Editora. Trabalhou na
coordenação de produção do saudoso programa Zoom, na TV Cultura.
Você trabalhou muito tempo no programa ‘Zoom’ da TV Cultura.
Qual foi a importância e o legado que ele deixou para o cinema no país?
Trabalhei durante seis
anos na coordenação de produção do Programa ZOOM. A importância do programa foi
fundamental porque abriu um espaço único em TV aberta para os curtas-metragens
e festivais de cinema durante um período em que quase não se falava em curtas.
Esse espaço possibilitou que vários cineastas reconhecidos internacionalmente,
hoje em dia, exibissem seus primeiros filmes no ZOOM. Outra grande contribuição
foi a de que ao longo dos 15 anos de sua existência muita gente decidiu
ingressar nessa carreira após conhecer o programa. O ZOOM sempre foi
extremamente respeitado pela classe cinematográfica e cumpriu muito bem o papel
de divulgação da produção de curtas nacionais.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
A concorrência com o
cinema internacional é muito grande, os próprios longas-metragens brasileiros
enfrentam diretamente esse problema. Os curtas-metragens sobrevivem totalmente
à margem da mídia. Os festivais de cinema são praticamente o único espaço que
os realizadores possuem para divulgar seus trabalhos. Recentemente isso tem
mudado um pouco, algumas emissoras como Canal Brasil, TVE e Multishow abriram
horários para exibição de curtas-metragens.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
Uma boa solução seria
colocar em prática a “Lei do Curta” que obriga os cinemas a exibirem um
curta-metragem antes de um longa-metragem estrangeiro. Essa lei existe, mas não
conseguem cumpri-la.
Outro veículo importante
é a internet, temos sites bem interessantes como o ‘Porta Curtas’, ‘Curta o
Curta’, ‘Curtagora’, mas ainda falta muita divulgação. O público em geral não
conhece esses sites.
É possível ser um cineasta só de
curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Acho perfeitamente
possível ser um cineasta só de curtas. Atualmente temos muitos curtas
realizados com roteiro, produção, edição e direção impecáveis. O nível está
cada vez melhor, mas claro que serve também de experiência para a realização de
longas-metragens. Grandes cineastas como Fernando Meirelles e Laís Bodanzky,
por exemplo, começaram dirigindo curtas-metragens.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Durante muito tempo o
curta foi produzido de uma forma experimental, muitas vezes funcionava bem
revelando filmes interessantes, outras resultando em filmes com temas chatos,
arrastados e de difícil “digestão”, com base nisto acredito que tenha recebido
esse estereótipo. Felizmente, essa visão vem mudando. Cada vez mais os curtas
têm revelado novos talentos que migram para os longas. Essa transição de
profissionais acabou trazendo um respeito maior para quem produz curtas hoje.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Há quase 20 anos edito
matérias para a TV e essa experiência me deixa muito mais “confortável”
na área das entrevistas. Histórias de vida interessantes sempre me fascinam,
por isso, tenho um projeto de co-dirigir um documentário sobre a vida de um
famoso cantor que ainda não posso revelar o nome.