Cineasta. ‘Evandro
Teixeira - Instantâneos da Realidade’; ‘Sobreviventes - Filhos da Guerra
de Canudos’ e; ‘Se Puder... Dirija!’ são filmes que contam com a
sua assinatura.
Qual é a importância
histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
É difícil pensar num cineasta brasileiro que não tenha iniciado
sua carreira fazendo curta metragens. É um espaço aberto a experimentações e a
liberdade onde o único compromisso é com as suas próprias convicções. Curtas
como "Di Cavalcanti", "Ilha das Flores" e "A
Velha Fia" são referencias obrigatórias para qualquer pessoa que
queira se dedicar à arte o cinema.
Infelizmente os curtas não
possuem espaço nos salas comerciais. Sendo assim, a exibição fica restrita as
mostras e aos festivais, onde o espaço na mídia acaba sendo
ofuscado pelos Longas.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Hoje, quando entramos numa sessão de cinema, somos obrigados a assistir
uma serie de intermináveis trailers e comerciais publicitários. Porque não
dividir esse espaço com curtas metragens (que não ultrapassem dez minutos)? Existem
também algumas iniciativas de formar sessões de cinema agrupando curtas, mas
adoraria que o o formato extrapolasse as telas de cinema e fosse veiculado em
outros espaços. Hoje, a internet e alguns canais de TV, como o Canal
Brasil, dedicam sua grade de programação para a exibição de curtas, mas ainda e
muito pouco. Meu sonho e que os curtas um dia sejam exibidos em ônibus, viagens
de aviões, aeroportos, filas de banco etc.
É possível ser um
cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para
fazer um longa...
É possível, desde que você ame a sua profissão acima de tudo, e
se sinta livre para experimentar e se expressar sem se importar com rótulos ou
preconceitos. Cinema é arte, independente do gênero, formato ou duração.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
De certa forma sim. Apesar dele ser bastante apreciado nos
festivais, ainda é visto por alguns colegas como uma obra de iniciante, e o seu
realizador como uma promessa cujo valor artístico sé será medido a partir do
seu primeiro longa. É como se um escritor de contos só fosse considerado
escritor de verdade depois do primeiro romance. Acho isso uma grande bobagem.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Sim. Claro! Nesse momento estou preparando meu segundo longa
metragem, mas tenho varias ideias que cabem dentro do formato. Logo que eu
tiver um tempo livre, pretendo coloca-las em pratica.