Bacharel em Artes Cênicas – Direção Teatral pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com mestrado em Direção Teatral pela
Middlesex University, em Londres, Inglaterra. Em 2008, auxilia Antonio Abujamra no Centro de
Aperfeiçoamento do Ator da Funarte, em São Paulo, e atua sob sua direção no
espetáculo "Os Possessos".
Você é um profissional mais ligado ao teatro. O que o cinema
pode contribuir para o teatro e o que o teatro pode contribuir para o cinema,
já que as duas linguagens parecem ser tão diferentes?
São linguagens diferentes mas conectadas pela mesma fonte: artistas em
estado expressivo de criação alimentando as sensações dos espectadores. O
cinema sem dúvida bebe do teatro (dois mil anos mais velho) e o teatro por
vezes se reinventa visitando referências advindas do cinema. Como ambas as
artes estão relacionadas diretamente com e para o espectador, o diálogo
entre elas, mesmo que apenas referencial, é inevitável.
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
Simplesmente
porque não pertencem a uma indústria. Não são exibidos (salvo em
festivais, mostras e raras experiências televisivas) e portanto não
despertam o interesse comercial, mola mestra para atrair a atenção da mídia e
conseqüentemente o público. Aí se cria um círculo vicioso: os curtas não
despertam o interesse da mídia pois não são vistos por um número considerável
de pessoas e não são vistos por um número considerável de pessoas porque não
tem presença na mídia.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Acho
que a internet poderá ser uma grande aliada. Também seria interessante a
mobilização para a criação de mais ciclos de exibição e a
abertura de possibilidades, junto aos cinemas e as distribuidoras, para
que curtas fossem exibidos em programas duplos, com longas, em cinemas de
grande público.
Acredita
que textos de teatro poderiam ser adaptados ao formato curta? Eles poderiam ser
melhor explorados nessa plataforma?
Com
certeza textos teatrais poderiam e já são adaptados para a câmera, tanto em
forma de curta como de longa. Tudo depende da arte do roteirista e do
diretor de conseguir contar a história em um determinado tempo.
Como é
para um ator, acostumado a trabalhar em teatro, atuar em frente a câmeras de
cinema? Qual é o método de preparação para encarar papéis nessa área?
A
fonte técnica é a mesma. O que muda é a "calibragem" da
expressividade dramática. Diferença básica: no teatro contamos a história para
uma platéia, no cinema/TV, para uma lente. Na câmera o ator
navega sobretudo através de nuances, detalhes, olho e pensamento e o
resultado é diretamente "manipulado" pelo diretor, através de edição,
fotografia, etc. O teatro exige uma maior amplitude de expressão, além de
possuir a presença viva da platéia e da coisa acontecendo naquele momento,
não podendo ser refeita, o que diferencia totalmente a experiência.
Não
existe "o método". Existe técnica, dedicação e muita prática
para que o ator de teatro consiga expressar-se com desenvoltura e
naturalidade em frente a uma câmera.
Pensa
em dirigir um curta? Se sim, como faria para trabalhar com a síntese?
Já
tenho feito algumas experiências neste sentido... E a síntese que você
fala dependeria certamente da história que eu escolhesse para contar. E de uma
boa equipe para levar esta história adiante de uma forma interessante, no tempo
de um curta.
Qual é
o seu próximo projeto?
Neste
momento estou mergulhado na pesquisa de doutorado que faço na USP, sobre
técnicas de direção de ator. E aí o cinema certamente terá um
espaço...