Juliana
Schalch, atriz e dançarina. Em 2004 fez o curta-metragem ‘Formigamento’, de
Fábio Telles. Em 2007, participou do curta-metragem ‘Dorian’ direção, roteiro e
produção Cesar Gananian e Gregorio Gananian. Em 2006 foi auxiliar de produção
de elenco no curta-metragem ‘Ao Vivo’, com direção de Giuseppe Sifredi. Fez
também o filme ‘Tropa de Elite 2’.
O que te faz aceitar
participar de produções em curta-metragem?
O curta-metragem, na minha
opinião, é um experimento. É um experimento sério e livre. Pode ser realizado
por pessoas que estão se formando e estudando cinema, pode ser de diretores
mais experientes, mas é acima de tudo uma boa oportunidade para procurar
verticalizar o estudo na linguagem, descobrir possibilidades diversas,
histórias diferentes, novas possibilidades e meios de contar essas histórias,
desde recursos de câmera, enquadramento, como sonoplastia, trilha sonora,
personagens...
Me interessa pelo exercício do
fazer. Uma produção artística como o cinema e o teatro, envolve muitas pessoas,
cada um cuida de algo e é responsável por aquilo. Eu sou atriz, minha
responsabilidade é com o personagem, mas tem a figurinista, o diretor de
fotografia, de arte, o diretor geral, o técnico de som, de foco; e o convívio
de todas essas pessoas, o respeito que cada um tem com a atividade do outro, e
o exercício da administração do set de filmagem são aspectos que me interessam
de mais. Outra coisa que me interessa
bastante, são as histórias. Quais histórias estão sendo contadas por nossos
diretores brasileiros? O que o artista brasileiro está pensando, o que habita
seu imaginário, e qual a forma através da qual ele vai abordar esse imaginário?
Além disso, a troca
diretor-ator. Qual o papel do ator, dentro de uma produção cinematográfica?
Como expressar suas percepções da personagem, do enredo, da história, para o
diretor? Como estabelecer esse diálogo? Quais as práticas que o diretor vai
utilizar para trazer o ator, estabelecer uma linguagem comum com o ator? Isso é
algo pensado pelo diretor, ou o ator é mais uma peça, como um móvel que se
coloca na sala?
Acho bastante enriquecedor
pensar sobre isso, e me colocar a disposição para a arte. Para mim, o cinema é
algo fascinante, e o exercício do ator é diferente em cada trabalho que
executa, em cada personagem. Nessa busca, nessa pesquisa, me envolvo com as
histórias e me fascino com os estudos.
Por que os curtas não têm
espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
O teatro também é pouco
divulgado, embora eu sinta que curta é ainda menos. Essa resposta é
bastante complexa, porque não acho que seja algo que não interesse, uma boa
história interessa sempre. Os festivais de curta costumam ser bem divulgados, e
já fui a algumas estréias de curtas onde havia bastante público. Acho que
talvez seja uma questão cultural, de espaço para a cultura em nosso país.
Na sua opinião, como deveria
ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na Argentina, os curtas são
passados na sala de cinema, no lugar do trailer, aqui no Brasil temos
propagandas. Eu acredito que esse espaço poderia ser melhor utilizado com a
exibição de curtas.
É possível ser um cineasta só
de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um
longa...
Sobre essas questões práticas
da experiência de um cineasta eu não tenho muito como responder, minha prática
é no exercício como atriz.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Posso falar de quem conheço, os
diretores com os quais trabalhei já fizeram curta, documentário, acho que são
possibilidades de uma mesma arte, a arte de fazer cinema, o curta é um outro
veículo.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Sim, tenho bastante interesse em direção, pretendo
começar dirigindo teatro, mas tenho intuito e convicção de que farei esse
experimento mais pra frente. Inclusive atualmente tenho um projeto, mas não
serei eu quem irá dirigir, embora eu compartilhe bastante minhas opiniões.