quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Brenda Ligia Miguel

 
O que te despertou para ingressar na carreira artística como atriz?
Sempre fui cheia de primos mais novos que eu. Desde pequena, nossas brincadeiras sempre foram de encenação, apresentações, shows de talentos... era uma delícia brincar de teatro! Eu escrevia peças, dava falas pra eles decorarem, e apresentávamos pra família toda. Nosso “grupo” se chamava Casinha da União. Acho que começou daí. Que saudade.
 
Sua formação técnica é bem extensa: Teatro Escola Macunaíma, Publicidade, Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo, Ciências Sociais na University of the West Indies, Oficina de Teatro com Maurice Durozier, doThéâtre du Soleil (Paris), entre outros. O que te motivou e qual a importância desses estudos para você?
Todo estudo é enriquecedor, pois é a única coisa que a gente carrega. Foi bom ter me formado numa faculdade (Publicidade), mas só fiquei feliz quando passei a me dedicar ao teatro (curso técnico profissionalizante). Estudar fora do Brasil também foi válido (Trinidad & Tobago e Suíça), pois as viagens servem pra abrir a mente e espairecer a alma.
 
Você possui uma trajetória no cinema que conta com filme como ‘As Melhores Coisas do Mundo’, ‘Bruna Surfistinha’, ‘Sangue Azul’, ‘Amor, Plástico e Barulho’, entre outros. Gostaria que falasse sobre esses trabalhos.
 
“Sangue Azul” (Lirio Ferreira)-  Vai emocionar profundamente. Um filme sobre o circo, o amor, a família... quem não gosta? É mágico.
 
“Amor, Plástico e Barulho” (Renata Pinheiro)- Também estreia este ano. É de uma diretora talentosíssima e premiada, e vai fazer muito barulho.
 
“Bruna Surfistinha” (Marcus Baldini)- Paraíso pro ator... nunca mergulhei tão fundo na dor de uma personagem. A preparação mais visceral de todas.
 
“As Melhores Coisas do Mundo” (Laís Bodanzky)- Foi um presente trabalhar com a Laís. Inesquecível primeira vez.
 
 
Como é a sua preparação para compor um personagem no cinema?
Cada preparação é de um jeito... algumas mais intensas que outras. No “Sangue Azul”, rodado em Fernando de Noronha, ficamos praticamente “morando” na ilha por mais de um mês... eu virei ilhéu!

No “A.P.B.” (Amor, Plástico e Barulho), a preparação foi mais introspectiva: fiz uma Pastora Evangélica, então frequentei cultos no meu bairro e assistia os programas da madrugada... louca.

Todos os recursos são válidos para que o personagem esteja imbuído de verdade no momento da “ação!” no set. Acho que não existe uma fórmula certa.
 
O que é o cinema para você, como atriz?
O cinema, pra mim, é êxtase.
 
Como você se classifica como atriz?
Atriz de cinema que faz teatro, e atriz de teatro que faz cinema. E TV.
 
Cinema é muito fechado?
Sim.
 
Como é ser atriz, viver dessa profissão, fora do eixo Rio-São Paulo?
Pra mim tem sido ótimo! É melhor trabalhar onde existem poucas com meu perfil.
 
Você nunca “sonhou” em trabalhar na Rede Globo e se tornar uma atriz “global”?
Sim!
 
Ter o seu nome e a sua imagem restrita em um determinado espaço da nossa geografia não lhe incomoda?
Não é bem assim... trabalho no Brasil mas já gravei pra MTV Reino Unido, pois falo inglês fluentemente. E também mando bem no francês... poderia ter feito algum de Truffaut, né? rs rs Mesmo morando no Recife, a duração de um voo pra SP é de 2 horas e 50 minutos... dá pra trabalhar sem cansar a beleza.
 
Como foi o trabalho na série "9MM SP"?
Foi um trabalho denso, não tenso. Foi muito sério, tudo. Eu adoro o resultado. E a série é incrível!Foi outro presente que recebi da Moonshot Pictures.
 
Por que tão poucos trabalhos na televisão?
Boa pergunta. Também quero saber a resposta... o acaso não existe.
 
Gostaria que falasse, um a um, dos seguintes curtas que já atuou:
 
"Farpa", de Henrique Oliveira/ Panan Filmes (2012). Adoro trabalhar com diretor exigente que puxa o ator pra dentro de si. Foi incrível... um filme fortíssimo, que tem espancamento, estupro, incesto, aborto... nossa. Doeu em mim.
 
"Põe a Mão Aqui", de Jeferson De (com Norton Nascimento). Um dos primeiros curtas que eu fiz! E só tinha fera! Muito bom... em memória do Norton.
 
"Viva o Terceiro Mundo", de René Brasil (com Aílton Graça). Um prazer trabalhar com René Brasil. E preparação de Edu Silva, um amigo de grande talento.
 
"A Festa", de Felipe Morozini (Projeto 48Horas, canal TNT). Foi meu primeiro filme com cachê! E passou na TV... fiquei toda, toda. rs rs
 
"Wander", de Melina Schleder (com Wander Wildner). Uma libertação. Nessa época eu só fazia papel de “gostosa profissional”, rs rs. Depois passei pra “mãezinha”. E hoje nem sei mais.
 
"Manual para atropelar cachorros", de Rafael Primot (com Bárbara Paz) e outros. As cenas eram uma viagem... eu e mais 2 atrizes nos transformávamos em 3 cadelas que lambiam o protagonista Rafael Primot, com figurino sado-masoch. Então tínhamos que observar como as cachorras lambiam, pra poder imitar depois na cena! rs rs
 
 
O que pensa a respeito do curta-metragem?
O curta-metragem é bárbaro! É seríssimo. Adoro.
 
Trabalhar em curta-metragem, como atriz, é exercitar a liberdade criativa e artística?
Sim, mas não há distinção entre curta, média ou longa (no que concerne o trabalho de atriz, em si). Independente do formato, a verdade tem que roubar a cena. Senão dá errado.
 
 
No teatro seu trabalho é bem diversificado, "Óbvios Show de Humor" (esquetes de comédia); "A Falecida Senhora sua Mãe" (também comédia); "Electra Enlutada" (tragédia) e um musical: "Sonhos de Uma Vedete". Isso foi proposital?
Não, nada disso foi proposital. O teatro é o começo de tudo... é a casa do ator, a base do todo. Estou felicíssima pois estamos no processo de montagem do espetáculo “As Confrarias”, dirigido por Antonio Cadengue, que é um diretor top daqui de Pernambuco. Todos os dias agradeço por estar entre essa gente séria que faz teatro de verdade. Provocam. Eu gosto. Estou com muita saudade dos palcos... nossa estreia será ainda no primeiro semestre.
 
Como foi trabalhar com Salomé Parísio?
Uma lição de vida! Você olha para aquela senhora, naquela idade, concentradíssima na coxia, aquecendo a voz, com tanta história pra contar sobre o Teatro de Revista... nossa, foi lindo dividir o palco com ela! Aprendi bastante. Postura. Atitude. Disciplina. Eu fazia o papel da Salomé quando jovem: olha a responsa. Nos apresentávamos no Teatro Itália, no centro de SP.
 
Você trabalha também como apresentadora? Como e em que circunstância recebeu esse convite?
Eu acreditei que também era apresentadora, e logo, as pessoas também acreditaram em mim! Então foi só gravar vídeos, participar de testes, e tudo foi acontecendo naturalmente, os convites foram surgindo... eu gosto.
 
Para finalizar, gostaria de saber se considera sua carreira vitoriosa?
Sim. Mas, como diz Lírio Ferreira: “meu melhor trabalho vai ser o próximo”.
 
NOTA DO BLOG:
 
Brenda fez mais dois longas (estreiam em breve nos cinemas): ainda falta a segunda parte das filmagens de Fortunato e Justina, de Reinaldo Pinheiro (com roteiro de João Silvério Trevisan/ Sequência 1 Filmes/ SP), no qual  a atriz é a protagonista Justina; e outro foi o longa "Todas as Cores da Noite", do diretor Pedro Severien (jovem cineasta de Recife, da Orquestra Cinema Estúdios, que ganha diversos prêmios em festivais no Brasil e fora). "Amor Plástico e Barulho" a cena de Brenda só vai entrar na versão estendida do DVD, não nos cinemas. Brenda fez duas séries de TV: "A Mulher do Prefeito:", na Globo, e "Beleza S/A", no GNT (o link: http://youtu.be/m9SDuuP3LYQ ).