Atriz.
Participa de peças como "Moritz - Ternos e
Eletrodomésticos -, Uma Desconstrução Sobre o Despertar da Primavera de Frank
Wedekind", no papel de Wendla, dirigida por Nelson
Baskerville; "Nuestra
Señora de Las Nubes", de Aristides Vargas, sob a direção de Hugo
Villavicenzio; "As Janelas", de Thorton Wilder, direção de Nelson
Baskerville; "Amor em
Cena", dirigida por Gabriel
Miziara, entre outras. É
atriz integrante da Cia. Os Tios de Teatro.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
A
primeira coisa que nós atores costumamos ter contato é o roteiro ou uma sinopse
do curta. Se nesse roteiro ou sinopse tem alguma coisa que me toca de alguma
forma já me interessa participar, eu fico com vontade de contar essa história.
Mas isso é o que me faz aceitar participar de qualquer trabalho. No caso
específico de curtas, me atrai a velocidade e versatilidade que eles
apresentam. Numa peça ou longa, você ensaia e interpreta durante meses um
personagem. Em curta não. Normalmente são alguns dias de ensaio e mais alguns
de gravação. Isso dá a oportunidade de fazer mais trabalhos diferentes, de
criar mais personagens, de conhecer mais gente, mais lugares, mais linguagens,
ter mais repertorio. Acho tudo isso essencial para o crescimento de um ator.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já fiz curtas experimentais, curtas específicos para participar de mostras e
festivais e muitos curtas universitários. O que eu acho muito legal de gravar
curtas é que os diretores gostam de experimentar e arriscar, então cada curta é
uma experiência diferente. Já participei de um curta sem fala em que eu sabia a
história mas as minhas ações eram todas improvisadas, já participei de outro
que eu tinha que ter total consciência de todos os movimentos que fazia porque
tinha muita chance de dar erro de continuidade. Curtas são uma maneira muito
interessante de se envolver no meio audiovisual.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que pela falta de espaços em que os curtas possam ser exibidos por um
tempo maior. Se você lê uma crítica de um longa ou de uma peça de teatro por
exemplo, você pode assistir este longa ou peça quando você puder, durante
várias semanas ou meses. Já no caso de curtas que tem sua exibição
principalmente em festivais e exibições que duram pouco tempo (às vezes um dia
apenas) acho que os jornais ficam menos interessados em fazer críticas ou dar
espaço, já que quem não for no dia não vai mais ter a chance de ver.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Uma das
formas seria a conquista de espaços mais permanentes para exibição de curtas,
onde eles pudessem ficar em cartaz por mais tempo. A outra seria a exibição de
curtas antes dos longas no cinema (assim como faz a Pixar com seus curtas). As
salas normalmente abrem 15, 20 minutos antes do inicio dos longas-metragens,
sendo que uns 10 minutos são usados para trailers, avisos de segurança,
comerciais, etc. Porque não passar 1 ou 2 curtas também. Assim, quem chega mais
cedo na sala tem a oportunidade de assistir curtas interessantes ao invés de
ficar olhando para uma tela apagada.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Acho que
o curta é sim um dos campos que acabam oferecendo mais liberdade para
experimentar. Principalmente porque na maioria das vezes ele não é tão
complicado para se produzir nem tão caro, o que possibilita que se tenha um
desapego do ponto de vista financeiro. A maioria das pessoas não tem o intuito
de ganhar dinheiro com curta, por isso elas acabam fazendo exatamente o que
querem sem ter que ceder aos padrões comerciais.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sim e não. É claro que é muito mais possível para alguém que está começando
fazer um curta do que um longa, é claro que um curta pode sim dar projeção
suficiente para que um ator, produtor, diretor participe de um longa, mas acho
que um curta é muito mais do que um trampolim. Assim como uma crônica não é um
"projeto de livro", um curta não é apenas um filme mais barato de ser
feito. Curtas tem sua linguagem própria e oferecem oportunidades que um longa-metragem
não pode oferecer. Não acho que eles devam ser pensados como um degrau abaixo
do longa. Mas de alguma forma, todo trabalho bem feito pode ser um trampolim
para outros trabalhos.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A receita
mesmo eu não tenho, mas posso falar o que eu acho importante. Em primeiro
lugar, estude. Faça cursos, leia, se interesse, assista. Depois, participe.
Tente fazer o máximo de trabalhos possíveis, mesmo que alguns não sejam
interessantes financeiramente. Quanto mais trabalhos você faz, mais gente
conhece, mais experiência de set e de câmera tem, e mais material de portfólio.
Além disso, tente ser uma pessoa agradável. Ninguém gosta de trabalhar com
gente chata. E por último (e essa não depende de mim ou você) tenha sorte. É
isso que eu tento fazer. Espero que de certo.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Penso sim. Ainda não tenho nenhum projeto em mente, mas é algo que eu gostaria
muito de fazer. Acho que quem já participou de curtas do outro lado da câmera
pode trazer uma perspectiva diferente para esse tipo de produção.