quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Giulio Lopes

Giulio é ator. ‘Meu Nome Não É Johnny’, ‘Verônica’, ‘Os Doze Trabalhos’, foram algum dos trabalhos que realizou dentro do cinema.
 
O que te faz aceitar participar de trabalhos em curta-metragem?
Sobretudo, me interessa o exercício e o prazer de atuar. A maioria dos curtas que faço, é trabalho de jovens estudantes que estão prestes a entrar no mercado. De certa forma, representam as futuras gerações de cineastas. No geral, seus projetos , e a própria produção da obra, são arrojados, inovadores, corajosos. O que, na maioria das vezes, proporciona ao ator uma experiência bastante intensa e prazerosa. Além do que, me interessa muito saber o que pensam (e como realizam) esses "representantes" das futuras gerações.
 
Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que o formato ainda não foi assimilado pela população. Na verdade o "curta-metragem" ainda não foi apresentado, adequadamente, a uma massa significativa da população. Não pode haver interesse ou demanda, sobre um tema pouco difundido. Acho que o caminho é inverso, ou seja, é preciso gerar, no público, o interesse pelo curta-metragem.
 
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se houvesse a compreensão, por parte dos grandes exibidores e distribuidores, de que vale a pena investir nesse "produto" e o engajamento deles numa grande campanha de difusão do formato, tudo seria mais fácil. Imagine uma sessão numa grande sala, exibindo "blocos" de quatro, cinco ou seis curtas. A parte as grandes salas e distribuidoras, resta-nos lutar pela criação e manutenção dos espaços já duramente conquistados nos festivais e mostras especiais. Em resumo: é preciso "pensar" o curta-metragem, como um produto viável, também, comercialmente. O que não se pode cogitar é a "adaptação" do curta as regras estabelecidas pelo interesse "puramente" econômico. A obra tem que chegar ao público apresentando todo aquele arrojo, inovação e coragem, a que me referi há pouco. Acho que são, exatamente, essas características que podem atrair e "formar" um grande público.
 
É possível ser um cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para fazer um longa...
Se pensarmos em cinema como atividade profissional e lavarmos em conta essa falta de "espaço" e mercado específico para o formato, entendemos o porque dessa idéia de que o curta-metragem, será sempre um trampolim para um longa. Nesse sentido, seria difícil "sobreviver" produzindo só curta-metragem. Do ponto de vista da criação, contudo, acredito que a grande maioria dos cineastas pretende circular pelos vários formatos e possibilidades, sem se ater ou limitar a esse ou aquele formato.
 
O curta-metragem é marginalizado entre os próprios cineastas?
Não acredito que seja marginalizado. O que há é uma percepção e uma consciência das dificuldades em se produzir e sobretudo exibir um curta-metragem. Se, para o cineasta, houver a possibilidade de produzir uma obra (longa-metragem), com maiores possibilidades de retornos de toda espécie, (inclusive bilheteria) ele, certamente, não deixará de fazê-lo. Contudo, o que minha experiência mostra é que há, apesar de todas as dificuldades, um grande trabalho sendo feito, pelos jovens e também pelos mais experientes. O curta metragem, seja ele entendido como "trampolim" para um longa ou como uma obra em si, é, em ultima análise: Cinema. Ele tem, teve e sempre terá uma importância enorme, não só para o desenvolvimento do processo criativo (e técnico) dentro dessa arte, mas para a própria história do cinema.
 
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Não é uma má idéia. Talvez dirija um dia. Mas quero, mesmo, é atuar em muitos outros.