Ator, diretor e
produtor. Como diretor teatral assina os espetáculos “Às Terças” e “Casório”.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Em primeiro lugar a minha paixão pelo cinema, acho que independente de
ser um curta- metragem ou um longa-metragem, fazer cinema é muito bom! E se a
ideia for boa, aí é melhor ainda! No cinema, isso eu falo por mim, uma boa
ideia, um bom roteiro, uma boa proposta de filmagem, me instigam muito mais do
que qualquer outra coisa. E o curta-metragem é importantíssimo, ele viabiliza
de uma maneira mais prática e mais barata, a realização de grandes ideias, e se
tornam em muitos casos, embriões para futuros longas-metragens. Eu acho muito
gostoso fazer um curta, a responsabilidade é a mesma, o barato é o mesmo e o
tempo de trabalho é menor, o que é bom também, por que deixa sempre aquele
gostinho de quero mais.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
A minha primeira experiência no cinema foi em um curta-metragem chamado
“Todos os Dias são Iguais” do diretor mineiro Carlos Gradim. Era uma
participação pequena, mas me despertou para o cinema. À partir daí fiz muitos
curtas, o que me rendeu experiência para
outros trabalhos. Com os curtas, aprendi
que o “tempo” no cinema é diferente, que todos os profissionais e suas funções
são de extrema importância e fundamentais para funcionamento dessa engrenagem e
consequentemente responsáveis pelo resultado final. Aprendi e vivenciei a
importância do fotógrafo, do diretor, do roteirista, do montador, os termos
técnicos, enfim... obtive um
conhecimento que os curtas, por terem acontecido com mais frequência na
minha carreira, me propiciaram.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Realmente não sei. Na minha opinião, a mídia vende o que a grande
maioria da sociedade quer comprar, então eu acho difícil a mídia vender
curtas-metragens para uma sociedade que, talvez por falta de conhecimento, só
queira comprar longas-metragens. Acho que é isso, talvez um problema cultural,
quem sabe até influenciado pelo cinema norte-americano. Mas sou otimista, acho
que em um futuro próximo as coisas tendem a melhorar e esse quadro a mudar de
figura a partir da grande evolução do cinema nacional que estamos acompanhando.
Hoje já existem canais de cinema com exibições de curtas-metragens, festivais
com mostras competitivas, os adeptos do cinema nacional também vem crescendo,
as faculdades aumentando... o interesse pelo cinema hoje em dia é muito maior,
acho realmente que a tendência é melhorar e mudar.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Poderiam ser exibidos nas salas de cinema antes dos filmes por exemplo,
ou quem sabe exibições em TVs abertas como os longas, exibições em grupos de quatro ou cinco curtas Acho que
deveriam investir em espaços que atinjam a grande maioria da população.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que sim, por que os riscos são menores e a praticidade é muito
maior, não estou dizendo que não existem riscos em um curta-metragem, sempre
tem, mas com certeza são menores e isso propicia uma ousadia maior. Hoje
podemos assistir a uma variedade enorme de curtas-metragens, com linguagens
completamente diversificadas, com roteiros super criativos, que são frutos de
ideias maravilhosas, das mais loucas possíveis, muitas vezes filmes
experimentais mesmo, realizados por câmeras de celular por exemplo, ou seja,
uma ousadia que raramente assistimos em longas-metragens devido a esses riscos,
entre eles o próprio risco financeiro.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que na maioria das vezes sim. Depende muito do diretor. Existem
diretores que se preparam para fazer um longa-metragem fazendo curtas,
adquirindo experiência, acho que o curta tem também essa função, o que eu acho
muito bom, e não só para o diretor, mas também para todos os profissionais
envolvidos. Existem também diretores que
usam os curtas como experimento para saber se esses filmes tem potencial para
se tornarem longas no futuro. Acho também que existem os diretores só de curtas
e aqueles que se aventuram diretamente na direção de um longa logo de cara. Mas
penso que na maioria das vezes sim, acho que é um desejo da maioria dos
diretores.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Eu não tenho a receita, mas penso que é não parar de fazer nunca! Deixar
as ideias fluírem e colocá-las em prática sempre, com dinheiro ou sem dinheiro,
usando sempre a criatividade, aquele famoso jeitinho brasileiro, que é o que
nós temos de melhor. Fazer, fazer e não desistir. Aproveitar o momento de
crescimento, de evolução do cinema nacional, colocar os pensamentos em prática
e seguir adiante.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Penso sim, mas com certeza até lá, ainda tenho que aprender um bocado...