Ator
formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo
(EAD/ECA/USP) e pela Mary Ward Centre of London. No cinema, atua em “O Capitão
chamava Carlos”, de Dida Andrade e Andradina de Azevedo, “London” (UK), de Ana
Jara, “A mulher morta”, de Filipe Sales, entre outros.
O que te faz aceitar participar de produções em
curta-metragem?
Independente do formato,
o cinema é um lugar de expansão da realidade. Boas histórias passam a ser o
grande diferencial, passam a ser a identidade de um determinado trabalho. O
curta-metragem tem a especificidade da concisão, da síntese, do essencial. Acho
que essa ideia é a que mais me chama atenção e interesse em produções nesse
formato. Do ponto de vista do ator, mapear o trajeto de uma personagem num curta-metragem
é aparentemente mais simples, no
entanto, a dimensão desse trajeto por escolhas essenciais torna o trabalho tão
complexo como um longa.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de
jornais e atenção da mídia em geral?
Não sei ao certo criar
algum diagnóstico preciso para identificar essa falha. Mas o que salta aos
olhos é que a pouca difusão de trabalhos em formato de curta-metragem ainda
está atribuída e relacionada a questão econômica. A indústria cultural entende
que esse formato é inviável financeiramente, o incentivo público (que poderia
mudar essa mentalidade) passa a pensar nos mesmos moldes que a iniciativa
privada. Isso acaba criando uma esquizofrenia nos modos de produção. A
excelência artística agora isolada, infelizmente, já não é mais suficiente para
criar espaços de veiculação das obras, o que reflete na pouca articulação da
crítica em sua maioria.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos
curtas para atingir mais público?
Se alguma coisa tem quer
transformada nesses termos creio que seja na cultura. O curta-metragem tem que
ser encarado como uma obra que tem a sua especificidade e identidade e não como
valor agregado. Independente da eficácia e necessidade de se apresentar curtas
antes de longas nas salas de cinema, é importante tentar eliminar a ideia do
curta ser um brinde aos visitantes. E para que essa mentalidade mude é preciso
muito esforço. É necessário mais ousadia por parte dos fazedores e criadores
junto as instituições competentes.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem?
Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Tudo é possível. É
possível que o curta-metragem seja um trampolim para um longa. É possível que
um curta seja uma prévia para um longa, é possível que um curta seja um teste
para se compreender a feitura de um longa e é possível que um curta seja
simplesmente um curta por uma opção estética clara e que ele se baste nele
mesmo. E para tanto, cada cineasta tem a sua particularidade.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios
cineastas?
Se há algum tipo de
marginalização nesse sentido intuo que seja pelas mesmas razões citadas
anteriormente. Os próprios fazedores de cinema são também responsáveis pela sua
desarticulação. Todos querem de fato a projeção de seus trabalhos e para
defender seus interesses muitas vezes se fez a prática de negar os interesses
alheios. Agora, não acredito que haja ação pela negação e desqualificação. O
curta-metragem pode ser sim uma opção estética.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Seria muito prematuro da
minha parte querer dirigir quando o interesse está voltado inteiro e
verdadeiramente no exercício do jogo da cena como ator. E o cinema é um campo,
um lugar que ainda pretendo explorar muito nessa função. Mas como já disse,
tudo é possível, não é mesmo?