Giulio
é ator. ‘Meu Nome Não É Johnny’, ‘Verônica’, ‘Os Doze Trabalhos’, foram algum
dos trabalhos que realizou dentro do cinema.
O que te faz aceitar
participar de trabalhos em curta-metragem?
Sobretudo, me interessa o
exercício e o prazer de atuar. A maioria dos curtas que faço, é trabalho de
jovens estudantes que estão prestes a entrar no mercado. De certa forma,
representam as futuras gerações de cineastas. No geral, seus projetos , e a
própria produção da obra, são arrojados, inovadores, corajosos. O que, na
maioria das vezes, proporciona ao ator uma experiência bastante intensa e
prazerosa. Além do que, me interessa muito saber o que pensam (e como realizam)
esses "representantes" das futuras gerações.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que o formato ainda não
foi assimilado pela população. Na verdade o "curta-metragem" ainda
não foi apresentado, adequadamente, a uma massa significativa da população. Não
pode haver interesse ou demanda, sobre um tema pouco difundido. Acho que o
caminho é inverso, ou seja, é preciso gerar, no público, o interesse pelo
curta-metragem.
Na sua opinião, como
deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Se houvesse a compreensão, por
parte dos grandes exibidores e distribuidores, de que vale a pena investir
nesse "produto" e o engajamento deles numa grande campanha de difusão
do formato, tudo seria mais fácil. Imagine uma sessão numa grande sala,
exibindo "blocos" de quatro, cinco ou seis curtas. A parte as
grandes salas e distribuidoras, resta-nos lutar pela criação e manutenção dos
espaços já duramente conquistados nos festivais e mostras especiais. Em resumo:
é preciso "pensar" o curta-metragem, como um produto viável, também,
comercialmente. O que não se pode cogitar é a "adaptação" do curta as
regras estabelecidas pelo interesse "puramente" econômico. A obra tem
que chegar ao público apresentando todo aquele arrojo, inovação e coragem, a
que me referi há pouco. Acho que são, exatamente, essas características que
podem atrair e "formar" um grande público.
É possível ser um
cineasta só de curta-metragem? Vemos que o curta é sempre um trampolim para
fazer um longa...
Se pensarmos em cinema como
atividade profissional e lavarmos em conta essa falta de "espaço" e
mercado específico para o formato, entendemos o porque dessa idéia de que o
curta-metragem, será sempre um trampolim para um longa. Nesse sentido, seria
difícil "sobreviver" produzindo só curta-metragem. Do ponto de vista
da criação, contudo, acredito que a grande maioria dos cineastas pretende
circular pelos vários formatos e possibilidades, sem se ater ou limitar a
esse ou aquele formato.
O curta-metragem é
marginalizado entre os próprios cineastas?
Não acredito que seja
marginalizado. O que há é uma percepção e uma consciência das dificuldades em
se produzir e sobretudo exibir um curta-metragem. Se, para o cineasta, houver a
possibilidade de produzir uma obra (longa-metragem), com maiores possibilidades
de retornos de toda espécie, (inclusive bilheteria) ele, certamente, não
deixará de fazê-lo. Contudo, o que minha experiência mostra é que há, apesar de
todas as dificuldades, um grande trabalho sendo feito, pelos jovens e também
pelos mais experientes. O curta metragem, seja ele entendido como
"trampolim" para um longa ou como uma obra em si, é, em ultima
análise: Cinema. Ele tem, teve e sempre terá uma importância enorme, não só
para o desenvolvimento do processo criativo (e técnico) dentro dessa arte, mas
para a própria história do cinema.
Pensa em dirigir um
curta futuramente?
Não é uma má idéia. Talvez
dirija um dia. Mas quero, mesmo, é atuar em muitos outros.