Cultura
Entrelaçada
O audiovisual brasileiro,
sobretudo as artes, desde sempre se aproveitaram do conhecimento de
profissionais estrangeiros para fruir todo o repertório que essas pessoas,
vindas de terras distantes, possuíam.
Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción
Teresa Diaz, o Oscarito, nasceu em Málaga, na Espanha. Foi no Brasil
que deu a sua contribuição para a nossa história cinematográfica, humoristica.
É de Oscarito clássicos como ‘Nem Sansão Nem Dailila’ e ‘Barnabé, tu és meu’,
para citar apenas dois filmes da sua extensa filmografia.
Assim como Oscarito, a saudosa atriz Henriqueta Brieba
também veio da Espanha. Participou de dezenas de filmes e marcou história com o
seu trabalho, tanto no cinema quanto no teatro. ‘O Enterro da Cafetina’,
‘Ascensão e Queda de um Paquera’ e ‘Toda Nudez Será Castigada’ são alguns
trabalhos que a atriz realizou.
Ator e diretor de
teatro, cinema e televisão, o polonês Ziembinski é
considerado um dos fundadores do moderno teatro brasileiro por sua encenação
inovadora do texto ‘Vestido de Noiva’,
em 1943 do dramaturgo Nelson Rodrigues. Assim como Franco Zampari,
italiano, produtor,
fundador e diretor administrativo do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a
companhia estável de maior projeção dos anos 1950, que solidificou os
princípios do teatro moderno brasileiro. Zampari fundou também a Cia.
Cinematográfica Vera Cruz.
A chegada ao Brasil do diretor italiano Adolfo Celi foi ideia de Zampari
que constatou que o regime amador no teatro e nas artes no sentido mais amplo
não teria futuro. Na Companhia Vera Cruz, Celi filmou ‘Caiçara’ e ‘Tico-Tico no Fubá’, ambos na década de 1950, e dois sucessos de
bilheteria e de crítica.
Paulo Autran e Tônia Carreiro sempre se referiam a
Celi como um mestre.
Gianfrancesco
Sigfrido Benedetto Guarnieri,
italiano, nascido em Milão, foi dos principais
atores, diretores e dramaturgos da nossa história, com destaque no Teatro de
Arena de São Paulo, sua mais importante obra foi ‘Eles Não Usam Black-Tie’ peça
de cunho sócio-político sucesso no teatro e também no cinema, dirigida por Leon
Hirszman.
Ruggero Jacobbi, nasceu em Veneza. Diretor,
teórico, cenógrafo e autor. Pertencente à geração de encenadores italianos que
chegam ao Brasil nos anos 1950, liga-se a diversas experiências de renovação do
panorama teatral, especialmente o Teatro Popular de Arte, e o Teatro Brasileiro de Comédia. Um dos poucos
homens de teatro a transitar com desenvoltura entre a prática e a teoria do
teatro.
Outro profissional que deu grande
contribuição ao fazer artístico foi o belga Maurice Vaneau. Diretor, cenógrafo
e figurinista, foi um dos diretores do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) nos anos 1950,
estabilizando uma carreira no Brasil nos anos subsequentes. O espetáculo ‘A Casa de Chá do Luar de Agosto’
é um dos grandes trabalhos que realizou por aqui.
O italiano Gianni Ratto era também diretor,
mas seu trabalho como cenógrafo lhe dá mais relevo, foi um dos responsáveis pela evolução da cena brasileira
nos anos 1950, o que mais contribui entre todos, realizando uma série de
encenações históricas, radicando-se no país e permanecendo entre nós até o fim
da vida.
Hans Donner, designer austríaco nascido na Alemanha e naturalizado
brasileiro. Seu trabalho mais conhecido é a criação do logotipo da Rede Globo
de Televisão, mas é responsável também pelas vinhetas e peças de abertura de
muitos dos programas da Rede Globo. Exemplos de seu trabalho são as aberturas
dos programas Viva o Gordo, Jornal Nacional, Fantástico, entre outros.
Voltando ao
cinema, não podemos nos esquecer de Héctor
Eduardo Babenco, argentino nascido em Mar del Plata. Babenco é um dos
principais cineastas da atualidade, citemos: ‘O Rei da Noite’; ‘Lúcio Flávio, o
passageiro da agonia’; ‘O Beijo da Mulher-Aranha’ e ‘Carandiru’ são alguns
trabalhos por ele realizados.
O que observo é
que isto está se perdendo ao longo dos anos. São poucos os profissionais
estrangeiros que estão recebendo oportunidades de se fixar aqui e aumentar
ainda mais a nossa capacidade de produção.
Walter Salles
convidou Gael Garcia Bernal para trabalhar em ‘Diários de Motocicleta’,
Fernando Meirelles filmou ‘Ensaio sobre a Cegueira’, convidando Julianne Moore,
Mark Ruffalo, Danny Glover e o próprio Gael. As filmagens foram em São Paulo,
rodaram o filme e se foram. E o que ficou?
Não seria a hora
de convidar Ricardo Darín para trabalhar conosco? E Penélope Cruz
Rafael Spaca, radialista, autor do blog Os Curtos Filmes (http://oscurtosfilmes.blogspot.com/).