O que te despertou para
ingressar na carreira artística como atriz?
Sempre fui
cheia de primos mais novos que eu. Desde pequena, nossas brincadeiras sempre
foram de encenação, apresentações, shows de talentos... era uma delícia brincar
de teatro! Eu escrevia peças, dava falas pra eles decorarem, e apresentávamos
pra família toda. Nosso “grupo” se chamava Casinha da União. Acho que começou
daí. Que saudade.
Sua formação técnica é
bem extensa: Teatro
Escola Macunaíma, Publicidade, Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo, Ciências
Sociais na University of the West Indies, Oficina de Teatro com Maurice
Durozier, doThéâtre du Soleil (Paris), entre outros. O que te motivou e qual a
importância desses estudos para você?
Todo estudo é enriquecedor, pois é a única coisa que
a gente carrega. Foi bom ter me formado numa faculdade (Publicidade), mas só
fiquei feliz quando passei a me dedicar ao teatro (curso técnico
profissionalizante). Estudar fora do Brasil também foi válido (Trinidad &
Tobago e Suíça), pois as viagens servem pra abrir a mente e espairecer a alma.
Você
possui uma trajetória no cinema que conta com filme como ‘As Melhores Coisas do
Mundo’, ‘Bruna Surfistinha’, ‘Sangue Azul’, ‘Amor, Plástico e Barulho’, entre
outros. Gostaria que falasse sobre esses trabalhos.
“Sangue Azul” (Lirio Ferreira)- Vai emocionar profundamente. Um filme sobre o circo, o amor, a
família... quem não gosta? É mágico.
“Amor, Plástico e Barulho” (Renata Pinheiro)- Também
estreia este ano. É de uma diretora talentosíssima e premiada, e vai fazer
muito barulho.
“Bruna Surfistinha” (Marcus Baldini)- Paraíso pro
ator... nunca mergulhei tão fundo na dor de uma personagem. A preparação mais
visceral de todas.
“As Melhores Coisas do Mundo” (Laís Bodanzky)- Foi
um presente trabalhar com a Laís. Inesquecível primeira vez.
Como
é a sua preparação para compor um personagem no cinema?
Cada preparação é de um jeito... algumas mais
intensas que outras. No “Sangue Azul”, rodado em Fernando de Noronha, ficamos
praticamente “morando” na ilha por mais de um mês... eu virei ilhéu!
No “A.P.B.” (Amor, Plástico e Barulho), a preparação
foi mais introspectiva: fiz uma Pastora Evangélica, então frequentei cultos no
meu bairro e assistia os programas da madrugada... louca.
Todos os recursos são válidos para que o personagem
esteja imbuído de verdade no momento da “ação!” no set. Acho que não existe uma
fórmula certa.
O
que é o cinema para você, como atriz?
O cinema, pra mim, é êxtase.
Como você se classifica
como atriz?
Atriz de cinema que faz teatro, e atriz de teatro que faz cinema. E TV.
Atriz de cinema que faz teatro, e atriz de teatro que faz cinema. E TV.
Cinema é muito fechado?
Sim.
Como
é ser atriz, viver dessa profissão, fora do eixo Rio-São Paulo?
Pra mim tem sido ótimo! É melhor trabalhar onde
existem poucas com meu perfil.
Você
nunca “sonhou” em trabalhar na Rede Globo e se tornar uma atriz “global”?
Sim!
Ter
o seu nome e a sua imagem restrita em um determinado espaço da nossa geografia
não lhe incomoda?
Não é bem assim... trabalho no Brasil mas já gravei
pra MTV Reino Unido, pois falo inglês fluentemente. E também mando bem no
francês... poderia ter feito algum de Truffaut, né? rs rs Mesmo morando no Recife, a duração de um voo pra SP
é de 2 horas e 50 minutos... dá pra trabalhar sem cansar a beleza.
Como
foi o trabalho na série "9MM SP"?
Foi um trabalho denso, não tenso. Foi muito sério,
tudo. Eu adoro o resultado. E a série é incrível!Foi outro presente que recebi
da Moonshot Pictures.
Por
que tão poucos trabalhos na televisão?
Boa pergunta. Também quero saber a resposta... o
acaso não existe.
Gostaria
que falasse, um a um, dos seguintes curtas que já atuou:
"Farpa", de Henrique Oliveira/ Panan
Filmes (2012). Adoro trabalhar com diretor exigente que puxa o ator
pra dentro de si. Foi incrível... um filme fortíssimo, que tem espancamento,
estupro, incesto, aborto... nossa. Doeu em mim.
"Põe a Mão Aqui", de Jeferson De (com Norton Nascimento). Um dos primeiros curtas que eu fiz! E só tinha fera!
Muito bom... em memória do Norton.
"Viva o Terceiro Mundo", de René Brasil (com Aílton Graça). Um
prazer trabalhar com René Brasil. E preparação de Edu Silva, um amigo de grande
talento.
"A Festa", de Felipe Morozini (Projeto 48Horas, canal TNT). Foi meu primeiro filme com cachê! E passou na TV...
fiquei toda, toda. rs rs
"Wander", de
Melina Schleder (com Wander Wildner). Uma libertação. Nessa época eu só fazia papel de
“gostosa profissional”, rs rs. Depois passei pra “mãezinha”. E hoje nem sei
mais.
"Manual para atropelar cachorros", de
Rafael Primot (com Bárbara Paz) e outros. As
cenas eram uma viagem... eu e mais 2 atrizes nos transformávamos em 3 cadelas
que lambiam o protagonista Rafael Primot, com figurino sado-masoch. Então
tínhamos que observar como as cachorras lambiam, pra poder imitar depois na
cena! rs rs
O
que pensa a respeito do curta-metragem?
O curta-metragem é bárbaro! É seríssimo. Adoro.
Trabalhar
em curta-metragem, como atriz, é exercitar a liberdade criativa e artística?
Sim, mas não há distinção entre curta, média ou
longa (no que concerne o trabalho de atriz, em si). Independente do formato, a
verdade tem que roubar a cena. Senão dá errado.
No
teatro seu trabalho é bem diversificado, "Óbvios Show de Humor"
(esquetes de comédia); "A Falecida Senhora sua Mãe" (também comédia);
"Electra Enlutada" (tragédia) e um musical: "Sonhos de Uma
Vedete". Isso foi proposital?
Não, nada disso foi proposital. O teatro é o começo
de tudo... é a casa do ator, a base do todo. Estou felicíssima pois estamos no
processo de montagem do espetáculo “As Confrarias”, dirigido por Antonio
Cadengue, que é um diretor top daqui de Pernambuco. Todos os dias agradeço por
estar entre essa gente séria que faz teatro de verdade. Provocam. Eu gosto.
Estou com muita saudade dos palcos... nossa estreia será ainda no primeiro
semestre.
Como
foi trabalhar com Salomé Parísio?
Uma lição de vida! Você olha para aquela senhora,
naquela idade, concentradíssima na coxia, aquecendo a voz, com tanta história
pra contar sobre o Teatro de Revista... nossa, foi lindo dividir o palco com
ela! Aprendi bastante. Postura. Atitude. Disciplina. Eu fazia o papel da Salomé
quando jovem: olha a responsa. Nos apresentávamos no Teatro Itália, no centro
de SP.
Você trabalha também como apresentadora? Como e em que circunstância recebeu
esse convite?
Eu
acreditei que também era apresentadora, e logo, as pessoas também acreditaram
em mim! Então foi só gravar vídeos, participar de testes, e tudo foi
acontecendo naturalmente, os convites foram surgindo... eu gosto.
Para finalizar, gostaria
de saber se considera sua carreira vitoriosa?
Sim. Mas,
como diz Lírio Ferreira: “meu melhor trabalho vai ser o próximo”.
NOTA DO BLOG:
Brenda fez mais dois longas (estreiam em breve nos cinemas): ainda falta a segunda parte das filmagens de Fortunato e Justina, de Reinaldo Pinheiro (com roteiro de João Silvério Trevisan/ Sequência 1 Filmes/ SP), no qual a atriz é a protagonista Justina; e outro foi o longa "Todas as Cores da Noite", do diretor Pedro Severien (jovem cineasta de Recife, da Orquestra Cinema Estúdios, que ganha diversos prêmios em festivais no Brasil e fora). "Amor Plástico e Barulho" a cena de Brenda só vai entrar na versão estendida do DVD, não nos cinemas. Brenda fez duas séries de TV: "A Mulher do Prefeito:", na Globo, e "Beleza S/A", no GNT (o link: http://youtu.be/m9SDuuP3LYQ ).