É professor na Universidade
Tuiuti do Paraná, formado em Música Popular pela FAP-PR e em Letras
Português/Inglês pela PUC-PR. Recentemente, na Alemanha, fez um mestrado em
Produção de Mídias. É dele o curta-metragem “O Centro do Universo”, que pode
ser visto em: www.vimeo.com/dago/centrouniverso
O que te faz aceitar
participar de produções em curta-metragem?
Para mim não é tanto
aceitar participar... é sim um privilégio. É o tipo de arte que se faz
por paixão, não por grana. Por dinheiro tem muita outra coisa que dá mais certo.
O que me faz participar é a vontade de contar uma história (curta). O
curta-metragem tem um índice de inutilidade muito alto. Vai fazer o quê com
ele? É justamente essa inutilidade, no sentido mais romântico da palavra, ou
seja, sua posição aquém do utilitarismo mercadológico, que faz com que
seu valor seja simplesmente mais nobre. Pelo menos é assim que vejo.
Por que os curtas não têm
espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Um filme de ficção com
duração de 5 a 15 minutos é tido como uma produção-treinamento e
invariavelmente tem o estigma do baixo orçamento, o que não foge muito da
realidade. Sendo assim, o curta acaba vivendo num submundo do cinema, longe do mainstream
jornalístico. Subgênero, submundo, enfim, submerso até que alguém ativamente o
busque. Mas aí também está o seu valor. É pra quem busca. Não é pra qualquer
um.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
É claro que quem faz um
curta curte mesmo exibi-lo (e não deixá-lo escondido no Youtube! pelo resto da
eternidade). A prática comum tem sido mandar as produções para festivais.
É que eu tenho feito. Isso é limitadíssimo. O que está começando a
acontecer aos poucos é que canais de TV a cabo têm separado espaços para tais
tipos de vídeos. Mas também não sou conhecedor de mercado de curtas, além de
não ser defensor das causas dos curtas. Se os últimos cento e poucos anos
batizaram como padrão o filme de 100 a 120 minutos, não vou fazer greve de fome
pra mudar isso.
É possível ser um cineasta
só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um
longa...
Tudo é possível. Estou
fazendo um documentário cujo primeiro personagem é um cara formado em economia
que resolve viver um ano sem dinheiro. É possível? Acho que é. Basta querer e
pagar o preço. Eu, pessoalmente, não quero viver só de curta-metragem, mas
também não quero, como muita gente acaba por aí, abandonar essa prática para
fazer filme/vídeo somente pelo dinheiro e acabar somente trabalhando com publicidade,
fazendo propaganda de papel higiênico, sabão em pó e Casas Bahia. Enfim,
voltando ao assunto, acho que sim o curta pode ser um trampolim para um longa,
sem problemas. Mas também não é somente pra isso. Há histórias que funcionam
perfeitamente se tiverem 5 minutos, ponto final.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que o corpo de
produções de curtas-metragens não é conhecido pelos cineastas em geral. Todos
assistem curtas, mas, eu diria, meio aleatoriamente... assiste o curta que o
amigo produziu, ou porque estava num festival. Visto dessa maneira, o curta é
sim marginalizado até entre os próprios cineastas. Mas reforço que não por isso
o curta perde o seu valor. Ele é marginal por ser submundano, não por ser uma arte
malfeita.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Não só penso... semana que
vem tem mais uma etapa da produção de um curta que estou dirigindo em parceria
com a Universidade Tuiuti do Paraná e a faculdade alemã onde fiz mestrado,
Hochschule Ostwestfalen-Lippe (nome fácil de pronunciar). Dentre as várias
etapas da pré-produção, meus alunos de Rádio e TV do curso de comunicação
bolaram o roteiro, enquanto os alunos da Alemanha, do curso de Bacharelado em
Produção de Mídia farão a produção em si. Aguardem! O nome do filme é Lovesick.