Formado em cinema pela FAAP, o
ator, diretor e roteirista Rafael Primot possui uma carreira sólida nos palcos
onde atuou em trabalhos assinados por diretores como Antunes Filho
(Prêt-à-porter, Fragmentos Troianos), Zé Celso Martinez Correa (Os Sertões - parte
1) e Jô Soares (Às Favas Com os Escrúpulos) e integrou o Grupo Tapa (O Tambor e
o Anjo). E também nas telas, tendo participado de pelo menos três longas (As
Alegres Comadres, Casseta e Planeta e L`Expression) e mais de onze curtas, entre
eles Manual para atropelar Cachorro (filme mais premiado de 2006/2007), Quintal
dos Guerrilheiros (com Caio Blat ), Artifícios (com Paulo Autran), do premiado
Depois das Nove, de Allan Ribeiro, e Doce Amargo com Débora Falabella.
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em geral um bom personagem me
fazer parar tudo para querer entrar em seu universo, mas fazer ou não fazer um
filme depende de tanta coisa, do roteiro, do diretor, da equipe, mas sempre,
todo convite para fazer cinema (e curtas!) é recebido por mim com muita
alegria, faço parte deste nicho, é minha turma, minha praia, o prazer é imenso.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Não faço ideia. Em todas as
entrevistas e o pouco espaço que tenho na mídia tento aproveitar para divulgar
o curta metragem e seu realizador. O trabalho, o empenho, a dedicação do curta
metragista deveria ser notada com mais festa pela imprensa e pelos meios de
comunicação.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Em TV aberta, numa grande
emissora. É claro que temos alguns filmes que não são para o grande público,
tem que existir uma seleção bacana, equilibrada, pensada para que você forme um
novo público aproveitando um espaço deste e não espante quem nunca viu filmes
curtos. Não se pode subestimar o espectador, mas primeiro temos de prepará-lo
para o formato.
É possível ser um
cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para
fazer um longa...
Sim, é claro que é possível.
Ele muito provavelmente passará sua carreira sendo desvalorizado e
marginalizado por todos os motivos que já comentamos anteriormente, mas não há
como negar que fazer curta é fazer cinema e que é necessária uma boa dose de
amor, criatividade para superar os desafios estéticos, do formato e de verba.
Dizer que um curta metragista não é cineasta é como dizer que um escritor de
contos não é escritor.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que não.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Se você der um google na minha
vida profissional poderá perceber que o curta sempre fez parte de mim e
continuará fazendo. Já dirigi alguns (vários) curtas e recebi prêmios em
festivais no Brasil e fora dele com estes filmes. O curta está intrinsicamente
ligado ao meu sangue, à minha maneira de contar histórias e ver a vida.
Pretendo dirigir curtas no futuro? Pretendo contar histórias, longas, curtas, médias,
no papel, no celulóide, no digital, no palco, onde houver um meio e alguém para
me ver, ouvir, se emocionar, vaiar, ali estarei eu.