Vladimir Capella cursou a
Fundação das Artes em São Caetano do Sul. É dramaturgo, diretor e músico, tendo
seus textos destinados ao público infanto-juvenil. Estreou como diretor no
espetáculo "Panos e Lendas", em 1978, pelo qual ganhou os prêmios
Mambembe, Governador do Estado de São Paulo e Molière. Em 1985, com o
espetáculo "Avoar", recebeu o Prêmio Apetesp, nas categorias Autor,
Espetáculo, Diretor e Música ou Trilha Sonora. No ano seguinte, com a peça "Antes
de Ir ao Baile", novamente foi premiado com pela Apetesp, nas categorias
Autor, Espetáculo e Diretor.
O que
te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Nunca participei de curtas.
Por que os curtas não
têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
É um pouco como o teatro feito para crianças e o teatro adulto.
O mundo capitalista tem algumas regras que eu nunca vou entender. Curtas não
vendem. No fundo, acho que é simplesmente isso. Assim como o teatro para crianças não interessa ao mundo dos adultos que estão
preocupados com as grandes questões. Como se o teatro jovem e os curtas não tratassem
de grandes questões também.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Sei lá. Mas ao invés de
trailers e propagandas no inicio das sessões dos longas deveria ser obrigatório passar
um curta. Não é uma ideia boa? Mas, na pratica isso não emplaca. Não tem
retorno.
É possível ser um cineasta
só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um
longa...
Mais uma vez a comparação cabe
aqui. Os atores e diretores de teatro começam suas carreiras no teatro
chamado infantil esperando a vez de fazerem teatro adulto. Agora até já mudou.
Todos querem mesmo é fazer a televisão. Mas acho perfeitamente possível sim um
cineasta se especializar em curtas metragens. Acho até uma ideia bacana, mas não
vão conseguir sobreviver. O curta não é um cinema menor. É uma forma de expressão.
E pode ser tão artístico quando um longa.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Acho que sim. É uma
espécie de preconceito já arraigado, nem percebem, creio. Mas queixar-se não
resolve. Tem que botar a mão na massa e fazer melhores curtas (que também,
me parece, carecem de qualidade) e tentar dessa maneira despertar a
atenção para essa especificidade de arte que é o curta-metragem. Tarefa árdua
com certeza. Mas...
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Adoro cinema. Vejo muito mais
cinema do que teatro. Mas acho que já é tarde pra começar uma carreira nessa
área. São anos pra se conseguir espaço. Faria com muito prazer tanto curta
quanto longa. Aliás, tenho dois roteiros para filmes curtos e um para
longa que dormem um sono profundo na gaveta da minha mesa de trabalho.