Seu primeiro trabalho na televisão foi na telenovela ‘O Cravo e a Rosa’, de Walcyr Carrasco, vivendo a personagem Lindinha. Como foi a primeira experiência em novelas?
Melhor não poderia ser. Fui trabalhar com o talentosíssimo diretor Walter Avancini, que infelizmente faleceu alguns anos depois. Aprendi absolutamente tudo de TV com ele. O elenco era espetacular, Ana Lucia Torre, Pedro Paulo Rangel, Eduardo Moscovis, Taumaturgo Ferreira... Amigos que guardo para a vida toda.
Como recebeu esse convite para atuar em ‘O Cravo e a Rosa’?
Um produtor de elenco me viu no musical ‘Casaz de Cazuza’ em São Paulo. Sugeriu que eu fizesse um teste para o Dennis Carvalho, que me aprovou. A novela tinha a direção de núcleo do Dennis, outro grande diretor.
Sua novela seguinte foi ‘Desejos de Mulher’, nesta novela você teve um papel de menor destaque do que na anterior. A novela, com pouco núcleo cômico, não conseguiu um bom desempenho na audiência e seu autor, Euclydes Marinho, não escreveu mais nenhuma novela até o presente momento. O que aconteceu com essa produção?
A novela teve alguns desvios, só a minha personagem mudou de rumo três vezes. Começou como uma empregada que iria iniciar sexualmente o filho da protagonista, Glória Pires. Depois, se não me engano, a censura se manifestou e ela virou uma fisioterapeuta que seduzia o marido da Glória... Finalmente ela ganhava na loteria e ficava rica, virava empresária. Essas coisas acontecem...
Já em 2003 foi escalada para seu papel de maior destaque até então. Na pele de Fernanda em ‘Mulheres Apaixonadas’, de Manoel Carlos. Como foi essa experiência?
Foi muito marcante em vários sentidos. Eu pude sentir na pele a força de um veículo de massa como a televisão e de um gênero como a novela no auge do seu apelo popular. Era difícil caminhar na rua, as pessoas choravam ao me encontrar, era meio doido. Eu, que sou muito pé- no- chão, não compreendia muito bem e me sentia atordoada, mas me sentia muito satisfeita com o trabalho, era uma novela muito linda, verdadeira. O Manoel Carlos escreve cenas deliciosas de se representar.
O episódio em que sua personagem morre baleada durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes, foi um dos de maior audiência da novela, marcando impressionantes 62 pontos de pico no IBOPE. Como foi realizar uma cena onde todos os atores consideram dificil, a da morte?
Adoro uma tragédia. E todo ator adora morrer em cena, mesmo sendo difícil!
Seus trabalhos seguintes na Globo resumiram-se a participações especiais. A primeira delas foi em ‘Kubanacan’, novela de Carlos Lombardi. Depois atuou em ‘Da Cor do Pecado’, de João Emanuel Carneiro e seu último papel de destaque em uma novela da emissora foi como Rosa, em ‘Cabocla’. Conte como foi trabalhar nessas três produções.
‘Da Cor do Pecado’ não foi participação, ficou a novela quase inteira, era a companheira do pai Helinho. Foi uma delícia!!!! Eu, Matheus e Arlindo Lopes ensaiávamos na casa do Matheus toda semana, comendo bolo de fubá com cafezinho. Era hilário. E foi a primeira novela assinada pelo maravilhoso João Emannuel Carneiro. Era uma novela divertidíssima e muito terna, eu amei fazer. ‘Cabocla’ foi uma participação no último capítulo e foi bem bacana. Gosto muito do Rogério Gomes, o diretor de ‘Cabocla’. ‘Kubanakan’ foi uma brincadeira com o sucesso da Fernanda de ‘Mulheres Apaixonadas’. O Lombardi é uma comédia... Colocou a minha personagem morrendo com outro tiro no peito. As produções da TV Globo são muito bem cuidadas, muito bonitas e eu tive sorte de participar de várias das melhores produções de lá.
Em 2006 você começou a trabalhar para a teledramaturgia da Rede Record, na personagem da esquizofrénica Elza, na telenovela ‘Prova de Amor’, de Tiago Santiago. Como foi essa transissão de emissora?
Meu contrato com a TV Globo acabou em 2005 após 5 anos. Um dia o Tiago Santiago me encontrou no aeroporto Santos Dummont e disse "quero que você faça a vilã da minha novela da TV Record". Eu fui assistir ao que estava sendo exibido na TV Record (era "Essas Mulheres", do Marcílio Moraes) e gostei muito. Decidi aceitar.
Ele é uma pessoa delicadíssima, alguém de quem gosto muito.
Logo em seguida estava escalada para atuar como a protagonista de ‘Vidas Opostas’ um dos maiores sucessos da emissora, mas teve sua participação cancelada, porque estava grávida de seu primeiro filho. Como foi lidar com uma tristesa e uma alegria ao mesmo tmpo?
Eu só pensei na alegria de ser mãe...
Finalmente em 2007 começou a interpretar Alice, sua primeira protagonista de telenovelas, em ‘Amor e Intrigas’ da autora novata Gisele Joras. Como foi a experiência?
Foi muito boa, apesar de estar com meu filho muito novinho, com 5 meses. Eu dormia muito pouco e trabalhava muito. Isto afetou a minha saúde, mas o saldo foi positivo.
O protagonismo em telenovelas é o ápice para o trabalho como atriz. Você conquistou em um curto espaço, na sua visão, qual a razão de ter chegado lá?
Eu tenho paixão pelo que eu faço. Ao mesmo tempo não ambiciono protagonizar novelas acima de qualquer coisa. Tenho uma carreira no teatro e nas artes plásticas que me realizam. Tenho um filho... Tudo isso me deixa tranquila, sem me cobrar demais. Isso deixa o trabalho menos amarrado, mais natural. Isso é muito importante na televisão: estar relaxado.
Desde o início de sua carreira você atuou em apenas três filmes. O primeiro deles foi ‘Carandiru’, de Hector Babenco, um dos maiores sucessos de público de toda a história do cinema brasileiro. Os outros dois foram ‘Os desafinados’ de Walter Lima Jr. e ‘Sem Controle’ de Cris D'Amato, ambos lançados em 2008. Em 2011 ‘As Mães de Chico Xavier’. Por que tão pouco cinema?
Fiz "Carandiru, Outras Histórias", do Roberto Guervitz, e "Matraga, a Hora e a Vez". Este, além de participar como atriz, colaborei no roteiro. (ele ganhou o Festival do Rio em 2010 e será lançado no ano que vem). Fiz também o último do Domingos Oliveira, "paixão e acaso", que foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de SP.
Curta-metragem é um campo que te interessa como atriz?
Sim, muito.
Para finalizar, gostaria de saber o que projeta para a sua carreira neste momento.
Estou com um lindo musical chamado "Quase Normal" NO Teatro Faap, uma versão brasileira de "Next to Normal", premiado musical da Broadway. É uma ópera- rock maravilhosa e estou retomando meu lado cantora com toda força... Além disso, estou com algumas exposições de pintura marcadas para o fim deste ano e para o ano que vem.