Monica, seu inicio profissional foi como
modelo, aos 13 anos. Você foi convidada para ser garota propaganda de uma marca
de bronzeadores. Pode nos contar como foi esse momento?
Eu sempre quis ser atriz, e trabalhar como modelo me ajudou no
percurso. Até porque nunca fui de passarela, não
tenho esse biotipo, sempre fiz comercias e campanhas de foto. Esse convite surgiu
quando eu estava na praia e uma modelo bem famosa da época me
viu e me chamou para esse comercial, que foi do bronzeador
sol de verão. Ela me achou a cara do verão, estava bem morena. E daí
comecei a fazer outros comercias, mas sempre tive meu foco
como atriz.
Logo em seguida realizou outras campanhas
publicitárias, sua beleza sempre foi uma aliada para o seu trabalho. Como
analisa isso?
Eu acho que a beleza abre portas sim, mas o que mantém a pessoa no
caminho é esforço, dedicação e estudo. Nunca se esqueça que vai existir sempre
alguém mais jovem e tão bonita quanto você. Então, o que
vai manter você no mercado de trabalho é ter algum a mais e não só um
rostinho bonito sem conteúdo.
Após esses trabalhos você entra para o
casting da Ford Models, um dos mais concorridos do mundo. Como foi isso? Quais as
lembranças desse período
Eu realmente entrei na agência Ford Models,
mas sempre trabalhei com comercias. Como disse, não
tenho altura para passarela, e aproveitei bastante as
oportunidades que tive, e fiz trabalhos bem bacanas.
Em que momento da sua vida você decidiu na
carreira de artista de televisão?
Eu sempre tive meu foco na carreira de atriz, então
paralelamente eu sempre procurei fazer meus cursos, pois
não tinha ideia de como entrar na TV. Então
fui estudar. Mas quando eu tinha 6 anos, eu disse a minha mãe que
iria trabalhar na televisão. E sou muito persistente quando quero alguma coisa.
Você fez cursos de teatro na Faculdade da
Cidade e na Casa de Arte das Laranjeiras (CAL), chegando até a
estudar interpretação até em Nova York, cidade onde residiu. Qual a importância
de fazer esses estudos na sua carreira profissional?
Eu acho que quando você escolhe uma profissão tem que estudar
para entender, e ser ator é um estudo permanente, observação sem críticas e
ler muito, de tudo um pouco. E quando você entende o que está
fazendo, se sente seguro para fazer o seu melhor.
Só a vocação não basta para se tornar uma
grande atriz?
Vocação é meio caminho, mas trabalhar com arte
exige amor à profissão. Não é só glamour como as pessoas pensam, e acho
que a vaidade é um grande pecado na nossa profissão. Acredito
que quanto mais humilde somos, mais os sentimentos podem aflorar dentro da gente. E ser
ator é sentimento puro.
Sua estréia profissional viria só em 1993,
na peça ‘O Brasil de Cuecas’, como foi esse trabalho?
Essa peça foi uma comédia. Fiquei
pouco tempo fazendo, pois logo fui convidada para fazer História de Amor. Acho que
teatro sempre é valido, experiência conta muito.
Sua projeção nacional da-se nesse mesmo ano
onde se destacou participando da abertura da segunda versão da novela Mulheres
de Areia. Como foi lidar que essa repercussão?
Foi muito bacana, afinal sempre procurei
fazer trabalhos que tivessem o reconhecimento do público, e uma hora
acontece. Acho a abertura linda, trabalhei com Hans Donner, e a partir da aí fui fazer a oficina da Globo.
Em 1994 você passou pela Oficina de Atores
da Globo. Qual é o diferencial dessa oficina em relação ás outras instituições
que você estudou?
A diferença é que você trabalha a prática, exatamente como se faz
novela. O curso é muito bacana, e dali podemsurgir as
oportunidades. Você aprende um pouco
de tudo, como
dança, voz,
entende de câmera e é só fazer bem que a oportunidade vai surgir.
‘História de Amor’ e ‘Chocolate com
Pimenta’, foram algumas das telenovelas que você trabalhou. Essas novelas eram
sempre no período das 18h-19h, que são, de certa maneira, menos “nobres” pelo
fato de o sonho dos atores é trabalhar na novela das 21h. Como era isso pra
você?
O meu sonho sempre foi fazer televisão, novelas... A novela
que mais amo passou às dezoito horas, que foi escrava Isaura. E ser
ator pra mim é independente do horário e sim fazer o seu melhor. Se é
novela das 18h, das 19h e das 21h é indiferente. Ser ator
é muito maior que qualquer rótulo.
Em‘Malhação’ você tem duas passagens. A
novela é um laboratório para atores mais jovens mas a crítica enxerga que para
atores com mais lastro, é depreciativo. Como analisa isso?
Não enxergo dessa forma, até porque se
a TV fizer um programa só com atores iniciantes corre o risco
de não segurarem a onda pela falta de experiência. E ter a
troca com atores que já admiramos pelo talento é fundamental.
Seu maior papel na televisão foi como a
Socorrinho em Porto dos Milagres?
Foi o personagem mais popular sim, mas não
o maior.Novela das
oito sempre tem a personagem sensual e engraçada, e a Socorrinho era assim. Então mexeu
com o inconsciente coletivo pela sensualidade e inocência, mas eu tive a Clara, a mudinha de ‘Corpo Dourado’, que foi um
aprendizado, e na época
recebi muito elogios, foi um desafio. Sempre amei meus personagens.
Na Rede Record trabalhou nas novelas
Cidadão Brasileiro e Caminhos do Coração.como foi encarar outra dinâmica de
trabalho após anos na Rede Globo?
Vejo meu trabalho com muito amor, e me
preocupo com minha atuação. Trocar de emissora só me dámais segurança profissionalmente falando, porque realmente é
outra dinâmica. E posso falar por que
já trabalhei nas três emissoras fazendo novelas, então isso me dá mais experiência. Mas meu
trabalho é atuar e estando em qualquer emissora sempre vou fazer meu melhor.
A Record tem uma meta de atingiar a
excelencia de produção em telenovelas. Você trabalhou na emissora, acha que
eles podem chegar lá?
Claro que acho, acredito em trabalho e dedicação. A Globo
é pioneira, mas nada impede de termos outras emissoras fazendo tão bem quanto,
afinal somos os primeiros do mundo em termos de teledramaturgia, fazemos
novelas como ninguém.
Você teve uma passagem também pelo SBT,
onde fez a vilã Nara Paranhos de Vasconcelos na novela Uma Rosa com Amor. Como
foi esse trabalho e como foi trabalhar na emissora?
Tenho autonomia sobre minha vida profissional, e se tem um bom
personagem eu aceito. Foi a minha primeira antagonista, queria
saber como era ter o peso de levar uma novela, afinal
o vilão é que mexe com a história, é a peça chave para movimentar a novela. Eu
adorei trabalhar lá, é bem familiar porque só tem uma novela, um
produto, então é bem leve.
Realizou ensaios sensuais, sendo três vezes
capa da revista masculina Playboy em maio de 1993, em julho de 2001 e fevereiro
de 2008, além da Sexy em setembro de 1994. Poucas atrizes tiveram a
oportunidade de posar para as duas revistas. Você se considera um simbolo
sexual?
As fotos são lindas e de bom gosto, agora a
revista Sexy, quando eu fiz não era nu. Eu fiz um seminu para a
revista, um ensaio bem bacana. Ter rótulos é legal, você se sente
lisonjeada , mas eu não me preocupo com esse tipo de elogios, quero
muito mais.
A maioria dos seus papéis estão ligados á
sua beleza, feminilidade e/ou sensualidade. Por que os diretores “exploram” o
seu biotipo? Como se sente fazendo esses papéis?
Difícil seria não fazer um personagem com
feminilidade, afinal sou
mulher, não tem
como não ser feminina. Agora discordo do uso da sensualidade explorada, meu
primeiro personagem, a Neuzinha, de História de Amor, era empregada, usava roupas abaixo do joelho e vivia de coque. A Clara era uma menina e
não explorava a sensualidade. A Maura era uma dona de casa com saias longas e largas. A Socorrinho, sim,
explorava a sensualidade, porque o personagem era assim. Meuúltimo personagem, a Glória de ‘Fina Estampa’, não era sensual, era
apenas uma mulher bonita. Agora eu, Mônica Carvalho, sou uma mulher naturalmente sensual, mas posso aflorar
ou me despir dessa sensualidade, dependendo do personagem. Isso não me preocupa, se meu personagem for sensual, vou
explorar ao máximo
isso. Como disse,meu foco é
na criação do autor, no que ele quer do personagem. E eu faço sem
pudor.
Sua participação no cinema é tímida, em
1998, atuou em ‘Drama Urbano’, de Odorico Mendes. O filme permanece inacabado.
Como foi o trabalho nessa produção?
Eu fiz. Que pena que ficou inacabado, e fazer cinema é meu
sonho. Espero que apareçam mais convites.
Pretende trabalhar mais em cinema?
Como disse estou à disposição, adoro cinema e
pretendo trabalhar muito em TV, cinema...
Para finalizar, gostaria de saber de você o
que é preciso para vencer na profissão.
Persistência, vontade, vocação, enfim, querer
muito, afinal devemos materializar nossos sonhos.