Atriz,
italiana. Sua personagem D. Eduarda na encenação do Centro de Pesquisa
Teatral (CPT) na peça ‘Senhora dos Afogados’ foi considerada um dos pontos
altos do espetáculo.
O que te faz aceitar
participar de produções em curta-metragem?
Participo
somente de projetos com bom roteiro, boa equipe técnica e bons artistas
envolvidos, projetos que tenham um bom plano de ação e uma proposta artística
consistente. Prezo muito a seriedade, profissionalismo, o entusiasmo e a
criatividade, e considero muito importante a química e o trabalho de grupo
entre todos os envolvidos.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Nos
últimos anos aumentaram os festivais de curtas no mundo inteiro, assim como o
espaço dedicado a esse tipo de produto cultural em festivais internacionais e
nacionais. Mesmo assim às vezes a visibilidade alcança somente a classe
artística ou os interessados num tema especifico. A crítica está dando mais
atenção a produção de curtas mas não se alcança facilmente a mídia em geral e
sobretudo o grande público... provavelmente por ainda ser considerada uma
produção menor, pelos curtas terem uma vida útil de 2 anos (após os quais não
são mais veiculados e nem aceitos em festivais), por não serem distribuídos em
cinemas com os longas e por às vezes permanecerem numa linguagem experimental
que agrada um público mais restrito. A produção está crescendo muito e está se
especializando sempre mais, conseguindo obter também um financiamento maior,
esses são pontos a favor, um estimulo e uma possibilidade de chamar a atenção
sempre mais... quebrando preconceito..., é um caminho um pouco longo, youtube e
internet em geral com certeza ajudam...
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição de curtas para atingir mais público?
Provavelmente
deveria se voltar (como aconteceu por um breve período) a exibir um curta antes
de cada longa no cinema, assim como deveria ter um programa semanal na TV
aberta, ou um Box dentro de algum programa com alto ibope, que mostre as
melhores produções de curtas (eu sou de Milão, Itália... e lá isso acontece...
pelo menos acontecia até uns anos atrás...). Deveriam produzir DVDs para mais
curtas e colocá-los a venda e para locação. Deveriam unir curtas a
patrocinadores privados, enfim, muito pode ser feito...
É possível ser um
cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para
fazer um longa...
Se
você é cineasta e é bom, vai chegar um certo momento que você vai chamar
bastante atenção pelo teu trabalho, isso aumenta a possibilidade de você captar
dinheiro para os teus projetos... isso quer dizer, que a um certo momento você
vai poder e querer ampliar o teu raio de ação e contar uma história em 90
minutos e não em poucos... é natural... mesmo que você tenha paixão por curtas
e você continue produzindo esse tipo de filme... se você tem a possibilidade de
fazer um longa, você vai fazer!!!
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Sempre
menos... se você é da área você reconhece qualidade onde a vê. Você pode ter
muita mais moral como diretor ou ator de curtas legais (mesmo que menos vistos
pela massa) do que um super ator ou super diretor de muitos filmes sem tanta
qualidade e comprometimento artístico. O curta é sempre mais visto como uma
linguagem própria, com seu valor e características próprias, estimula diálogo e
curiosidade. É um campo de muitas possibilidades criativas... isso permite que
seja reconhecido seu impacto...
Claro
que é muito fácil você pegar uma câmera, começar a filmar e dizer que você é
diretor de curtas... coisa que você não pode fazer com longa porque requer
muito dinheiro... isso quer dizer que até que você não demonstre a qualidade do
seu trabalho você vai gerar desconfiança... pois hoje em dia todo mundo é
“ator”, “diretor”, etc... então o preconceito de quem é realmente ator e
diretor, etc, aumenta... acho isso natural... assim como a seleção natural da
grande quantidade de produção... não é marginalização, é peneira... mas o que é
bom sempre sobressai... seja curta, longa, clipe, etc... apesar dos problemas
com os patrocinadores e o grande público. E o que é ruim, apesar de ser
produzido, fala por si.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Sim,
se houver tempo e possibilidade, tenho algumas boas histórias pra contar...