Ícaro estudou Cinema na USP. Iniciou a carreira de diretor
com o curta-metragem ‘Favela’ (1976). Um dos iniciadores do Novo Cinema
Paulista, escreveu e dirigiu com José Antônio Garcia os longas-metragens ‘O
Olho Mágico do Amor’ (1982), ‘Onda Nova’ (1984) e ‘Estrela Nua’ (1985).
Colaborou nos roteiros da série ‘Castelo Rá-Tim-Bum’ e foi diretor dos
programas de TV Brasil Real e Gente que Faz.
Qual
é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Assim como no resto do mundo, o cinema nacional começou em curta-metragem. Todos os pioneiros, assim como mais tarde os diretores de longa, sempre fizeram curtas. Ele sempre foi um formato para a experimentação e existem N obras fantásticas, para comprovar. Além disso, em todos momentos que os longas metragens tiveram suas produções paralisadas e foram alijados do mercado, o cinema brasileiro foi fundamentalmente de curta-metragem.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não são exibidos comercialmente, nem com regularidade. Então a imprensa só os acompanha por ocasião dos festivais, mas tenho a impressão que quando isso acontece a cobertura é razoável.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
O curta-metragem precisa achar um espaço regular e profissional no mercado audiovisual, tanto em salas, quanto na TV e em outras mídias. Existem algumas iniciativas nesse sentido mas elas ainda são isoladas e não configuram uma situação estável. Entretanto merecem ser regularizadas e desenvolvidas. Nos anos 70 e 80 os cineclubes quase chegaram a se configurar como um circuito profissional alternativo, inclusive para longas também. Mas, não sei por que, parece que essa proposta foi deixada de lado nos últimos tempos. Além disso, a TV, mídias eletrônicas e telefones são espaços que precisam ser melhor explorados pelos curtas-metragens.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Existem casos isolados, como Sérgio Santeiro, por exemplo, mas é muito difícil. Enquanto o curta-metragem não tiver uma auto sustentabilidade comercial, mesmo que relativa isso não será viável. A antiga "Lei do Curta", mesmo com as distorções que teve, poderia ter sido um caminho, mas não foi. Hoje o espaço dos curtas nas salas comerciais foi ocupado por propagandas, aliás bastante pobres em sua maioria, e até os trailers dos longas-metragens tiveram seu espaço reduzido. É uma situação difícil de reverter no caso dos curtas, daí a necessidade de encontrar novas soluções, apontadas na questão anterior.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não. Mas, como disse antes, os curtas atualmente são completamente inviáveis financeiramente. Proporcionalmente, um curta é mais caro que um longa. Ele só é barato porque além de ser muito menor, em geral a maior parte da equipe não é paga devidamente. Então é difícil, para não dizer impossível, as pessoas viverem e construírem carreiras em cima disso.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Gostaria mas acho difícil a curto prazo. Também dirijo documentários profissionalmente, mas quase sempre sem a liberdade autoral que se tem num curta.
Assim como no resto do mundo, o cinema nacional começou em curta-metragem. Todos os pioneiros, assim como mais tarde os diretores de longa, sempre fizeram curtas. Ele sempre foi um formato para a experimentação e existem N obras fantásticas, para comprovar. Além disso, em todos momentos que os longas metragens tiveram suas produções paralisadas e foram alijados do mercado, o cinema brasileiro foi fundamentalmente de curta-metragem.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque não são exibidos comercialmente, nem com regularidade. Então a imprensa só os acompanha por ocasião dos festivais, mas tenho a impressão que quando isso acontece a cobertura é razoável.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
O curta-metragem precisa achar um espaço regular e profissional no mercado audiovisual, tanto em salas, quanto na TV e em outras mídias. Existem algumas iniciativas nesse sentido mas elas ainda são isoladas e não configuram uma situação estável. Entretanto merecem ser regularizadas e desenvolvidas. Nos anos 70 e 80 os cineclubes quase chegaram a se configurar como um circuito profissional alternativo, inclusive para longas também. Mas, não sei por que, parece que essa proposta foi deixada de lado nos últimos tempos. Além disso, a TV, mídias eletrônicas e telefones são espaços que precisam ser melhor explorados pelos curtas-metragens.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Existem casos isolados, como Sérgio Santeiro, por exemplo, mas é muito difícil. Enquanto o curta-metragem não tiver uma auto sustentabilidade comercial, mesmo que relativa isso não será viável. A antiga "Lei do Curta", mesmo com as distorções que teve, poderia ter sido um caminho, mas não foi. Hoje o espaço dos curtas nas salas comerciais foi ocupado por propagandas, aliás bastante pobres em sua maioria, e até os trailers dos longas-metragens tiveram seu espaço reduzido. É uma situação difícil de reverter no caso dos curtas, daí a necessidade de encontrar novas soluções, apontadas na questão anterior.
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não. Mas, como disse antes, os curtas atualmente são completamente inviáveis financeiramente. Proporcionalmente, um curta é mais caro que um longa. Ele só é barato porque além de ser muito menor, em geral a maior parte da equipe não é paga devidamente. Então é difícil, para não dizer impossível, as pessoas viverem e construírem carreiras em cima disso.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Gostaria mas acho difícil a curto prazo. Também dirijo documentários profissionalmente, mas quase sempre sem a liberdade autoral que se tem num curta.