Clarissa
fez o Teatro Escola Macunaíma e formou-se bacharel em Interpretação
na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Seu
papel de maior destaque é a personagem Luisa, da série policial "9MM - São
Paulo", do canal Fox. No cinema, atuou em dois longas-metragens:
"Trabalhar Cansa" (2010), de Marco Dutra e Juliana Rojas, e
"Carmo", de Murilo Pasta. Nos curtas-metragens: "O Lençol
Branco", de Juliana Rojas e Marco Dutra, "Vontade", de Manoel
Rangel, "Nervos de Aço", de Ed Andrade, e "Que Fazer?", de
André Luís de Luis.
O que te faz
aceitar participar de trabalhos em curta-metragem?
Os curtas-metragens são um espaço, em geral, de experimentação. Como não
tem tanta grana envolvida quanto num longa, a equipe que trabalha num curta tem
mais liberdade criativa e pode testar coisas novas. E, em geral, o ator também
sente essa liberdade no seu trabalho, o que é muito bom e muito produtivo.
Por que os
curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Porque acho que ainda não encontraram a fórmula certa para eles serem
consumidos pelo público. E se não tem público, não atrai a atenção da mídia, e
assim, cada vez mais, os curtas ficarão condenados às salas de cineclubes, circuitos
alternativos e festivais.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Ninguém vai sair de casa e ir ao cinema pra ver um filme que vai durar
quinze minutos. Mas vai sim a um festival com seis filmes de quinze minutos. Ou
então, vai adorar ver um curta bacana antes da sessão de um longa. Sei que já
existem esses festivais, mas se eles saírem do circuito alternativo e ganharem
outros meios de massa, como antes dos trailers de filmes blockbusters, por
exemplo, pode começar um movimento de valorização dos curtas, que pode
inclusive levar grandes nomes do cinema, grandes diretores, e até mesmo atores
conhecidos da TV a voltarem a experimentar esse formato.
É possível
ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim
para fazer um longa...
É possível ser um cineasta só de curtas, mas acho economicamente
inviável. Se o cineasta leva sua carreira como diretor de curtas-metragens como
um segundo trabalho, vivendo de outras coisas como trabalho em publicidade, por
exemplo, ele consegue produzir só curtas no cinema. Agora só fazer curtas e
viver disso, acho meio impossível. E acho também natural, depois de um certo
tempo experimentando esse formato de histórias curtas, que a pessoa queira se
aprofundar um pouco mais, construindo uma história mais longa.
O
curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Acredito que
não. Mesmo porque a maioria deles começou a carreira ou pelo menos fez um ou
outro curta na faculdade de cinema, então acho que eles veem o curta-metragem
com muito carinho, como uma maneira de começar a carreira de cineasta, ou até
mesmo de experimentar ideias que não teriam estofo para preencher duas horas de
filme.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sinceramente, acho que não... minha praia é outra.