Cineasta, produtora, captadora e
organizadora de festivais na empresa SJ 23 Filmes e Produções.
O que te faz aceitar
participar de produções em curta-metragem?
Porque são formas de conseguir transformar mais rápido uma ideia num filme de verdade,
até por conta dos custos. Também porque muitas histórias podem ser contadas em
apenas quinze minutos de imagem.
Conte sobre a sua experiência em
trabalhar em produções em curta-metragem.
Sou formada em jornalismo, trabalhei em redação durante alguns anos e sempre gostei
de documentários, até que resolvi fazer uma pós-graduação no assunto. Como projeto
de final de curso, tinha uma proposta de curta, sobre o sambista João Nogueira,
mas acabei transformando o curta em um longa. Esse é um dos problemas dos principiantes,
com as câmeras digitais - e o barateamento de alguns custos acabamos por ter
material demais e transformar curtas em longas. Mas foi só um projeto de final
de curso e não tenho nem os direitos das músicas e das imagens de arquivo, por
isso ficou engavetado. Daí, parti para os curtas, já que a coisa começava a
ficar mais profissional e precisava realmente ter uma equipe mais estruturada e
todos os direitos, para que eles pudessem ser exibidos.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Também não entendo, pois temos curtas maravilhosos. É uma burrice e uma falta, a
meu ver, de apoio, dos órgãos competentes. Apesar de ser contra a ideia de
medidas ditatoriais, acho que deveríamos ter uma lei, na qual os cinemas fossem
obrigados a passar um curta antes dos longas - muito melhor do que ver publicidade.
Uma vez eles sendo exibidos, fica mais fácil conseguir espaço na mídia.
Na sua opinião, como deveria ser a
exibição dos curtas para atingir mais público?
Como falei anteriormente, acho que os cinemas deveriam passar os curtas antes
de exibir os longas. As TVs também deveriam passar mais curtas, criar até
séries semanais divididas por temas. Acho que teríamos grande público. Sem falar
nas escolas. Os curtas poderiam fazer parte do programa de educação. Por serem
curtas, são de mais fácil assimilação e aos poucos íamos criando público de
qualidade para nosso cinema de longas.
O curta-metragem para um profissional
(seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para
experimentação?
Acredito que sim, até porque a maioria deles é feito com pouco orçamento, que,
se por um lado pode limitar a parte técnica, por outro exige mais da
criatividade e da experimentação.
O curta-metragem é um trampolim para
fazer um longa?
Sim, mas por que não um cineasta de curtas? Já pensaram nisso? O curta poderia
ser uma marca, como o documentário é para alguns.
Qual é a receita para vencer no
audiovisual brasileiro?
Uma boa ideia na cabeça, uma câmera na mão e - infelizmente – um pouco de dinheiro.
Por mais que as câmeras digitais tenham barateado os custos, ainda é preciso
dinheiro (não falo em milhões) para que tenhamos algo de qualidade para as telonas.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sim, na verdade, tenho que editar dois que estão parados: um sobre mestres-salas
e outro sobre o casamento gay. E tenho um pronto, que passou por festivais e
cujo trailer está no youtube. Se chama ‘As últimas putas de Paris’, sobre o
fechamento do Hotel Paris (http://www.youtube.com/watch?v=lNtYCeP03kg), um dos
puteiros mais emblemáticos do Rio ( Sem falar nas várias ideias. Um cineasta têm
mais ideias do que qualquer sonhador!!!!