Até 16 de setembro quem estiver em Madrid terá a chance de ver a exposição Hopper (1893- 1967) no Museu Thyssen- Bornemisza Museum e perceber o dialogo apaixonante entre as imagens dos seus quadros e o cinema. Realista, em algumas pinturas, o americano Edward Hopper retrata a banalidade; seus personagens urbanos solitários parecem enquadrados em contra-plongée dentro de uma cenário cinematográfico impecável. Suas telas são como story boards e em frente de cada uma delas temos a impressão de participar de uma cena.
Isso não é mera coincidência, além de ser aficionado por filmes noir o artista pintou seus quadros quando o cinema americano conquistou a hegemonia mundial como representação da vida moderna.
A influência do cinema sobre a pintura de Edward Hopper explica muito sobre suas composições que, por sua vez, inspiraram cineastas a fazer filmes incríveis. Na exposição do Museu Thyssen podemos ver como se dá esse intercâmbio através de um Ciclo de Cinema que ocorre paralelamente a exposição.
Em Psicose de Hitchcock (1960) a sinistra casa é a semelhante a do quadro House by the Railroad (1925) e em Janela Indiscreta parece que vemos o quadro Night Windows (1928).
Como a cor passou a dominar o cinema americano um dos melhores diretores de fotografia de Hollywood, James Wong Howe, também levou os detalhes da pintura de Hopper para Picnic (1955), um filme que se passa na pequena cidade do Kansas.
Nighthawks (1942) talvez seja a tela mais reproduzida no cinema. O balcão da lanchonete aparece em filmes como: Deep Red (1975) de Dario Sargento; Primary Colors (1998), de Mike Nichols; The End of Violence (1997) de Wim Wenders.
O quadro Hotel by a railroad (1952) serviu de inspiracão para Antonioni criar O Eclipse (1962) um dos filmes da “trilogia da incomunicabilidade”.
Para transmitir visualmente o “dispositivo teatral do silêncio e do não ditto” (in American Cinematographer, www.theasc.com ) Sam Mendes encontrou em Hopper a estética ideal para seu filme, Caminho da Perdição (2002).
David Lynch em Mulholland Drive (2001) e em Veludo Azul (1986) também adota a atmosfera hopperiana.
O Ciclo de Cinema inclui as obras desses e de outros diretores como Howard Hawks, Terrence Malick, Todd Haynes, Douglas Sirk, Aki Kaurismaki.
Imperdível!
Waleska Praxedes é atriz, produtora, roteirista, diretora e colunista do blog Os Curtos Filmes.