Iniciou a carreira como produtora do Revistinha/
TV Cultura, premiado pela APCA em 1988 e 1989 como melhor
programa infanto-juvenil. Foi responsável pela direção e o roteiro do programa Zoom,
na TV Cultura.
Você trabalhou muito tempo como diretora do programa ‘Zoom’ da
TV Cultura. Qual foi a importância e o legado que ele deixou para o cinema no
país?
O
Zoom ficou no ar 15 anos por pelo menos 10 anos ele foi a
única janela de exibição de curtas-metragens na TV brasileira de sinal
aberto. Dar visibilidade a essa produção, financiada por verba
pública já tem uma importância enorme.
Mas
essa não era a única proposta do Zoom e sim ser um canal de reflexão sobre a
linguagem cinematográfica, desmistificar o fazer cinematográfico e dar visibilidade
aos profissionais (montadores, diretores de fotografia, diretores de arte,
preparador de elenco, etc.) que raramente são contemplados pelos outros
veículos de comunicação.
O
Zoom teve também o seu papel de incentivador de toda uma geração que percebeu que
era possível se fazer cinema sim!
Qual
a evolução e o retrocesso que encontrou desde que iniciou seu
trabalho no programa, até o desfecho do Zoom, em relação a produção dos curtas?
Retrocesso
nenhum! Quando o Zoom entrou no ar a produção de curtas estava
engatinhando, existia uma forte e impactante produção em
vídeo/ vídeoarte com Walter Silveira, Tadeu Jungle, Eder Santos, por
exemplo. No início dos anos 90 a produção de curta era praticamente
a única expressão cinematográfica que tivemos, lembra da era Collor? Então
ao longo desses 15 anos essa produção se profissionalizou, conquistou um
mercado e uma qualidade técnica indiscutível.
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia
em geral?
Provavelmente
por uma questão mercadológica.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Dar
visibilidade na TV, nenhum outro veículo tem um alcance tão
impactante. A própria resistência do Zoom no ar prova isso, era um
programa que tinha um público fiel, cativo. Respeitar a lei do curta é outra
saída, se ela fosse colocada em prática seriam exibidos um curta
sempre antes do longa. Assim você gera um mercado
e geram interesse, com certeza os jornais dariam uma
visibilidade melhor ao produto.
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o
curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho que o curta é um formato. Dá para ser só um escritor de contos? Claro que
dá! O problema é que se você não ganha dinheiro com um longa, como
sobreviver só realizando curtas?
Quem
sabe o cinema não é como um vírus, ele vai dominando e querendo sempre
mais tempo !!!!
O curta-metragem é marginalizado entre os
próprios cineastas?
Marginalizado
não, tem cineastas como a Lina Chamie, por exemplo, que tem
realizados curtas entre os seus longas. Mas o curta é naturalmente a porta
de entrada, é mais barato e mais rápido de produzir. Mas é sem
dúvida uma opção narrativa.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Penso
dirigir um documentário, que está em fase de pesquisa. Adoro o documentário
porque você tem o ponto de partida, mas a chegada é o processo que determina.
Acho instigante.