quinta-feira, 2 de maio de 2013

Jom Tob Azulay

Diplomata e cineasta, com atividades como produtor e diretor de curtas, longas, documentários e vídeos. Seu primeiro longa-metragem foi o documentário musical ‘Os Doces Bárbaros ‘(1978).
 
Qual é a importância histórica que o curta-metragem tem no cinema brasileiro?
Imensa. Foi a escola de muitos e ainda é. Esteticamente é o campo por excelência da experimentação de linguagem.
 
Por que os curtas não tem espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Na verdade, no meu modesto e como de todos nós parcial ponto de vista, acho que todas as perguntas e respostas sobre cinema passam pelo prisma do cinema digital que, em oposição ao cinema ótico, abre pela primeira vez na história os horizontes com que sonharam para o cinema seus pioneiros, nas primeiras décadas do século 20 e que, como sabemos, foram frustradas pela tendência histórica para a qual o cinema foi arrastado de tornar-se uma lucrativa indústria condicionada por uma tecnologia de alto custo que por sua vez condicionou um mercado de massa padronizado pelas exigências de rentabilidade desse mercado. A crítica e a mídia em geral, salvo manifestações episódicas aqui e ali, apenas adaptaram-se a essa tendência de valorização de um único produto, termo que esperemos, no futuro, venha a substituir-se por "obra". E então quem sabe talvez a verdadeira história do cinema possa começar a realizar-se no pleno exercício das potencialidades desse meio de comunicação de massa que veio para transformar o mundo.
 
Como deveria ser a exibição de curtas para atrair mais público?
Através de circuitos ou pelas programações especializadas em curtas-metragens, voltada para seu público específico, com crítica e divulgação especializadas.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Como não? Norman McLaren, um dos maiores nomes do cinema, realizou uma obra que no total não deve ultrapassar umas 6 horas.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acaba sendo, lamentavelmente. O curta-metragem poderia, numa comparação com a literatura, ocupar o espaço que o conto e a poesia ocupam na criação literária.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Estou sempre pensando. Tenho uns projetos prontos para isso.
 
Qual é o seu próximo projeto?
Uma coprodução com Portugal chamada ‘MÁTRIA’ que trata da formação da nacionalidade brasileira, se passa no século 19, no período da Independência. Curto demais trabalhar com a língua portuguesa com atores dos dois países. Mas claro como todo mundo, tenho outros  projetos de outros gêneros, inclusive minisséries para TV, ficção e documentário, que eventualmente podem antes vir a encontrar o caminho da realização.