quarta-feira, 27 de junho de 2012

Tânia Granussi


Tânia é atriz.  Atuou no filme ‘Fluidos’ de Alexandre Carvalho e ‘Febre do Rato’, com Claudio Assis.


O que te faz aceitar participar de trabalhos em curta-metragem?
Como atriz, aceitar um trabalho em curta depende de vários fatores, mas principalmente se os valores a ele agregados compensam a dedicação do intérprete. Frequentemente levo em conta o conceito artístico implícito no trabalho e explicitado pelo roteiro. E também a "intimidade" que se tem com o diretor. Um amigo artista sempre merece uma atenção especial que rompe com as exigências clássicas. Em suma, é importante que entre interprete e criador haja uma troca justa, favorável a ambos.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Na verdade, as mídias específicas se encarregam de gerar o espaço para os curta metragens. Há vários sites (pouco acessados é claro) em que encontramos um marketing favorável aos curtas.  Por outro lado, a "grande mídia" parece reconhecer o curta metragem como uma obra de qualidade inferior. Há realmente uma lacuna no berço midiático que poderia acolher o curta e fomentá-lo à sociedade. Talvez o "desinteresse" resida no fato de que os curtas não agreguem profissionais de renome.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
É a primeira vez que penso em uma estratégia para exibição de curtas metragens. E fico pensando mesmo de QUEM é realmente esta responsabilidade. Gosto muito da idéia de tirar o cinema de dentro das salas, dos edifícios privativos para que ganhe conotação pública, no melhor sentido da palavra. Há uma iniciativa assim na Zona Leste, onde acontece o "Cine Campinho" que acolhe os espectadores num pequeno campo de futebol para exibição de filmes.

É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Não sei se precisamos categorizar a condição do cineasta. Ela já parece uma categoria artística tão exótica e rarefeita. Assim como não há titulações como "atriz de teatro, cenógrafo de cinema, ator de curtas, etc" acho importante mantermos as funções no exercício maior de sua arte, e por assim dizer, assumir a integralidade do conceito de ARTISTA. É cineasta e pronto.

O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não posso dizer certamente o que há por trás de algumas marginalizações na arte, mas acho que alguns cineastas acabam "interiorizando" a opinião pública e principalmente da mídia, e acabam fazendo delas, as suas opiniões. Aliás, é assim que a crítica funciona, não há tantas pessoas que vão ver uma espetáculo simplesmente por que "a crítica indicou", ou deixam de ver um filme, exatamente por terem assumido as "verdades" de um crítico.

Acho que o momento é favorável para dizimarmos alguns "tradutores" nos nossos contatos com a arte, e mesmo com o próprio curta metragem.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não penso na condição de ser uma diretora, mas sinceramente ajudaria muito como ROTEIRISTA. Adoro escrever, e reescrever, e apagar tudo para fazer melhor. No fundo, nem sei se isso é uma qualidade. (risos)