Atriz.
Atuou em ‘NuConcreto’, espetáculo inspirado em conceitos da obra do
geógrafo Milton Santos.
O
que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Um
bom roteiro, com uma equipe bacana, e compatibilidade de datas...
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia
em geral?
Acho
que, como no teatro, tem muitos curtas ruins, muita gente que acha que fazer
cinema é fácil, e isso acaba desacreditando um pouco a linguagem. E, de um modo
geral, são projetos com pouca, ou nenhuma grana, feito na sua maioria por
atores e diretores iniciantes, e a crítica e a mídia tem o foco muito guiado
por interesses não necessariamente artísticos.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Gosto
quando são exibidos antes dos longas-metragens, no cinema, já vi curtas muito
bons em mostras de cinema, acho que talvez pudesse passar na TV do ônibus, ou
do metrô, mas acho que só funcionaria com curtas de um minuto, ou algo assim.
No sul, aos sábados, eram exibidos em TV aberta curtas gaúchos. Eu achava isso
bem legal.
É
possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um
trampolim para fazer um longa...
Acho
que fazer curtas é uma grande escola, e aprimora muito o poder de síntese.
Pra mim o curta é pro cinema o que o conto é pra literatura. Há quem considere
escrever contos uma arte menor, mas escritores se consagraram com suas
histórias curtas, e existem contos simplesmente inesquecíveis. Eu
particularmente gosto muito. São histórias que ficam por completo na sua mente,
e cada detalhe comunica algo. Acho que é importante saber o momento de parar,
deixar um gosto de quero mais no leitor, ou expectador. A arte de criar bem
está atrelada à arte do desapego, deve-se criar muito mais do que é visto, pra
ficar no final só com o cerne, o que realmente importa, marca, comunica. Na sociedade em que vivemos as pessoas tem cada vez menos tempo
para ficar fazendo uma coisa só, logo, histórias curtas podem ser um bom meio
de comunicação e de propagação da arte.
O
curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não
vejo muitos cineastas se dedicando a esse formato de maneira contínua e com
propriedade. Penso que dedicar-se a uma linguagem é o único modo de
aprimora-la, e gostar do que faz é o primeiro passo para que as outras pessoas
gostem e para o negócio realmente de certo. Vivemos numa sociedade com muitos
conceitos prontos do que é certo, do que é bom, ou aceitável, e é difícil
romper isso. Pesa a escolha de fazer o que gosta, o que dá prazer, o que as
outras pessoas não fazem, o que não dá muito dinheiro.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Num
futuro próximo não, por enquanto prefiro atuar. Mas acredito que o meu maior
dom se revele na função de diretora. E, justamente por isso, é tão importante
ser dirigida, e conhecer de perto o funcionamento de todas as engrenagens que
precisam funcionar pro trabalho dar certo.