Atriz.
Você começou sua carreira como modelo aos 13 anos
de idade em um Clube Militar do Rio de Janeiro. Como foi isso?
Era comum as meninas da minha faixa etária participarem do curso de
modelo e manequim, a professora era Rita Mancini, que desfilava para grandes
nomes da moda carioca, foi uma experiência deliciosa, as pré-adolescentes
cheias de sonhos e um curso super competente e divertido. A partir disso
comecei a desfilar de forma amadora, para lojas das redondezas, em troca de
roupas, era ótimo.
Depois
de ganhar concursos de beleza, pensava em se profissionalizar como modelo?
Sim, sempre tive esse objetivo, minha meta era juntar dinheiro como modelo para
fazer um curso profissionalizante como atriz.
Como modelo publicitário foi a mais famosa garota propaganda da loja Le
Postiche, de malas, casacos e cintos. Quais as dores e as delicias de “vender”
sua imagem para uma marca?
As delícias sempre foram o dinheiro garantido para honrar as contas e
ajudar a família além de me presentear com alguns mimos. Mais outra delícia é
se tornar conhecida do grande público e assim ser frequentemente chamada para
outros eventos remunerados e mordomias em geral, ganhar presentes, viagens, conhecer
profissionais excelentes e potenciais contratadores, enfim, muitas vantagens.
A única desvantagem (por razões óbvias naquela época, hoje é diferente)
é que outros produtos deixaram de me contratar por acreditarem que eu tinha
contrato de exclusividade total com a marca, mas era só para produtos da mesma
categoria. De qualquer forma, sou toda grata ao período que fui porta-voz da
marca.
Comercial é importante só pelo dinheiro?
Pelo dinheiro e pela possibilidade de conhecer cineastas, diretores, produtores,
apoiadores, patrocinadores e profissionais em geral da nossa área. É uma rica
experiência.
Em
que momento da sua vida decidiu se tornar uma atriz?
Bem jovem, por volta dos 17 anos, sempre quis estudar. No entanto saí de
publicidade para a televisão sem nenhuma formação, tenho aprendido desde então
com colegas atores, técnicos, diretores, enfim, a melhor escola.
Desde
o inicio da sua trajetória artística seu trabalho está muito ligado á sua
beleza. É necessário ser bela para se tornar uma atriz?
Temos belíssimas atrizes pelo talento, criatividade, arrojo, carga dramática ou
humorística e são símbolos de profissionais bem sucedidas que nunca tiveram
necessidade da beleza padronizada para se tornarem atrizes, isso é o que
enriquece uma produção cênica, caso contrário, esse trabalho só seria feito por
modelos femininos e masculinos dotados apenas de estonteante beleza...e?
Por que você ficou quase 11 anos afastada das
telenovelas?
Fiquei de 1998 a 2009 sem contrato com a Rede Globo pois fui contratada
por outras redes, fiz novelas no SBT, Record, Bandeirantes e fiz muito teatro
também.
Você tem uma identificação muito grande com a TV
Globo, como foi trabalhar em ‘Paixões Proibidas’, da Band, com outra estrutura?
A estrutura da Band em "Paixões Proibidas" era muito familiar,
pois lá estavam muitos profissionais que conheci em outras emissoras. Quando
estamos contratados nos tornamos uma grande equipe e é fundamental que todos se
empenhem e reconheçam as diferenças de estrutura entre os canais. Um bom
profissional lida com isso com naturalidade e bom senso. Nossa torcida é para
que todas as redes tenham a possibilidade de atingir a excelência da Rede Globo
e nos traz muita alegria toda vez que uma produção da televisão nacional tem
seu trabalho reconhecido mundialmente pelas vendas e por prêmios recebidos.
Na época em que você estava no ar numa propaganda
de absorventes íntimos, recebeu de Paulo Ubiratan, seu primeiro convite para um
trabalho na TV, onde interpretou Alice, na novela O Salvador da Pátria (1989).
Como foi a experiência de encarar uma telenovela?
Na verdade fui convidada pelo meu saudoso padrinho de TV Paulo Ubiratan
para fazer um teste em São Paulo com outras várias candidatas ao papel. Fiquei
extasiada quando soube que faria a novela, tive muita ajuda da Betty Faria,
Cecil Thirè e do meu namorado na época, o ator Paulo César Grande, que entre
outros, são pessoas que habitam um alto patamar de minha gratidão.
Em seguida, viria o trabalho que lhe deu projeção
nacional, no papel de Carla, na novela Top Model, também da Globo. Como foi
lidar com um sucesso nacional?
Eu já lidava com um sucesso nacional, rs rs rs, acompanhei muito o ator
Paulo César Grande em gravações, ensaios de teatro, estreias, temporadas,
viagens, baile de debutantes, publicidade, etc...costumo dizer que o Paulão foi
minha "faculdade" na profissão. Convivi com Paulão e o mega assédio
que ele sempre teve, a simplicidade com que tratava a todos e a incansável
dedicação ao trabalho, além de ser um colega generoso e um ser humano sempre
disposto a aprender.
Por que, nos anos seguintes, você não conseguiu
grandes trabalhos na Globo?
Fiz uma temporada teatral durante 4 anos com o mega sucesso "Caixa
2" de Juca de Oliveira e viajei o país inteiro com essa e outras
magníficas peças de teatro, fiz uma temporada espetacular com Antônio Fagundes
em "7 Minutos" que teve carreira internacional com temporada gloriosa
em Portugal, fiz teatro dirigida 3 vezes por BIBI FERREIRA, trabalhei com
Marcos Caruso, Irene Ravache, Rogério Fróes, Juca de Oliviera, Neusa Maria
Faro, Fauzi Arap, Nelson Baskerville, André Garolli, Cláudia Mello, Petrônio
Gontijo, Eugênia de Domenico, Blota Filho, Jayme Periard, etc etc etc...para
uma atriz sem formação catedrática, acadêmica, é ganhar a sorte grande.
Você faz parte da memória afetiva de milhares de
pessoas no país, como você “trabalha” com essa questão?
Estou viva, faço parte da memória imediata também, rs rs rs.
(um dos rostos mais conhecidos da TV brasileira)
No teatro são várias as participações: “O Mistério de
Gioconda"; "Sete Minutos"; "O Grande Dia"; "Caixa
Dois"; "Brasil S.A."; "O Diário de um Mago";
"Procura-se Um Tenor", "Sauna", entre outros. Hoje o teatro
é a sua maior paixão?
Sempre será, pois é minha escola, meu aprendizado, meu aperfeiçoamento.
Todos os diretores de novela me dizem que trabalhar com atores de teatro nas
novelas é um sonho. Concordo, salvo raríssimas exceções, claro.
Grande parte dos seus papéis no teatro são voltados para o humor. Qual a
razão?
Tenho a tendência a priorizar os convites para comédias, sinto-me muito
a vontade com esse gênero.
Você trabalhou também no SBT em:
"Sangue do Meu Sangue” e "Era Uma Vez". Em 1999, na Rede Record:
"Louca Paixão", "Amor e Ódio". Rede Bandeirantes em 2005 e
2006 fez:"Floribella". Como essa experiência, como analisa a produção
e o campo de trabalho para atrizes?
A produção tem melhorado em todas as emissoras, a tecnologia avança
velozmente, a Internet muda o mundo, a informação chega para todos e permite o
surgimento e divulgação de materiais inovadores e surpreendentes e o mercado de
trabalho possibilita espaço para várias atrizes (e atores) nas mais diversas
mídias...assisto muito o Canal Multishow e o GNT, aprendo e me divirto muito
com as produções brasileiras desses canais a cabo...mas amo rever as produções
do Canal Viva, aulas magnas para todos com grandes nomes!
Por que você fez tão pouco cinema?
Incompatibilidade de horários e oferta desanimadora de cachê, além de
roteiros insatisfatórios até agora, lamentavelmente.
No cinema a chamada “panela” é mais evidente e mais difícil de
ingressar?
Apenas questão de prioridades.
O que um produtor de cinema, especificamente de curta-metragem, precisa
fazer para te convencer a participar de uma produção?
Convencer-me com um bom roteiro e oferecer-me condições confortáveis
para trabalhar e uma remuneração decente.
(A atriz na gravação de Morde e Assopra)