Mariana
Crochemore
Atriz
Você
atuou no filme Uma Escola Atrapalhada.
Como e por quem recebeu o convite para atuar nesse filme. Como foi a
experiência?
Houve
um teste com duzentos atores mais ou menos, onde seriam escolhidos seis
adolescentes e jovens para compor o casting ao
lado dos convidados especiais: Angélica, Supla e o antigo grupo Polegar. A
experiência foi maravilhosa. Foi meu primeiro trabalho profissional, assim como
de outras pessoas também. A equipe era ótima, e o elenco se entendeu muito bem.
A gente vira meio família, com a convivência assídua de um a dois meses de
filmagens.
Que
representava, naquele período, atuar num filme com Os Trapalhões, que eram
certeza de sucesso de bilheteria?
Então,
eu era nova; e, como mencionei, era meu primeiro trabalho profissional e no
cinema. Havia algo de mágico no ar. Era incrível estar contracenando ao lado do
Didi e Os Trapalhões,
que faziam parte da nossa história, desde a infância, com seus programas e
filmes.
Quais
as suas lembranças do filme Uma
Escola Atrapalhada? Onde esse filme foi
filmado?
As
lembranças são todas positivas. E acredito que, até hoje, mesmo com a distância
que acabou aumentando com o passar dos anos, todos que participaram desse filme
devem guardar uma boa lembrança dele. As locações internas foram todas no
Colégio São José, na Tijuca. Mas houve locação externa na Floresta da Tijuca
também, ambas no Rio de Janeiro.
Como
foi a sua participação no filme? Como compôs a sua personagem?
O
elenco teve algumas reuniões com a direção, que discorreu sobre as personalidades
dos personagens e apontou as direções que esses deveriam tomar ao longo da
história. O diretor, Del Rangel, tinha o trabalho de dirigir os atores, o que
conferia uma construção conjunta aos personagens. Eu fazia a Paula, a namorada
do galã do colégio e líder da turma, que era o Supla. Era amiga das meninas e
meninos do grupo, que eram muito unidos, pois o colégio era um internato, os
alunos viviam ali. No meio do filme, o Supla terminava com a Paula para ficar
com a Angélica; e, daí em diante, a Paula ficava com o Alan, um dos integrantes
do grupo Polegar.
Quais
as lembranças de bastidores do filme? Como foi o seu contato com o quarteto?
As
lembranças dos bastidores eram divertidíssimas. A gente curtia muito fazer o filme.
Esse filme, não era um filme dos Trapalhões,
e sim um filme com os Trapalhões.
Eles ali eram coadjuvantes. A trama girava em torno dos protagonistas Angélica
e Supla. Era um filme teen,
que tratava de temas específicos da adolescência, portanto, dirigido ao público
adolescente.
O
filme foi o último com a participação de Zacarias, que faleceu naquele ano. A aparição
dele no filme é melancólica, muito magro, abatido, numa cena curta. Como foi o
seu conto com ele? Ele já estava doente?
Não
tivemos maiores contatos com eles. Assistíamos algumas vezes as cenas deles; e,
em uma ou outra cena, contracenávamos junto. Não houve um contato maior, além
desses. Quanto ao estado do Zacarias, chamava a atenção, sim; mas a admiração e
emoção de estarmos ali, trabalhando juntos, era muito maior!
Como
Didi, Dedé e Mussum compartilharam esse momento com o Zacarias?
Acredito
que da mesma forma que sempre fizeram, com união e solidariedade.
Apesar
do sucesso de bilheteria, o filme é considerado pela crítica o pior filme antes
da morte de Zacarias. Qual é a sua opinião a respeito?
Provavelmente,
pelo fato de ser um filme com Os
Trapalhões e não dos Trapalhões já deve ter
suscitado um certo “avesso”
para os críticos. Não sei. O elenco todo
era muito jovem e a maioria iniciante, sem falar que os protagonistas não tinham experiência nenhuma anterior com
teatro. Isso, acredito eu, talvez tenha deixado
um tanto a desejar em matéria de interpretação. Mas, para os leigos, o grande público, não são esses os
critérios mais importantes, e sim a trama, assistir seus ídolos no cinema. E penso que esse
caráter teen do
filme deva ter agradado o
público, pois não havia filmes para adolescentes no Brasil, somente para
adultos e
poucos para crianças.
Quem
era o maior comediante do grupo?
Pergunta
difícil. Eu sempre achei o Zacarias; porém, como nessa época ele já estava doente
e sem energia, não apareceu tanto. Mas o Didi, quando vi pela primeira vez e
contracenamos juntos, foi a maior emoção. Era muito difícil olhar pra ele e não
rir, a concentração tinha que ser máxima. Lembro-me perfeitamente da cena do
laboratório de Ciências, onde cobaias se soltaram e havia cobras também. Foi
uma cena muito divertida de fazer.
Renato
Aragão tem fama de ser perfeccionista. Isso procede? Ele acompanha tudo?
Nesse
filme, pelo menos durante as filmagens, isso não aparecia, não. Se acontecia nos
bastidores, eu não tinha como saber.
Por
que, na sua visão, os críticos e a Academia rejeitam os filmes produzidos e estrelados
pelos Trapalhões?
Porque
Os Trapalhões não
estão interessados em fazer um grande filme, contar uma grande história, estar
atento às linguagens e estéticas cinematográficas. Querem apenas fazer rir, na
companhia de convidados especiais. É um filme dirigido à grande massa da
população. Um filme comercial.
Como
classifica o cinema feito pelos Trapalhões?
Um
cinema comercial, de gênero Comédia, com apelo infantil, dirigido à grande massa,
utilizando de estrelas para atrair ainda mais o grande público.