a retornar a São Paulo como
diretor de novelas da Rede Record, por que decidiu ir para lá?
Antes fui chamado pelo Silvio Santos e dirigi
os "teleteatros ".. Irene Ravache, Osmar Prado, Jussara Freire e
tantos outro talentos.
Aí a convite de José Paulo Valone, fui para a
TV Record e dirigi “Louca Paixão” com elenco extremamente talentoso.
Como foi trabalhar na TV Record?
Uma casa que sempre prestigiou o nosso
trabalho.
No Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) você permaneceu por 5 anos.
Havia muita ingerência do Silvio Santos em seu trabalho?
Permaneci por quase 9 anos. Nenhuma ingerência
dele. Meu convívio com ele sempre foi muito bom. Desculpe o elogio, mas ele
sempre admirou quem trabalhava bem.
Entre 2007 e 2008 você dirigiu a novela "Amigas e Rivais" e, em 2008,
a novela "Revelação", ambas do SBT. Como foi a experiência de
trabalhar com Iris Abravanel?
FOI MUITO BEM. Nosso trabalho sempre foi muito
bem conduzido. Fui dirigir as cenas iniciais em Lisboa e Madrid e aqui era responsável
pelas externas, especialmente as dos bandidos. Fiquei orgulhoso pois em Lisboa
"Revelação " estava sempre em primeiro lugar no IBOPE...o trabalho
sempre foi feito com muita paixão.
Por que tão pouco cinema no seu currículo?
Não sei.
O que pensa a respeito do cinema?
Hoje muitos filmes viraram "cópia"
de novelas...seus enquadramentos, etc..
E curtas-metragens, pensa em dirigir?
Irei dirigir um longa-metragem.
Para finalizar, gostaria que aconselhasse os
leitores que pensar em trabalhar com cultura no Brasil.
Muita coisa ainda deveria ser feita por nosso dirigentes...
não acredito neles . Se assim fosse o TBS e o Maria de La Costa teriam outro
tipo de espetáculos e com cuidados de dependências melhores. Pena não termos
uma " comedie Française”. Muito a ser feito. Ainda
acredito em Teatro de Grupo como o do Tolentino e o Grupo Tapa.